Ex-técnico do Santa Cruz, Vinícius Eutrópio conta experiência no comando da seleção de Brunei
Profissional chegou ao país asiático em setembro, comandando a equipe em dois jogos em um trabalho que vai além do aspecto técnico
Um ex-jogador do Náutico e ex-treinador do Santa Cruz está, desde setembro deste ano, com a missão de comandar a seleção de Brunei. Mais do que isso: ajudar a desenvolver o esporte no pequeno país asiático de menos de 500 mil habitantes e sem qualquer tradição no futebol. Processo que leva tempo, um luxo que os técnicos normalmente não possuem. Mas que não tira o otimismo de Vinícius Eutrópio, de 58 anos. "Talento tem em todo o lugar. Com comprometimento e trabalho, a evolução aparece".
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"Estou aqui há três meses e posso dizer que as coisas funcionam de verdade. Fui chamado não somente com o propósito de treinar a seleção, mas também desenvolver os atletas e os treinadores do país. Eu não conhecia Brunei, mas comecei a estudar, ver os jogos da seleção e da liga. A referência deles era mais o futebol europeu, mas agora querem um futebol mais semelhante ao brasileiro", explicou.
Eutrópio comandou a seleção em apenas dois jogos até o momento. O primeiro, uma goleada de 11x0 sofrida diante da Rússia. No segundo, derrota por 3x0 para a equipe B do Krasnodar/RUS. Sinal de que o trabalho começou mal? Nada disso.
"Na estreia, não contamos com os principais jogadores, que estavam disputando o campeonato local (não houve pausa na data Fifa). No segundo, por incrível que pareça, tivemos o nosso melhor aproveitamento em posse de bola da história. O que sinto é que faltava treino à seleção. Talento tem em todo lugar, mas o futebol aqui estava em um nível mais baixo nesse sentido. Quando você dá treinabilidade, a evolução aparece. Por exemplo: aqui não tem jogadores altos. O meu zagueiro mais alto tem 1,77m. O goleiro tem 1,75m. Criamos então uma estratégia para bloquear as jogadas de bola aérea, por exemplo, explorando mais a marcação por setor. Trabalhamos mais a posse de bola e a saída em transição. A ideia é criar aos poucos um modelo de jogo, algo que não existia aqui, para as demais competições (Mitsubishi Cup e a Copa da Ásia)", pontuou.
Segundo o técnico, dos 14 times que formam o campeonato nacional em Brunei, apenas seis são profissionais. A maioria dos jogadores divide o tempo com outros empregos. A liga permite no máximo quatro estrangeiros por clubes, mas o mercado ainda é abastecido majoritariamente por atletas locais. Eutrópio também destacou que tem mantido contato direto com os treinadores para desenvolver o trabalho de formação de novos profissionais da área.
"Aqui tem bons treinadores, mas a maioria sem certificado. Futuramente, nossa ideia é, em parceria com a CBF Academy e a Federação Asiática de Futebol, colocar o curso para qualificar os profissionais. Queremos ter também uma seleção permanente, com os jogadores treinando comigo três vezes na semana. Isso também fortalecerá o clube e a liga, respectivamente. Vamos aumentar a qualidade dos jogadores. Mas para tudo isso acontecer é preciso comprometimento de todos", declarou.
Brunei nunca disputou uma Copa do Mundo e já não tem chances de participar da competição em 2026. Em 2009, a Fifa suspendeu a federação de Brunei (BAFA) devido à interferência do governo do país asiático na entidade. O país não participou das eliminatórias para o Mundial de 2014.