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Jogos Olímpicos

Fã de jogos mentais, Jardine busca segundo ouro olímpico neste sábado (7)

Neste sábado (7), a seleção masculina de futebol encara a Espanha, às 8h30 (de Brasília)

André Jardine, treinador da seleção olímpica de futebol masculinoAndré Jardine, treinador da seleção olímpica de futebol masculino - Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Era cena comum no extinto restaurante no complexo do Beira-Rio, estádio do Internacional, ver o técnico André Jardine, 41, passando de mesa em mesa com uma nota de R$ 50 na mão para desafiar, quem quer que fosse, a batê-lo em um jogo de lógica. Jardine improvisava palitos de dente para simular uma partida semelhante a de resta um. O treinador tinha fixação por jogos de lógica.

"Ele ficava horas na internet com isso e passou a dominar alguns jogos, a ponto de querer desafiar todo mundo. Sempre entendeu que futebol se faz mentalmente", conta Diego Cabrera, coordenador da base do Vasco, que trabalhou com o treinador em Grêmio, Internacional e São Paulo.

De fala pausada e quase sempre aparentando ser um poço de tranquilidade, Jardine busca conquistar seu segundo ouro olímpico com a seleção brasileira masculina de futebol neste sábado (7), em Yokohama. O país enfrenta a Espanha, às 8h30 (Globo, SporTV e Bandsports) na final.

De carreira curta como jogador, Jardine atuou somente na base do Grêmio, mas largou precocemente a tentativa de ser jogador para estudar.

"Acabei desistindo precocemente de ser jogador, eu diria. Sofria bastante com a parte física, que sempre cobrou uma conta muito alta. O jogo não era prazeroso para mim. Era um desafio bastante grande suportar o campo", confessou em sua última entrevista.

Jardine conta ter "se encontrado" como treinador. Respeitado pelo currículo, com mais de 30 títulos em categorias de base, ficou sete anos no Inter, entre 2003 e 2010, depois foi para o Grêmio, até chegar ao São Paulo, em 2015, clube pelo qual viveu o ponto mais alto da carreira até aqui com o bicampeonato da Copa do Brasil sub-20 de forma invicta.

O técnico é apontado por quem conviveu de perto como um "workaholic". Do perfil que nunca descansa enquanto não tem respostas para a evolução do trabalho.

"A melhor qualidade dele é a potencialização do individual dos atletas. Ele é workaholic mesmo, perfeccionista", conta Júnior Chávare, atual gerente de futebol do Bahia.

Chávare lembra aos risos que era comum ser acordado durante a madrugada com uma ligação do técnico enquanto trabalhavam juntos nas categorias de base do Grêmio e no São Paulo. Jardine ficava de madrugada observando jogos e analisando atletas.

"Mais de uma vez tocava o telefone e era ele falando que pensou alguma coisa ou assistiu algum jogador. Não tinha hora, ele só pensava nisso."

O técnico é tido como responsável por moldar uma geração vitoriosa e, principalmente, valiosa para o São Paulo. Por suas mãos passaram Eder Militão, Antony, Luiz Araújo e David Neres. No Grêmio, foi o escolhido para moldar a geração de Everton Cebolinha, Arthur e Walace.

Apesar da boa fama construída na base, o treinador precisou superar desconfianças. Na única tentativa como treinador profissional, em 2019, fracassou com o São Paulo com uma eliminação ainda na pré-Libertadores. Foram 19 partidas, com 7 vitórias, dois empates e duas derrotas, somente 36,8% de aproveitamento.

Na seleção, o técnico evitou erros do passado. Fez questão de convocar três jogadores mais experientes para diminuir as chances de fracassar. Conta que Daniel Alves, Santos e Diego Carlos são os pilares da campanha até aqui.

Jardine ficou famoso no Sul do país por mudar partidas que pareciam perdidas. Chávare se recorda de um jogo diante de um clube do interior em que o Internacional empatava por 1 a 1. Jardine fez uma alteração e em dez minutos o time reagiu fazendo 4 a 1.

O técnico enfrentará uma escola na qual se inspirou: a espanhola. Fã de Pep Guardiola, ele já confessou que o modelo imposto pelo treinador na década passada o fez repensar o futebol. "Foram times que me fizeram refletir sobre o jogo, pensar que podíamos ir além", explica.

Com uma equipe ainda sem grandes atuações durante as Olimpíadas, o técnico terá na decisão a chance de provar que é capaz de superar o maior desafio até então na carreira. Se fizer, entrará para a história do futebol brasileiro e provará que está apto para voos maiores.

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