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Copa do Mundo

Falta de pagamento de salário é principal queixa de trabalhadores migrantes no Catar

Número de reclamações mais que dobrou graças ao lançamento, no ano passado, de uma plataforma digital de denúncias anônimas

Estádio Ahmad Bin Ali, em Doha no Catar Estádio Ahmad Bin Ali, em Doha no Catar  - Foto: GABRIEL BOUYS / AFP

A falta de pagamento de salários constitui a principal queixa dos trabalhadores migrantes junto ao ministério do Trabalho do Catar, segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) em um relatório publicado a 19 dias antes do início da Copa do Mundo. O número de reclamações "mais que dobrou", com 34.425 queixas entre outubro de 2021 e outubro de 2022, graças ao lançamento, no ano passado, de uma plataforma digital de denúncias anônimas.

O relatório pede ao Catar para "continuar trabalhando para o pleno respeito das normas internacionais de trabalho".

"A principal causa de reclamações envolve o não pagamento de salários e benefícios na conclusão dos serviços, assim como o não pagamento de férias", afirmou a OIT.

O documento acrescenta que quase 10.500 casos foram enviados aos tribunais trabalhistas, nos quais quase todos os juízes decidiram a favor dos trabalhadores. O relatório da OIT observa, porém, que o número de trabalhadores atendidos por problemas relacionados ao calor do verão sufocante do país do Golfo caiu com a adoção de novas normas em 2021.

O documento indica que quatro clínicas para trabalhadores migrantes atenderam 351 pessoas no últmo verão (no hemisfério norte), abaixo dos 620 em 2021 e 1.520 em 2020. O Catar, onde a Copa do Mundo começa em 20 de novembro, foi criticado pelas condições para os trabalhadores migrantes e pela falta de direitos para mulheres e pessoas LGBTQIAP+.

Porém, entre 2018 e 2020, o Catar adotou reformas da legislação trabalhista após críticas recorrentes de sindicatos e ONGs internacionais sobre o desrespeito aos direitos humanos, em particular dos trabalhadores migrantes.

"O Catar mostrou sua determinação em avançar em seu programa de reformas", afirma a OIT, que está presente no Catar desde 2018, quatro anos depois de receber uma denúncia de sindicatos internacionais contra este país. "Mas é universalmente reconhecido que os desafios de aplicação persistem, o que não é surpreendente levando em consideração a amplitude e o ritmo das reformas adotadas."

Entre as prioridades pendentes, a OIT destaca "a necessidade de garantir que os trabalhadores e os empregadores possam ser beneficiados por leis sobre a mobilidade da mão de obra" de uma empresa para outra.

"Os mecanismos que permitem aos trabalhadores denunciar e recuperar seu salário devem ser reforçados", acrescenta a organização. "E os direitos dos trabalhadores em domicílio devem ser mais protegidos, incluindo as questões de tempo de trabalho e de repouso."

A OIT destaca que, apesar dos temores de que as reformas sejam abandonadas após o Mundial, "o governo declarou em várias ocasiões que a Copa do Mundo não era a linha de chegada" e que as reformas integram o programa de diversificação da economia do emirado, muito dependente de seus vastos recursos de gás natural.

A agência permanecerá no Catar até 2023 e "o governo solicitou oficialmente e publicamente que a OIT estabeleça uma presença mais permanente em Doha", afirma a organização nos relatórios.
 

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