SELEÇÃO BRASILEIRA

Futebol brasileiro é o que mais cede jogadores para Eliminatórias Sul-Americanas

Série A e B do Brasileiro têm 46 atletas nas Eliminatórias e Liga das Nações. Bom momento do mercado contrasta com problemas do calendário

Estêvão, jogador da Seleção BrasileiraEstêvão, jogador da Seleção Brasileira - Foto: Rafael Ribeiro/CBF

O que um insólito Bolívia e Venezuela, em El Alto, a mais de 4 mil metros de altitude, pode oferecer de atrativo ao torcedor brasileiro? Para alguns, o jogo da última sexta-feira tinha personagens conhecidos.

Do lado venezuelano, o são-paulino Ferraresi, o corintiano José Martínez . Ao longo da partida, o gremista Soteldo e Kervin Andrade, do Fortaleza, saíram do banco para tentar evitar a derrota. Em vão.

Já os bolivianos começaram com Haquín, da Ponte Preta. Mas o destaque ficou com a dupla do Santos Miguelito Terceros e Enzo Montero, que entraram e marcaram dois gols da vitória por 4 a 0.

O jogo não foi o único da última semana, pelas Eliminatórias, a levar atletas de clubes brasileiros a campo. Ele simboliza o atual momento do mercado sul-americano e a posição do Brasil de principal fornecedor de convocados para as seleções do continente.
 



Para as duas rodadas das Eliminatórias realizadas na atual data Fifa, 43 atletas que atuam no Brasil foram convocados. Nenhum outro país cedeu tantos jogadores. A Inglaterra, que possui a liga mais rica do mundo, vem em segundo, com 30. A Argentina completa este top-3, com 25.

Dos 43, oito estão a serviço da própria seleção brasileira. Os 35 restantes são estrangeiros distribuídos em outras oito. Os salários mais altos em relação ao restante do continente alçam o Campeonato Brasileiro a um status de "Premier League sul-americana". Esta Data Fifa ainda tem mais três atletas de times brasileiros convocados para seleções de outros continentes. São eles o angolano Bastos, do Botafogo; o costarriquenho Joel Campbell, do Atlético-GO; e norte-irlandês Jamal Lewis, do São Paulo.

A temporada europeia no começo, com os jogadores ainda recém-saídos das férias, poderia justificar o expressivo número de atletas que atuam no Brasil. Mas a última Copa América, disputada entre junho e julho nos Estados Unidos, mostra que o fenômeno não é pontual. Do total de jogadores das 16 seleções participantes, 37 jogavam por clubes da Série A. É o mesmo número de convocados saídos da Premier League original e quatro a menos que da MLS, a liga norte-americana.

É importante para nós, é importante para o Brasil ver que aqui temos um grande campeonato e grandes jogadores. Se parar para pensar, a maioria dos jogadores que servem os outros países são do Brasileirão. Temos que valorizar o nosso campeonato, que é muito importante destacou o meia Gerson, do Flamengo, em entrevista durante a semana com a seleção brasileira.

Os clubes da Série A não são os únicos a fornecer jogadores para a rodada atual das Eliminatórias. Na B, o Santos tem cinco convocados e a Ponte Preta, um.

130 estrangeiros
Nos últimos anos, os clubes têm aumentado o limite de estrangeiros em campo, atualmente de nove. Na última janela de transferências internacional, reforçaram este movimento de internacionalização do futebol brasileiro. Entre chegadas e saídas, o número de "gringos" na Série A aumentou de 123 para 130. Entre as nacionalidades, os argentinos lideram, com 45 representantes. Por ironia, a única seleção do continente que não convocou nenhum atleta de um clube brasileiro.

Nem todos os impactos desta tendência, contudo, deixam os torcedores satisfeitos. Cada vez mais, as convocações têm sido vistas como obstáculos para seus próprios times. A pausa para a Data Fifa é justamente o momento para os jogadores se recuperarem do excesso de jogos e terem um raro período de treinos. Uma vez a serviço de suas seleções, perdem este momento.

Ainda que tenha sido apenas uma infelicidade, a lesão de Pedro, do Flamengo, acaba por contribuir com esta rejeição. O atacante rompeu o ligamento do joelho esquerdo durante treino pela seleção e perdeu todo o restante da temporada.

A convocação para a seleção do seu país é sempre uma honra. Acho que os clubes devem encarar dessa maneira, como reconhecimento ao trabalho do jogador e também ao clube que emprega aquele atleta e tem um ativo que fica exposto positivamente em jogos de seleção defende Marcelo Paz, presidente do Fortaleza, que, além do venezuelano Kervin Andrade, conta com o chileno Kuscevic em ação nesta Data Fifa.

Calendário é vilão
Claro que a responsabilidade por este problema não é das seleções. Mas, sim, da CBF e dos clubes. Afinal, o problema é o calendário inchado que ainda precisa dividir espaço com as Datas Fifa. Um sintoma disso é o fato de os torneios locais voltarem um dia após o período de jogos das seleções.

A questão do calendário é uma discussão mais aprofundada e que é debatida de forma constante com a CBF. Mas é importante que o torcedor saiba que um jogador do Inter defendendo sua nação sempre será positivo para todas as partes afirma André Mazzuco, diretor executivo do Internacional, que cedeu o equatoriano Enner Valência, o uruguaio Rochet e o colombiano Rafael Borré para suas seleções.

Na próxima quarta-feira, por exemplo, a Copa do Brasil terá Corinthians x Juventude e Athletico x Vasco. Com exceção dos gaúchos, todos os outros contam jogadores que estão a serviço por alguma seleção.

Claro que é muito ruim para o clube quando o atleta não consegue retornar a tempo dos jogos. Indiscutivelmente há um prejuízo admite Paz, que completa. Aí entra no tema do calendário, que sem dúvida tem que ser discutido e melhorado. Volto a dizer o que eu já falei em outros momentos: no futebol brasileiro, os times mais afetados são os que participam de competições sul-americanas. Então, eles deveriam ter um calendário mais flexível nos estaduais e já entrar pelo menos na terceira fase da Copa do Brasil.

Veja também

Jogos Escolares do Recife 2024 começam nesta terça-feira (17)
Esportes

Jogos Escolares do Recife 2024 começam nesta terça-feira (17)

Presidente da Liga do Nordeste, Constantino Júnior participa de comitiva na Tanzânia
Futebol

Presidente da Liga do Nordeste, Constantino Júnior participa de comitiva na Tanzânia

Newsletter