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Há milhares de George Floyds no Brasil, diz Juninho Pernambucano

Juninho PernambucanoJuninho Pernambucano - Foto: Reprodução

Juninho Pernambucano, 45, foge ao estereótipo do boleiro comum, o que fica evidente nas entrevistas concedidas pelo ex-jogador, nas quais não esconde suas opiniões sobre política e sociedade. Ao jornal britânico The Guardian, Juninho, hoje dirigente do Lyon, falou sobre a morte do norte-americano George Floyd, criticou o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro (sem partido), e também a gestão de carreira de Neymar.

"Há milhares de George Floyds no Brasil e outros milhares que sofreram em silêncio e nós não sabemos", afirmou o ex-meio-campista, heptacampeão francês como atleta do Lyon. "É desumano dizer que não temos George Floyds no Brasil. Tiroteios acontecem todos os dias. Gays são perseguidos também, e essa é uma das coisas que mais me deixam nervoso com as pessoas que apoiam o Bolsonaro. Mas ninguém pode vencer o tempo. Algum dia todos descobrirão quem realmente são", disse.

As críticas de Juninho ao governo Bolsonaro não são novidade. Em suas redes sociais, o ex-jogador do Vasco adotou uma postura de oposição às políticas e ações da atual gestão presidencial. O dirigente, inclusive, diz que perdeu contato com "80% ou 90%" dos familiares devido a discordâncias em relação ao presidente. Recentemente, seu principal foco de críticas tem sido a administração federal da crise sanitária que assola o país em decorrência da pandemia da Covid-19. Nesta segunda-feira (6), o Brasil ultrapassou a marca oficial de 65 mil mortes, com 1.626.071 de pessoas infectadas pela doença.



"Quando você tira a Dilma de maneira tão desprezível, você quebra uma jovem democracia. [A vitória de] Bolsonaro é resultado de um juiz orgulhoso como o [Sérgio] Moro no caso Lula, uma cultura de ódio contra o Partido dos Trabalhadores e fake news. Bolsonaro é filho do WhatsApp e das fake news", afirmou Juninho. "As pessoas ricas dizem que devemos investir em educação. Mas como? Nós precisamos lutar contra a fome, que é o que o [ex-presidente] Lula fez. Imagine um pai ou uma mãe que não consegue prover três refeições por dia aos seus filhos. Mas mais importante do que educação é dignidade. Dignidade humana é um direito que todos devemos ter. Desculpa, isso me deixa emocionado", disse o dirigente do Lyon à reportagem do Guardian.

Juninho Pernambucano se tornou ídolo no Lyon depois de participar do período mais vitorioso da história do clube, em que conquistou sete edições consecutivas da Ligue 1, algo que nem o milionário Paris Saint-Germain conseguiu ainda.
Para o ex-meio-campista, sua experiência na Europa o ajudou a enxergar a carreira de maneira diferente. Segundo ele, no Brasil, as pessoas são ensinadas a se importarem apenas com o dinheiro.

"Veja o Neymar. Ele foi para o PSG por causa de dinheiro. O PSG deu tudo a ele, tudo o que ele queria, e agora ele quer sair antes do fim do contrato. Mas agora é a hora de ele dar retorno, de mostrar gratidão. É uma troca. O problema é que o establishment no Brasil tem uma cultura de ganância e sempre quer mais dinheiro."

"Eu preciso diferenciar entre Neymar como jogador e Neymar como pessoa. Como jogador, ele está no top 3 do mundo, no mesmo nível de Cristiano Ronaldo e Leo Messi. Mas, como pessoa, acho que ele é culpado, porque ele precisa se questionar e crescer. No momento, porém, ele está fazendo apenas o que a vida ensinou ele a fazer", completou Juninho.

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