'Hoje eu entendo por que muitos técnicos na Europa não querem treinar seleção', diz Dorival Jr
Dorival pontua desafios que enfrenta no comando do Brasil, como o período curto de treinos
Acostumado à rotina de clubes ao longo de sua sólida carreira, Dorival Júnior vem se habituando nos últimos nove meses ao trabalho de treinador da seleção brasileira.
Os períodos curto de treinos, a longos intervalos, e com muitos jogos importantes no caminho são observados como grandes desafios pelo treinador, que, frente à experiência, consegue entender a razão de tantos treinadores consagrados nunca se arriscarem a treinar seleções. É o caso de nomes como Pep Guardiola, Carlo Ancelotti e José Mourinho.
"Todos nós queremos uma equipe confiável, jogando dentro das condições do futebol brasileiro. Existe uma reformulação, os jogadores estão tentando se conhecer", comentou depois de convocar a seleção para os próximos jogos das Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026.
"Para um equipe em montagem, em definição, você teria de estar trabalhando e repetindo a todo momento. Hoje eu entendo por que muitos treinadores na Europa talvez não queiram estar à frente de uma seleção. O tempo de trabalho é curto, a responsabilidade é maior".
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Dorival tem dez jogos como treinador do Brasil, com quatro vitórias, cinco empates e uma derrota, essa em duelo com Paraguai, no dia 10 de setembro, em jogo das Eliminatórias na última Data Fifa.
Insatisfeito com a situação, o treinador entende que o desempenho não é o ideal, mas acredita que o momento vivido faz parte do processo de evolução da equipe e promete recuperar a confiança do torcedor.
"Nós não estamos satisfeitos e contentes com isso. Voltar a ter uma equipe confiável é tudo que nos queremos. O trabalho é incessante no alcance de uma regularidade. Tudo isso vai acontecer em algum momento. Eu me pauto muito pelo que vemos no Brasileirão. Uma equipe é favorita a um título e no mês seguinte já briga abaixo da décima colocação. Tudo vai muito das convicções que você tem. Estamos a dois anos de uma competição (a Copa do Mundo) que vai ser a mais importante dos últimos, por tudo que passamos", afirmou.
O comandante é compreensivo com as críticas recebidas, até em razão de o Brasil ocupar a quinta colocação da classificação das Eliminatórias, com dez pontos. Defende, contudo, que há pontos positivos a serem destacados.
"O que tem passado confiança é que nossa retomada de bola, nossa marcação, tem funcionado. O abastecimento ao nossos homens de ataque é o desafio grande. O futebol brasileiro sempre teve isso como ponto mais importante e principal da maioria das nossa seleções. É isso que eu gostaria que acontecesse, uma equipe com liberdade de movimentos e criação muito maior", explicou.
Outra defesa feita por Dorival foi em relação a Vinícius Júnior, que não tem conseguido desempenhar na seleção o mesmo futebol que costuma apresentar no Real Madrid e o que o alçou à disputa da Bola de Ouro.
"Não geramos expectativa excessiva em cima de um garoto. Nenhum jogador tem de ter essa expectativa. Acompanhamos todo o processo em relação ao Neymar e isso vem acontecendo há anos. Não seria o caminho saudável. Nós mesmos criamos a expectativa e colhemos essa frustração. Se continuarmos com essas cobranças, queremos ver tal jogador de tal situação e na seleção, não acontece. Precisamos de tranquilidade para que chegue o momento de que isso desabroche."
Na convocação dessa sexta (27), o técnico trouxe como grande novidade da lista a presença do atacante Igor Jesus, destaque do Botafogo, líder do Brasileirão, e companheiro de Luiz Henrique, convocado pela segunda vez seguida. Entre atletas que jogam no Brasil, chamou também Guilherme Arana, do Atlético-MG, e Gerson do Flamengo.
"Vamos estar observando todo e qualquer atleta, independentemente do continente em que ele jogue. Eles estarão sendo avaliados a todo instante, a todo momento. Vamos tentar ser o mais assertivos possível em termos de nome. Um ou outro caso, de repente, por uma necessidade ou outro, nós podemos mudar", disse Dorival sobre a montagem da lista.