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Homenagem

Admiração marcada na pele: recifense fala sobre idolatria por Maradona

Jornalista Adriano Lima tem oito tatuagens relacionadas ao craque argentino e histórias vividas no país de origem do astro que faleceu nesta quarta (25)

Adriano em visita à Argentina, em 2017Adriano em visita à Argentina, em 2017 - Foto: Cortesia

Até onde vai o amor de um fã de futebol pelo ídolo? Talvez, se o craque for do mesmo país, a paixão do torcedor fica mais fácil de ser entendida, e dá para se aprofundar nas raízes para compreender o tamanho da idolatria. Mas, e quando o jogador 'endeusado' é de outra nacionalidade? Para o jornalista Adriano Lima não há problema algum. Apaixonado por Maradona, ele pouco viu o craque argentino atuar, mas tem tatuado na pele seu amor por Dieguito, que faleceu nesta quarta-feira (25), vítima de uma parada cardiorrespiratória.  

Conhecido como o "País do Futebol", o Brasil tem craques reconhecidos mundialmente como o Rei Pelé, Garrincha, Zico, Romário, Ronaldo, Rivaldo, Kaká, Ronaldinho Gaúcho e, hoje, Neymar. Com tantos astros mais acessíveis, o recifense de 28 anos contou à Folha de Pernambuco como surgiu seu amor pelo ídolo máximo argentino.  

"Cara, eu te digo uma coisa: me arrepia saber que um cara com pouco mais de 1,60 cm, após uma guerra, colocou um país no ombro e levou ao título mundial. Não é à toa que o chamam de "D10S"... Todas as seleções possuíam mais de um craque. Eu respeito Ruggeri, respeito Tatá Brown, Valdano, Burruchaga, mas quem ganhou aquele mundial foi o CPF Diego Armando Maradona, não foi o CNPJ. Ainda hoje não me entra na mente como aquele cidadão foi capaz de colocar uma seleção capengando no topo do mundo. Isso me arrepia e me emociona", ressaltou Adriano.

Ele lembra que não entendia o fato de seu pai - um senhor não admirador do futebol - parar para assistir jogos em que Maradona estava atuando. Adriano conta que só veio compreender a representatividade do craque argentino anos mais tarde, quando também passou a ser um assíduo fã do futebol argentino. 

"Comecei a acompanhar o futebol em 1994 e na época Romário era 'o cara'. Nem imaginava de toda situação passada pelo Maradona naquele ano... Os anos se passaram e, a partir de 2007, eu já via o futebol com outros olhos e passei a acompanhar o futebol argentino pelo fato da entrega e disposição durante as participações nas competições. E aí, deu o pontapé inicial, porque meu pai nunca gostou de futebol, mas, segundo ele, quando se tratava do Maradona, dizia: 'ah, para vê-lo jogar, eu assisto'. Eu nunca entendi isso, até que 11 anos depois eu decidi viajar", contou ele, que estava com viagem marcada para Minas Gerais, antes de resolver mudar o destino.

"Estava tudo pronto para ir para Minas, quando desperta algo por dentro e pensei: 'se juntar uma grana a mais consigo ir à Argentina acompanhar os jogos e conhecer a paixão pelo futebol mais de perto'. Cara, foi surreal", relatou o morador do bairro do Cordeiro. 
  
Ele lembra que na sua primeira ida à Argentina, em 2017, acabou "esbarrando" com o curador da primeira casa comprada por Maradona, em La Paternal, e conhecendo o local. "Coisas do destino: de repente, conheci o Cézar - curador da primeira casa comprada por Maradona assim que começou no futebol profissional. A partir daí, foi uma loucura. Conheci a casa do Diego, com objetos originais, inclusive a flâmula, objetos de sua antiga casa, tudo intacto. Apenas a pintura que precisava ser mudada por conta do desgaste", detalhou.

Fã também de Lionel Messi, Adriano foi à Argentina pela segunda vez em 2018, para acompanhar a Copa do Mundo da Rússia junto dos hinchas vizinhos. Assim como fez por Maradona, o recifense tem na pele o amor pelo atual camisa 10 da seleção bicampeã do mundo. 

Adriano lembra de dois fatos curiosos em uma de suas idas ao país vizinho. Ele fala que virou 'atração turística', depois que alguns moradores de Buenos Aires se surpreenderam pelo fato de um brasileiro ter um amor tão grande por Maradona, ao ponto de ter oito imagens relacionadas ao 'Pibe de Oro' tatuadas na pele.

"Um fato foi em La Boca - bairro de Buenos Aires. Quando cheguei, o pessoal ficou impressionado pelo fato de eu possuir tatuagens dele. Eles pediram para tirar fotos, perguntavam se eu era brasileiro, alguns motivos pelo fato de eu gostar dele, enfim... A outra ocasião foi em uma pizzaria, onde o dono era napolitano. Quando soube que eu era brasileiro e tinha tatuagem de Maradona falou que a segunda pizza sairia de graça, que não precisava pagar a conta. Ele pediu para tirar fotos comigo e mandou para o irmão dele, que estava em Nápoles (Itália). O amor deles é algo surreal", contou. 

Aos 28 anos anos, Adriano nasceu cinco anos antes de Maradona se aposentar dos gramados. Porém, com toda tecnologia e fácil acesso a lances do craque argentino através da internet, tem sua lista de gols favoritos marcados por Dieguito. "Com exceção do gol contra a Inglaterra (Copa de 1986), o maior de todos os tempos, eu gosto do gol contra a Bélgica (Copa de 1986), onde arranca da intermediária, passa por quatro e faz o gol. Tem também o contra o Verona (Italiano 1985/86), quando atuava pelo Napoli, onde pega o goleiro adiantado e bate de três dedos por cobertura, além do gol contra a Juventus (Italiano 1985/86), de falta. Dentro da grande área, ele bate a falta no ângulo. É o gol impossível", relembrou o recifense. 

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