Homofobia

Jogador sofre homofobia em jogo do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia no Recife

Caso aconteceu com Anderson Melo na última quinta (14)

Anderson Melo, vítima de ataques homfóbicosAnderson Melo, vítima de ataques homfóbicos - Foto: Reprodução / Redes sociais

Mais um episódio de homofobia nos esportes. Desta vez, o caso aconteceu no Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, realizado na Praia do Pina, Zona Sul do Recife. O jogador Anderson Melo foi a vítima das ofensas de torcedores, em jogo realizado na última quinta-feira (14). Os ataques, porém, vieram a público neste sábado (16), após o jogador se manifestar sobre o ocorrido e divulgar os vídeos nas redes sociais. Confira o depoimento de Anderson:

"Não sei se vão ler meu texto todo por não ser um atleta conhecido mundialmente, não sei se serei ouvido como gostaria, eu só sei que estou sem chão e pela primeira vez tiraram meu sorriso e as palavras, mas vou tentar.

Demorei a escrever porque eu precisava digerir o que aconteceu naquela quadra, no ambiente que mais amo estar sofri ataques homofóbicos continuadamente e pela primeira vez na vida não consegui reagir. Eu não estava acreditando no que estava acontecendo e eu só lembrava da minha mãe, o quanto ela tinha medo de me ver sofrer por ser homossexual. E infelizmente ela não estava aqui para me proteger e nem ninguém. Me senti completamente acoado e sem entender porque as pessoas estavam fazendo aquilo. Um ambiente feito para as pessoas apreciarem os atletas, torcer para seus favoritos é claro, mas não necessariamente tentar diminuir, xingar, debochar ou tentar ridicularizar alguém.

Perdi o chão. Perdi a bola. Perdi o jogo. Mas não a minha força em estar aqui dividindo com vocês um crime explícito.

Fiz o boletim de ocorrência e ainda não sei quais serão os próximos passos.
Mas com certeza o primeiro pós delegacia é me recompor como atleta, como cidadão e me orgulhar do filho que minha mãe criou com tanto amor. Eu tenho muito orgulho de ser quem eu sou, do jeito que sou e assim como eu todos tem o direito de serem respeitados. Faço um apelo para que este assunto não fique em vão, faço um apelo para as autoridades locais, a CBV, aos meus fãs e amigos para que isso não se repita com mais ninguém.

Que Deus e minha mãezinha me abençoe para este pesadelo não durar mais tantas noites e tantos dias."

Na postagem, Anderson disse que fez um Boletim de Ocorrência (BO) sobre o episódio. Além disso, o jogador divulgou o vídeo dos ataques homofóbicos que sofreu. Confira.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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Em nota, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) se manifestou sobre o ocorrido. A entidade lamentou e repudiou o ataque, e disse que iria protocolar um boletim de ocorrência em uma delegacia local. Confira a nota da CBV.

"A Confederação Brasileira de Voleibol (CBV) lamenta e repudia veementemente os ataques homofóbicos ao atleta Anderson Melo, feitos na quinta-feira por pessoas que assistiam aos jogos da segunda etapa do Circuito Brasileiro de Vôlei de Praia, em Recife.

A CBV apurou os fatos, reviu as imagens da partida, conversou com a arbitragem e reuniu todas as informações necessárias para, neste sábado, protocolar um boletim de ocorrência em uma delegacia de Recife. O caso também será encaminhado ao Ministério Público local e a CBV acompanhará todos os desdobramentos. 

Desde sexta-feira, a mensagem abaixo é veiculada antes de cada partida da quadra central.

'Atenção, torcedores! Racismo, homofobia e outros atos discriminatórios são crime, e não podem fazer parte dos eventos do voleibol brasileiro. Manifestações como as ocorridas nas quadras externas não podem se repetir. Esporte é diversidade, tolerância, respeito e inclusão! E respeito é um dos maiores valores que o esporte ensina! Vamos torcer com paixão! O voleibol por um mundo sem preconceito e discriminação!'

A CBV lamenta que Anderson Melo tenha sofrido essa violência e está prestando todo o auxílio ao atleta. A CBV reforça que não admite qualquer tipo de preconceito, entende que o esporte é uma ferramenta para propagação de valores como respeito, tolerância e igualdade; e agirá sempre para coibir qualquer manifestação discriminatória em seus eventos."

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