Jogadora beijada à força por Luis Rubiales quer recorrer da sentença aplicada ao ex-dirigente
Rubiales foi condenado a multa de R$ 64,2 mil e absolvido do crime de coerção pelas pressões exercidas sobre a jogadora para 'abafar' o ocorrido
A jogadora Jenni Hermoso quer recorrer da sentença que condenou a uma multa de R$ 64,2 mil o ex-chefe do futebol espanhol, Luis Rubiales, pelo beijo na boca não consentido que ele impôs a ela durante a celebração da Copa do Mundo de 2023, comunicou seu advogado à AFP nesta sexta-feira.
“É sua intenção” recorrer da sentença, indicou Ángel Chavarría.
A defesa de Rubiales já havia afirmado na quinta-feira que também recorreria da decisão que declarou o ex-presidente da Federação de Futebol culpado de agressão sexual, mas o absolveu do crime de coerção.
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O ex-presidente da Federação Espanhola de Futebol foi condenado ao pagamento de uma multa de 10,8 mil euros (R$ 64,2 mil), em decisão anunciada nesta quinta-feira.
A Promotoria solicitava para Rubiales dois anos e meio de prisão: um ano por agressão sexual, pelo beijo em si, e um ano e meio pelas pressões exercidas sobre a jogadora para minimizar o gesto.
A Audiência Nacional "condenou a 18 meses de multa, com uma taxa de 20 euros por dia, o ex-presidente da Real Federação Espanhola de Futebol (RFEF), Luis Rubiales, por um crime de agressão sexual devido ao beijo na jogadora Jennifer Hermoso na cerimônia de entrega de medalhas da última Copa do Mundo", indicou o tribunal em um comunicado emitido na quinta-feira.
A decisão também estipula que Rubiales não poderá se aproximar de Hermoso em um raio de 200 metros e não poderá se comunicar com ela durante um ano.
O beijo que impôs a Hermoso foi "não consentido", concluiu categoricamente a promotora Marta Durántez durante o julgamento, que ocorreu no início do mês em um tribunal próximo a Madri.
Erguida como símbolo da luta contra o sexismo no esporte, Hermoso reiterou ao juiz que aquele beijo nunca deveria ter acontecido, que ela não o autorizou e que se sentiu "pouco respeitada".
A artilheira da seleção espanhola e atual atacante do Tigres, do México, relatou as "incontáveis" vezes em que foi pressionada pela RFEF a se manifestar para minimizar o escândalo.
Rubiales, por outro lado, declarou ao tribunal estar "totalmente seguro" de que Hermoso consentiu, ao responder "vale" quando ele perguntou se podia lhe "dar um beijinho".
Sua advogada, Olga Tabau Martínez, pediu sua absolvição, argumentando que sua conduta foi "inadequada", mas não "criminosa", e negando qualquer coação, afirmando que não houve intimidação nas solicitações de Rubiales e seu entorno para que a jogadora se pronunciasse sobre o beijo.
'Nenhum tipo de consentimento'
Tudo começou no dia 23 de agosto de 2023, quando as jogadoras da seleção feminina espanhola, após conquistarem a Copa do Mundo em Sydney, foram ao pódio receber as medalhas. Rubiales, ao lado do Presidente da Fifa Gianni Infantino e da rainha consorte da Espanha Letizia, recepcionou as atletas.
Ao felicitar Hermoso, camisa 10 da equipe espanhola, Rubiales segura sua cabeça e lhe deu um beijo. O gesto gerou reações de indignação, rechaçadas pelo então chefe do futebol espanhol, que afirmou se tratar de "um selinho entre amigos celebrando" e que foi consentido.
Poucos dias depois, enquanto as condenações se multiplicavam tanto na Espanha quanto internacionalmente, Rubiales declarou em uma assembleia-geral extraordinária da federação que não renunciaria e disse ser vítima de um "falso feminismo".
Ofendida pelas declarações, Hermoso rompeu o silêncio e afirmou em um comunicado ser "vítima de uma agressão, um ato impulsivo, machista, fora de lugar e sem nenhum tipo de consentimento" por parte dela.