Lapidada em Pernambuco, jovem é selecionada para jogar basquete nos EUA, mas precisa de ajuda
Família faz rifa para custear a viagem para a Universidade de Marshalltown, no Iowa
Uma história de dedicação, superação e conquistas. Giovanna de Carvalho da Silva Damião, de 19 anos, é uma talentosa atleta de basquete que está prestes a realizar um grande sonho: estudar e jogar basquete nos Estados Unidos. A jovem carioca, que começou a jogar vôlei aos nove anos, mas acabou encontrando sua paixão pela modalidade, recebeu o contato de 22 universidades americanas. No fim, ela fechou contrato com a Marshalltown Community College, em Iowa.
Uma rifa para ajudar a custear a viagem de Giovanna está sendo realizada através do perfil de Fabíola no Instagram (@fabiola.cdamiao). O valor é de R$ 20 e o sorteio será realizado no dia 31 de julho. Além dela, doações podem ser feitas através do PIX: 140.994.647-92.
A mãe de Giovanna, Fabíola de Carvalho, revelou que receber a notícia foi motivo de muita alegria para a família, pois representa a realização do grande sonho da filha.
Desde os 13 anos, Giovanna viajou pelo Brasil participando de competições escolares, até que, em 2018, no Peru, conquistou uma medalha de ouro pela seleção brasileira no Campeonato Sul-americano escolar. Agora, ela se prepara para uma nova jornada, que incluirá cerca de quatro anos fora do País.
Caminho de desafios e perseverança
O caminho até a conquista do tão sonhado contrato foi marcado por desafios e perseverança. Fabíola conta que, infelizmente, Giovanna perdeu o avô, Francisco Santos da Silva, em 2016. Ele era figura fundamental no incentivo aos esportes da jovem atleta.
“Não fui eu, nem meu marido, apesar de sermos ex-atletas, que iniciamos Giovanna no esporte. Ela começou aos nove anos a jogar vôlei, mas por incentivo do meu pai. Era ele que levava ela aos jogos, na escolinha, em tudo. Ele faz parte disso. Hoje não está mais aqui, mas eu tenho certeza de que lá do céu ele está muito feliz vendo a neta. O tempo todo, a cada etapa que passamos, só pensamos nele. A gente se alegra, mas pensamos o quanto estaria feliz de vê-la alcançando seus objetivos”.
A família morava na Ilha do Governador, mais precisamente no Complexo do Dendê, no Rio de Janeiro.
“Nós saímos de uma favela de lá para vir ao Recife, e minha filha agora está indo para os Estados Unidos. Só quem viveu sabe das dificuldades. Ela sabe o quanto foi difícil durante todo esse tempo. Tinha que acordar às 4h para estar na escola às 7h, pois morávamos longe da escola. Ela pegava o trem de Madureira para a Vila Olímpica da Mangueira, muitas das vezes ela almoçava dentro do trem para poder dar tempo de chegar no treino. Chegava em casa às 21h”, contou Fabíola.
A trajetória dela ganhou força quando a atleta, à época aos 13 anos e 1,80m, chamou a atenção de Guilherme Vos, ex-técnico da seleção brasileira de basquete. O profissional ofereceu a Giovanna uma bolsa de estudos no instituto Mangueira do Futuro, na Vila Olímpica da Mangueira. A partir daí, ela se apaixonou pelo basquete.
Como a família veio parar no Recife?
Em 2020, os pais de Giovanna receberam uma proposta para trabalhar no Recife. "Aqui nós moramos em Piedade e ela estudava e treinava em Olinda. Fizemos esse trajeto todos os dias", citou. Na capital pernambucana, Giovanna integrou o time da AADB, treinado e liderado por Adrianinha, ex-jogadora da seleção brasileira.
“Fiquei muito feliz por ela, uma atleta dedicada e exemplo dentro e fora de quadra. Ela vai ter oportunidade de estudar e jogar nos Estados Unidos, que é o sonho de muitos jovens atletas. Espero que tire o melhor proveito possível dessa oportunidade tanto nas quadras quanto na parte acadêmica. Temos orgulho dessa conquista pessoal dela”, relatou a ex-jogadora e atual treinadora.
Giovanna, que joga na posição de ala-pivô, também compôs o time do Colégio Santa Emília, recebendo uma bolsa de 100% e venceu o campeonato escolar. Em seguida, foi convocada para a seleção pernambucana de basquete, conquistando o terceiro lugar no campeonato Brasileiro de Seleções sub-18.
Enquanto concluia o Ensino Médio, Giovanna tomou uma decisão que mudaria o rumo de sua vida. “Desde muito nova eu falava para os meus pais que eu queria morar nos Estados Unidos. Em 2020, decidi que era isso que eu realmente queria. Então, comecei a conversar com eles que quando eu concluísse a escola, queria focar 100% no basquete e no inglês para eu poder ter uma oportunidade melhor”, relatou.
Recrutamento para a universidade
No início de agosto de 2022, uma agência de talentos que conecta atletas brasileiros às universidades norte-americanas entrou em contato com Giovanna, facilitando o processo de emissão de passaporte e agendando entrevistas com as 22 universidades interessadas em oferecer bolsas de estudos à atleta.
“À princípio, eu estava fechada com a Universidade de Riverland, porém, chegou uma proposta dessa faculdade de Iowa, que é uma instituição de divisão dois, que fica na cidade de Marshaltown. Eu fiquei imensamente feliz com essa proposta, e apesar de ter sido um processo longo, valeu muito a pena. Foi um sentimento único de 'meu Deus, realmente eu vou conseguir'", contou.
“Meu maior sonho no basquete é poder chegar em uma WNBA, uma Seleção Brasileira adulta, jogar um Mundial, uma Olimpíada. Eu acho que esse é o sonho de toda atleta de basquete”.
A jovem fez questão de destacar que, além dos sonhos individuais, aspira fazer a diferença na vida de outras meninas. “Também sonho em um dia poder fazer por outras pessoas o que fizeram por mim, poder um dia passar os ensinamentos que passaram para mim às outras meninas, falar para elas que é possível chegar lá. Que se você se dedicar, se você correr atrás, não colocar um limite no seu sonho, realmente se entregar ao máximo, sendo você mesma e focada no seu objetivo, tudo é possível", disse.
Inspirações
Giovanna também compartilhou quem são seus ídolos no esporte. O avô foi a primeira inspiração, a pessoa que a incentivou a nunca desistir e a correr atrás de seus sonhos. No basquete, ela admira nomes como Damiris Dantas, jogadora brasileira que já brilhou na WNBA, e Raphaella Monteiro, com quem teve a oportunidade de treinar na Mangueira, e Isabela Ramona, ala que atuou na Seleção Brasileira.
Com o apoio da família, treinadores e a dedicação incansável, Giovanna está pronta para encarar essa nova fase da vida. Tanto a jovem atleta quanto a mãe Fabíola estão cientes dos desafios que enfrentarão, mas acreditam que a tecnologia e a conexão por meio de chamadas de vídeo e mensagens ajudarão a matar a saudade da família durante sua estadia nos Estados Unidos.
O sonho de Giovanna é uma prova viva de que, com talento, determinação e apoio, os sonhos podem se tornar realidade. Ela levará consigo a lembrança do avô e a gratidão por todos que a apoiaram em sua jornada até aqui.
Enquanto ela se prepara para cruzar fronteiras e buscar o aprimoramento no basquete, seu exemplo inspira outras jovens a nunca desistirem de seus objetivos e acreditarem em si mesmas.