Esta quarta-feira (30) marcará o início da série final da NBA (temporada 2019-2020) entre Miami Heat e Los Angeles Lakers, uma decisão inédita. Após vencer as Conferências Leste e Oeste, respectivamente, as franquias se enfrentam pelo título desta edição histórica, interrompida pela pandemia da Covid-19, em 11 de março, e marcada pelos protestos contra atos de violência policial contra homens negros. A liga retornou em 30 de julho com jogos disputados na “bolha”, um ambiente de protocolos rígidos contra a Covid-19 instalado na Disney, nos arredores de Orlando (EUA). Assim, Heat e Lakers traçaram seus caminhos e se encontram com campanhas idênticas: são 12 vitórias e apenas três derrotas nos playoffs. O duelo será realizado às 22h, com transmissão ao vivo da ESPN e da Band.
 
Enquanto os Lakers já eram considerados favoritos desde o início da temporada, o Heat precisou se provar a cada jogo e mostrar que também poderia brigar pelo título. Já nas primeiras partidas dava para perceber que o Miami daria trabalho na Conferência Oeste. A organização e o jogo coletivo característico do técnico Erik Spoelstra se destacava e o advento de Jimmy Butler só aumentava as expectativas da franquia. Conhecido por tirar o melhor dos seus atletas, Spoelstra não fez diferente nesta temporada. Os novatos Kendrick Nunn e Tyler Herro são um ótimo exemplo de consistência durante a temporada, mesmo que o primeiro não tenha desempenhado um bom papel nos playoffs e perdido a condição de titular na fase final. 

Mesmo assim, a metade da temporada chegou e o Heat ainda não era considerado um real candidato ao título da NBA. Porém, uma troca que trouxe Andre Iguodala e Jae Crowder deu o salto que a equipe precisava. Os experientes foram ganhando tempo de quadra e, nos playoffs, se tornaram fundamentais na rotação. Crowder ganhou a condição de titular de Meyers Leonard e deu mais flexibilidade ofensiva e defensiva para a equipe. Iguodala, por outro lado, demorou para embalar, mas nas duas últimas partidas contra os Celtics mostrou ser extremamente útil e lembrou o jogador que era fundamental no Golden State Warriors.

Esta, inclusive, será a sexta final de NBA consecutiva de Andre Iguodala. Vale a pena ficar de olho no duelo dele contra LeBron James. Dessas seis decisões, esta será a quinta vez que eles se encontram. A imagem do toco de James em Iguodala no último título de LeBron, em 2016, é relembrada até hoje, e mesmo com idades mais avançada podem fazer um grande duelo na série.

Já mencionada anteriormente, a coletividade é o ponto mais positivo de Miami. Destacar Jimmy Butler como o melhor jogador é normal, mas se ele não estiver em uma boa noite ofensiva isso não será um grande problema. Adebayo, Dragic, Herro, Iguodala... Opções não faltam para compensar uma ou outra partida ruim de algum destaque. 

Os Lakers, por outro lado, são muito dependentes de Anthony Davis e LeBron James. Essa dupla, no entanto, é quase sempre garantia de boa exibição. Com um LeBron cada vez mais assistente, Davis “faz a festa” ao receber ótimos passes na cabeça do garrafão. 

Vale conferir como o ataque dos Lakers vai atuar diante da marcação por zona do Heat. Com poucos chutadores de três confiáveis, a franquia de Los Angeles precisará acertar o “jogo entre linhas” para punir a forte defesa do Miami. Danny Green e Kyle Kuzma serão fundamentais nos chutes do perímetro. Rajon Rondo, que fez ótima série contra o Denver, também será importante com os passes que poucos acertam na liga.

É importante ressaltar que a temporada ainda teve um enorme baque pela morte de Kobe Bryant. Um dos maiores nomes da história dos Lakers e da NBA foi vítima de acidente aéreo em 26 de janeiro, aos 41 anos, deixando uma legião de fãs dentro e fora das quadras. Além da morte do astro, esta edição vai ficar marcada pelas manifestações dos atletas contra ações policiais que tiraram a vida de George Floyd, em maio, e deixou Jacob Blake gravemente ferido, em agosto. Ambos eram homens negros e foram vítimas da violência policial, o que gerou uma onda de revolta por todo o mundo, inclusive na NBA, com os jogadores se rebelando e paralisando os playoffs. A competição foi retomada após os atletas entrarem em consenso.

Para a temporada mais diferente dos últimos anos, nada melhor do que uma final equilibradíssima. Duelos individuais, no banco de reservas, entre os técnicos e velhos conhecidos não faltarão. Esta é a primeira vez que o Miami Heat chega à final da NBA desde 2014, quando LeBron James ainda defendia a franquia. Foi por lá, inclusive, que o craque ganhou o primeiro anel de sua carreira, em 2012. O tricampeão da liga chega para sua décima final de NBA. Erik Spoelstra busca seu terceiro campeonato, o primeiro sem James. Pelo lado dos Lakers, esta é a primeira final em dez anos, na equipe que ainda contava com Kobe Bryant e Pau Gasol.

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