LaLiga investiga vídeo de menino chamando Vinicius Jr. de macaco no estádio do Valência
Uma brasileira flagrou uma criança gritando um insulto racista contra o jogador durante partida que terminou empatada em 2 a 2
A LaLiga está investigando imagens que mostram uma criança chamando o brasileiro Vinicius Junior de "mono" (macaco em espanhol) no estádio do Valência, durante partida entre a equipe da casa e o Real Madrid, neste sábado.
Uma brasileira flagrou uma criança gritando um insulto racista contra o jogador durante partida que terminou empatada por 2 a 2. A ação foi filmada e a mãe da criança agrediu a dona do celular para tentar impedir que ela filmasse.
De acordo com a autora do vídeo, a brasileira Anna Anjos, que mora em Barcelona e viajou à Valência para assistir à partida, ela alertou a criança e a mãe de que o que eles estavam fazendo era racismo. Em entrevista à ESPN, que conseguiu o vídeo com exclusividade, Anna contou que eles alegaram que os gritos não eram racistas.
— O que mais me incomodou foi uma criança ao lado, duas cadeiras ao lado, chamando ele de mono (macaco, em espanhol) o tempo todo. Até tentei interferir, falei com a criança, falei com a mãe da criança, disse que o que eles estavam fazendo não era correto, que eles não podiam ficar chamando o Vinicius de mono, que isso era racismo. E acho que é tão recorrente, tão normal pra eles, que a mãe da criança falou que não era ofensa, que ele só estava chamando o Vini de um animal. Eu falei que o Vini não era um animal, que eles não podiam fazer isso e eles continuaram chamando ele de mono o tempo todo — disse Ana em entrevista a ESPN.
Anna então resolveu gravar. Ao perceber que estava sendo filmada, a mãe da criança deu um tapa no celular. Após a agressão, alguns torcedores do Valência tentaram pegar o telefone e a polícia foi chamada:
— Eles vieram até mim, perguntaram o que estava acontecendo, falei que eles estavam sendo racistas, chamaram o Vini de mono. Eu acho que eles sabiam que os outros torcedores estavam fazendo era errado e pediram para eu me comportar. Falaram que era o ambiente do estádio e que isso era normal e era para eu me comportar. Se eu me comportasse, eu podia continuar ali — relembrou.
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A brasileira também disse que se sentiu ameaçada. Anna ficou com medo de que torcedores a perseguissem para pegar o celular com o vídeo.
— Quando sai do jogo eu chorei muito e me senti muito mal. Eu estava com muito medo porque pensei que eles podiam vir atrás de mim para pegar o celular. É um sentimento de impotência muito grande — contou.
Ainda de acordo com a entrevista que Anna deu a ESPN, os gritos racistas se intensificaram logo após o jogador brasileiro fazer o segundo gol do Real Madrid na partida. Vini comemorou com a mão levantada e o punho cerrado. O gesto é conhecido como antirracista.
— Todo mundo achava que eu era a errada da situação. Todo mundo achava que ofender o Vini era o correto. Eu me senti ameaçada e com bastante medo. Chegaram a me tocar, algum homem. E o tempo todo falaram que era pra eu sair do estádio — relatou.
O ocorrido neste sábado está sendo investigado por LALIGA, segundo a CNN, para que as medidas sejam tomadas. Em agosto de 2023, a instituição resolveu criar novas plataformas para combater o racismo no futebol espanhol, a “LALIGA vs Racism”.