Lutador pernambucano de jiu jitsu cria rifa para cobrir despesas de campeonato mundial em Las Vegas
Kelvin Souza disputará torneio na capital mundial das apostas entre 7 e 9 de dezembro
A vida dos atletas dos ditos esportes amadores e olímpicos estão muito longe do glamour das grandes estrelas do futebol, por exemplo, aqui no Brasil. Além de treinar e competir, é necessário ralar atrás de apoios e patrocínios, bolar formas de conseguir se manter ativo em torneios, além de gerenciar a vida normal de um provedor de casa, com suas obrigações com a família.
É essa a rotina de Kelvin Souza, lutador de jiu jitsu, profissional de educação física, pai de Aylla e esposo de Thammiris, que entre 7 e 9 de dezembro estará em Las Vegas para a disputa do Mundial de Jiu Jitsu No-Gi da IBJJF. Para conseguir arcar com todas as despesas, o atleta criou uma rifa que o ajudará na participação do torneiro nos Estados Unidos. A compra do número da rifa pode ser feito a partir deste link.
“O custo para lutar um mundial é muito alto, além da variação do dólar, passagem nessa época do ano é muito cara, aí sabendo que teria que arcar com todos esses valores, gerei uma rifa de valor simbólico e na terça-feira (05), antes de viajar, estarei sorteando”, disse.
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Além das dificuldades financeiras de ir para essa competição no exterior, Kelvin precisou trilhar um caminho de conquistas nos tatames. O faixa marrom, que atua na categoria pesadíssimo, obteve a vaga por meio das atuações em 2023.
“Esse ano tem sido o melhor da minha carreira, consegui ser campeão brasileiro em setembro, em outubro conquistei o sul-americano e, se Deus quiser, esse mês estou sendo campeão mundial”, declarou Kelvin, que é o atual número dois do ranking mundial em sua categoria de peso.
Para o atleta, essa possibilidade de ir ao Mundial só foi possível devido toda a rede de apoio que tem, desde os companheiros que cuidam de sua filha durante o treino, até com quem chega junto com contribuições.
“Um fator que me deixou mais forte ainda é que eu tenho uma filha de um ano e nove meses. E a gente vê no mundo, a mãe da criança se aprisionar para criar o filho e o pai que vive. Mas nesse último semestre minha companheira voltou a estudar, dessa forma tenho que ficar com a minha filha na parte da noite - mesmo horário dos treinos -, dou banho, troco de roupa e a levo para o treino. Ela fica com meus companheiros brincando e isso foi me fortalecendo", desabafou.
“As pessoas abraçavam isso e me davam a oportunidade de treinar. A tranquilidade de ter um ambiente seguro, de poder trabalhar e conseguir escutar a Aylla brincando do outro lado foi muito bom. O que poderia ser um empecilho, acabou me dando mais força”, complementou.
Jiu Jitsu sem kimono
Conhecido como Jiu Jitsu No-Gi, ou seja, sem a utilização do tradicional kimono de luta, a modalidade vem crescendo ao redor do mundo. Os lutadores utilizam roupas coladas, como as lycras e bermudas ou calças de compressão. Kelvin destacou algumas das diferenças com a disputa tradicional com o kimono. “O jiu jitsu sem kimono é mais dinâmico e digamos que, para o público geral, seja mais atraente. E a gente pode transferir a prática do sem kimono até para outras vertentes, como a defesa pessoal”, explicou.
O lutador enxerga um cenário competitivo forte da modalidade em Pernambuco, mas relata as dificuldades que muitos nordestinos têm nessas competições. “O cenário em Pernambuco vem em uma crescente muito boa. Conseguimos lutar em um circuito de quatro a cinco competições dentro do Estado. Porém, no eixo de federações nacionais, a maioria dos torneios são no Sul e Sudeste, o que muitas vezes limita os nossos atletas de participar”.
Kelvin viaja para Las Vegas na próxima terça-feira (05), mostra muito entusiamo para sua primeira viagem internacional, gratidão pela oportunidade alcançada e espera que o esporte seja mais valorizado, tendo em vista tudo aquilo que traz para a sociedade.
“Tive toda uma rede de apoio, estou indo sozinho, mas há muitas pessoas por trás. Mesmo antes de ir, já gostaria de agradecer a todos pelo apoio, por acreditar no meu trabalho, e isso é vital para que possamos dar seguimento com esse esporte que é tão importante na sociedade. Porque não vemos jiu jitsu apenas no tatame, mas também na segurança pública, ajudando mulheres no combate ao feminicídio, tratando a questão do bullying e por isso deveria ser mais valorizado”.