Manchester City está mesmo em crise? Entenda momento de instabilidade do time de Pep Guardiola
Com fase irregular na Premier League, time tem o Mundial como 'pausa' em dor de cabeça. Mas segue sentindo falta de Haaland e De Bruyne, dúvidas para a competição
Classificação com 100% de aproveitamento na fase de grupos da Champions, 16 vitórias, 6 empates e 60 gols marcados em 26 jogos. Um desempenho a se comemorar por vários clubes do mundo, mas não para o Manchester City.
O time inglês, que estreia nesta terça-feira (19), às 15h, na semifinal do Mundial de Clubes contra os japoneses do Urawa Red Diamonds, vive um momento de instabilidade no cenário inglês (4 vitórias, 4 empates e duas derrotas nos últimos 10 jogos), com tropeços em série e queda na tabela. A disputa do torneio acabou virando uma “pausa” nessa dor de cabeça.
Em Jedá, na Arábia Saudita, ao menos houve uma boa notícia: a volta de Kevin de Bruyne aos treinamentos. O meia está fora desde a primeira rodada da Premier League, em agosto, quando deixou a partida contra o Burnley com uma lesão no tendão da coxa direita. Desde então, passou por cirurgia e era cotado como dúvida para a competição.
A ausência do jogador de 32 anos é um dos cernes dos problemas do time de Pep Guardiola na temporada. As principais características de jogo do City passam pelos pés de De Bruyne, responsável pelo último passe ou finalização de jogadas — na última temporada, foram 13 gols e 29 assistências.
— Nos quatro meses em que estive fora, tentei encontrar jeitos de mudar como jogador e continuar fazendo o que fazia antes. Vou ficar bem quando voltar — disse ele ao jornal The Guardian dias antes da viagem a Jedá. Hoje, dificilmente joga.
Para o Mundial, é a ausência de Haaland que preocupa mais. Fora dos últimos três jogos por um estresse ósseo nos pés, o norueguês é dúvida para a semifinal. O argentino Julián Alvarez é seu substituto natural. Contratado na temporada passada, quando o City fez história e conquistou a tríplice coroa, o norueguês fez com que Guardiola mergulhasse numa reformulação tática, que transformou o time numa máquina de eficiência e imprevisibilidade.
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Metamorfoses de Guardiola
Para aproveitar o máximo do centroavante, de estilo de jogo muito diferente em relação ao seu, de ideia posicional e de triangulações organizadas, adicionou jogo mais direto ao seu arsenal, transformando o camisa 9 em peça fundamental para disputar, dominar e redistribuir as primeiras bolas que vinham de lançamentos da defesa e do meio. Além do principal: contar com sua explosão, movimentação e veia goleadora.
Esse período de metamorfose vem se tornando comum nos times de Guardiola, que em inícios de temporada tende a “destruir para reconstruir”, o que por vezes afeta o rendimento. Na última, por exemplo, descobriu que o zagueiro John Stones poderia funcionar como um volante, liberando seus meias para pisarem mais na área e municiarem Haaland mais de perto.
Nesta, perdeu o meia Gundogan e ainda não encontrou o substituto ideal, mesmo com Kovacic, Kalvin Philips e Matheus Nunes como opções de alto nível. O time ainda parece longe do rendimento esperado. Para piorar, Stones iniciou a temporada convivendo com lesões musculares e ainda não recuperou forma e tempo de jogo necessários. Outra perda por lesão importante é o atacante Jérémy Doku.
A defesa também vive momento ruim: Guardiola tenta encaixar o zagueiro Gvardiol no time, mas tem o testado na lateral-esquerda, tirando dali o também zagueiro Aké, que garantiu a segurança no setor na última temporada. Mudança que pode ser revertida na Arábia Saudita.
No empate em 2 a 2 contra o Crystal Palace, último compromisso antes do Mundial, os dois setores apresentaram falhas. O que ficou bem claro no primeiro gol, que começa em erros na pressão e disputa pelo meio e termina com um ataque em velocidade nas costas da alta linha de defesa.