Medalhas no Mundial e novas duplas renovam esperanças do vôlei de praia do Brasil
Decepção nos Jogos de Tóquio é superada com renovação e três medalhas, sendo uma de ouro, no Mundial encerrado em Roma, no último domingo; nenhuma das duplas no pódio esteve nas Olimpíadas
Após a decepção nos Jogos Olímpicos de Tóquio, quando saiu sem medalhas pela primeira vez na história olímpica da modalidade, o vôlei de praia brasileiro voltou a ser protagonista. No Mundial de Roma, encerrado no domingo, o país, maior campeão mundial (13 títulos e 34 pódios) e olímpico (13 medalhas), conquistou uma medalha de cada cor: ouro para Duda e Ana Patrícia, prata com Renato Andrew e Vitor Felipe e bronze para André Stein e George. A modalidade que chegou a viver racha entre atletas e Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) por causa das novas regras do torneio nacional, volta à calmaria.
Claro que a distância do Mundial para a Olimpíada é longa, mas o que as equipes poderiam fazer de melhor, fizeram. O Mundial é um ótimo termômetro e mostra que nossas equipes estão acertando suas estratégias — comemora Guilherme Marques, gerente de vôlei de praia da CBV.
Todas as duplas que disputaram os Jogos de Tóquio se desfizeram, e o Banco do Brasil encerrou o patrocínio pessoal de inúmeros jogadores, incluindo sete dos oito atletas olímpicos.
No Japão, Duda jogou com Ágatha, caindo nas oitavas de final. Ana Patrícia fez dupla com Rebecca, perdendo nas quartas de final. Agora juntas, Duda e Ana Patrícia atingiram o feito de chegar ao título de campeãs mundiais na base e no adulto. As duas foram bicampeãs mundiais sub-21 e ganharam também os Jogos Olímpicos da Juventude — Duda tem ainda dois títulos mundiais sub-19.
"O Mundial é a segunda competição mais importante do vôlei de praia, mas não tem nada a ver com a Olimpíada ou a corrida olímpica, que ainda vai começar. A gente sabe o tamanho da nossa conquista, mas ao mesmo tempo não esquece em momento algum que precisa seguir trabalhando muito" disse Ana Patrícia, para quem não existe “tabu” ou “fantasma” com os resultados de Tóquio. "Nosso papel é manter os pés no chão para ir conquistando passo a passo. O Brasil sempre tem grandes duplas concorrendo a apenas duas vagas. Quem achar que vai ser fácil para alguma dupla, está completamente enganado. O título mundial é incrível, mas não nos garante nada."
A corrida olímpica começa no ano que vem, mas o Mundial de Roma mostrou que Renato/Vitor Felipe e André/George, que já se mostravam à frente dos demais no Circuito Brasileiro, largam como favoritos às duas vagas do país. O mais velho do grupo é Vitor Felipe, com 31 anos, que forma dupla justamente com o mais jovem, Renato, de apenas 22. André tem 27 e George tem 25 anos.
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Renato, que venceu dois Mundiais Sub-19 na base, é apontado como a grande revelação dos últimos ciclos.
A renovação fica mais evidente à medida que nenhum dos quatro brasileiros que foram ao pódio disputou Jogos Olímpicos. Apenas André, campeão mundial em 2017 com Evandro, já tinha uma medalha em uma competição deste nível.
"Tóquio nos trouxe sinais de alerta e fizemos alguns ajustes, como a montagem de uma comissão técnica permanente à disposição das principais duplas o ano inteiro. E, olhando para a renovação, criamos projeto de detecção e acompanhamento de novos talentos, encurtando alguns caminhos" disse Guilherme Marques, responsável por aumentar a quantidade de eventos entre os estados e do acesso ao Brasileiro. "Temos um grupo equilibrado de novos talentos. Nosso desafio é dar sequência nesse projeto de identificação de talentos."
Para Guilherme, até a separação de Alison e Guto pode ser positiva, no sentido que ainda há tempo para novas formações buscarem classificação para Paris-2024. Ainda na Itália, Alison encerrou a parceria, explicando que fará uma pausa para tratamento de uma fascite plantar, sem perspectiva de voltar às quadras, apesar de “ter planos” para Paris-2024.
Pego de surpresa, Guto diz que seguirá jogando com Vinicius no Circuito Brasileiro:
A vida no vôlei de praia é sempre sobre recomeços. Esse será mais um para mim.