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LUTO

Morre, aos 92 anos, Zagallo, ex-técnico da Seleção Brasileira

"Velho Lobo" levantou taças da Copa como atleta e treinador, comandando o escrete histórico de 1970, tricampeão no México

Zagallo, lenda do futebol brasileiroZagallo, lenda do futebol brasileiro - Foto: Lucas Figueiredo/CBF

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“Zagallo eterno”. “Velho Lobo vive”. “O Brasil de luto”. Escolha a frase que quiser, mas saiba que, para começar um texto em homenagem a Mário Jorge Lobo Zagallo, falecido neste sábado (6), no Rio de Janeiro, é preciso respeitar a superstição das 13 letras, um marca registrada do ex-jogador e ex-treinador.

Sete Copas do Mundo, duas taças como atleta (1958 e 1962), uma como técnico (1970) e outra como coordenador (1994). Único com quatro troféus mundiais. Polêmico e com um patriotismo fervoroso, foi símbolo atemporal de amor à Seleção Brasileira.

A informação do falecimento foi confirmada nas redes sociais, sem detalhes da causa da morte.

“Um pai devotado, avô amoroso, sogro carinhoso, amigo fiel, profissional vitorioso e um grande ser humano. Ídolo gigante. Um patriota que nos deixa um legado de grandes conquistas”, diz a nota.

“Agradecemos a Deus pelo tempo que pudemos conviver com você e pedimos ao Pai que encontremos conforto nas boas lembranças e no grande exemplo que você nos deixa”, completou.

De Atalaia para o mundo
Nascido em 1931, em Atalaia, quase 50 quilômetros distante de Maceió, capital de Alagoas, Zagallo se mudou ao Rio Janeiro aos oito meses de idade. Criado no bairro da Tijuca, começou a carreira em 1947, no América. O sonho era seguir os passos do pai, Aroldo Cardoso Zagallo, que jogou no CRB. Ainda assim, havia resistência quanto a ter mais um atleta na família. O “Zagallo pai” queria que o filho trabalhasse com contabilidade, no escritório de representação da fábrica de tecidos de um tio. A paixão pelo futebol, porém, falou mais alto.

“Eu jogava pelada onde o Maracanã foi construído. Vi aquele mundo surgir do nada", disse, em entrevista ao Memória Globo.

Zagallo começou como meia, mas depois passou para a ponta esquerda. Ainda aos 20 anos, em 1950, esteve no Maracanã para acompanhar um dos jogos mais tristes da história do futebol brasileiro: a derrota na final da Copa do Mundo, por 2x1, para o Uruguai. Servindo ao exército na ocasião, ele era um dos responsáveis pela segurança do estádio. “Eu estava de verde oliva, capacete, botina, tudo que tinha direito”.

À época, Zagallo já era da base do Flamengo. Na Gávea, jogou de 1950 a 1958. Foi tricampeão carioca (1953-1955). Disputou 205 jogos e marcou 29 gols, ganhando o apelido de "Formiguinha".

“Supersticioso” tem 13 letras
Foi no Rio que Zagallo conheceu Alcina, com quem casou em 1955.  A cerimônia ocorreu no dia 13 de janeiro. A esposa era devota de Santo Antônio, o "santo casamementeiro", homenageado no dia 13 de junho. Foi assim que começou a simbologia com a numeração. Há quem diga que o ex-treinador chegou a priorizar a busca de apartamentos que ficassem no 13º andar.

Em 1958, Zagallo foi convocado pelo técnico Vicente Feola para a Copa do Mundo da Suécia. Junto com Didi, Pelé e companhia, o Velho Lobo contribuiu para a primeira conquista mundial da seleção.

"Na Suécia, a bandeira de Portugal estava no lugar da do Brasil. Não tínhamos prestígio no exterior. Ninguém acreditava na Seleção. Tínhamos perdido a Copa de 1950 em casa. O futebol fez muita coisa por este País. A ‘amarelinha’ mostrou que havia um País no outro continente, porque até a nossa capital achavam que era Buenos Aires”, disse.

No mesmo ano, Zagallo se transferiu para o Botafogo. No alvinegro carioca, jogou ao lado de lendas como o lateral Nilton Santos e o atacante Garrincha, sendo campeão carioca em 1961 e 1962. Por falar nesse último ano, o ponta foi novamente selecionado para o Mundial, ganhando o segundo título (dele e do Brasil) na Copa. Foi na Estrela Solitária que ele encerrou a carreira, em 1965, aos 34 anos, sem qualquer expulsão na carreira.

“Vocês vão ter que me engolir”
A frase acima foi dita por Zagallo após a conquista da Copa América de 1997 é a mais icônica na carreira como treinador. Mas bem antes do desabafo, o Brasil já tinha “engolido” o alagoano. A nova função foi iniciada no Botafogo, com os títulos cariocas de 1967 e 1968 - ano em que também foi campeão brasileiro.

Há menos de 90 dias para o início da Copa do Mundo de 1970, Zagallo foi chamado para substituir João Saldanha no comando da Seleção. Com pouco tempo, o técnico, de apenas 39 anos, decidiu escalar “cinco camisas 10” na frente. Tostão, Rivellino, Gerson, Jairzinho e o maior de todos, Pelé. A consequência disso foi a maior equipe da história mundial, tricampeã no México.

Zagallo também comandou a Seleção no Mundial de 1974, sem o mesmo sucesso, caindo na semifinal para a Holanda. Antes de retornar ao comando da Canarinho, para a Copa de 1998 (no vice-campeonato para a França), o treinador trabalhou em clubes do Rio, colecionando títulos estaduais no Fluminense, Flamengo, Botafogo e Vasco. Teve ainda uma rápida aparição no Bangu, além de passagens no exterior, comandando o Al-Hilal e as seleções dos Emirados Árabes, Arábia Saudita e do Kuwait.

Tabelinha com Parreira
Em 1994 e 2006, Zagallo formou uma parceria com o técnico Carlos Alberto Parreira. O Velho Lobo foi auxiliar da Seleção nas Copas. Na primeira, mais uma conquista para o currículo do alagoano, com o tetracampeonato. Em seguida, 12 anos, não conseguiu repetir o feito, sendo eliminado nas quartas de final para os franceses, os mesmos algozes de 1998.

No comando da Seleção principal, Zagallo fez 135 jogos, com 99 vitórias, 26 empates e 10 derrotas. Como coordenador, foram 72, com 39 triunfos, 25 resultados de igualdade e oito tropeços. Como atleta na Canarinho, foram 35 partidas, ganhando 29, empatando quatro e perdendo duas.

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