Mundial de Clubes: abrir o placar tem sido fundamental para brasileiros irem à decisão
Flamengo encara o Al-Hilal, da Arábia Saudita, precisando administrar carga emocional da competição
É sedutora a busca por respostas no passado para perguntas que surgem no presente. O que o Flamengo deve fazer para evitar surpresas contra o Al Hilal e se classificar para a decisão do Mundial de Clubes?
Procura-se, então, comportamentos que se repitam: acertos coincidentes entre vitoriosos, erros reincidentes entre perdedores. Mas a única coisa em comum é a enorme carga emocional que a disputa do Mundial traz para os brasileiros envolvidos.
David Luiz, do Flamengo, aos 35 anos, admitiu a ansiedade pela disputa do título no Marrocos. Provavelmente grandes expectativas como a do veterano explicam porque tem sido tão importante para os times brasileiros saírem na frente nas semifinais do Mundial.
Desde 2005, quando a Fifa passou a organizar a competição no formato atual, abrir o placar na partida de estreia foi meio caminho andado rumo à decisão. Todos os times brasileiros eliminados antes da final (Internacional em 2010, Atlético-MG em 2013 e Palmeiras em 2020) não conseguiram a virada depois de sofrerem o primeiro gol.
São Paulo, Internacional (2006), Santos, Corinthians, Grêmio e Palmeiras (2021) saíram na frente e avançaram.
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Marcar primeiro é uma vantagem simples, mas que ajuda a manter de pé estratégias de jogo preestabelecidas. Permite também que se jogue mais defensivamente. E tradicionalmente é mais fácil agir para não tomar gols do que para fazê-los.
Mas, principalmente, o primeiro gol colabora para os jogadores administrarem os ânimos. Porque, por mais que o retrospecto indique sempre jogos equilibrados, está embutida na cabeça do brasileiro a ideia de que perder para o europeu é compreensível, mas que a derrota para o adversário de um outro continente é motivo de vergonha.
Em toda a história da competição no formato atual, o único sul-americano que saiu atrás do placar e virou foi o Flamengo, em 2019, contra o mesmo Al Hilal.
A partir daí, vem a tentativa de entender o que fazia o Flamengo de Jorge Jesus diferente do Palmeiras de Abel Ferreira, do Atlético-MG de Cuca e do Internacional de Celso Roth. A resposta mais simples é que certamente nenhum dos três jogava um futebol no nível do rubro-negro quatro anos atrás.
Diferentemente de Internacional e Atlético-MG, o Flamengo de 2019 não teve de esperar meses entre a final da Libertadores e a competição da Fifa. Isso ajudou o time a chegar embalado e sem perder jogadores negociados. Mas o Palmeiras de Abel Ferreira viveu situação parecida: teve apenas oito dias entre a vitória sobre o Santos na Libertadores e a derrota para o Tigres-MEX no Mundial.
Pesou contra o alviverde em 2020-2021 o fato de ser um trabalho já vitorioso, mas de apenas quatro meses, ainda cru, como o crescimento no nível das atuações do Palmeiras que veio depois comprovou. Quando enfrentou um adversário também forte, travou por falta de alternativas táticas.
Mas isso não foi um problema para o Flamengo de Jorge Jesus, com apenas dois meses a mais à frente do time. E o contrário não livrou o Atlético-MG de Cuca da derrota para o Raja Casablanca — o treinador estava na sua terceira temporada à frente do Galo.
Pesou para o Atlético naquela ocasião o fato de ter sido o único time brasileiro até hoje a enfrentar um time dono da casa em Mundiais. A pressão veio forte. Já o Internacional também caiu numa semifinal, para o Mazembe, da República Democrática do Congo, nos Emirados Árabes.