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Copa do Mundo 2022

Mundo árabe se volta para o Marrocos, seu último representante na Copa

Marrocos disputará no sábado (10), pela primeira vez em sua história, as quarta de final

Torcedor do Marrocos no CatarTorcedor do Marrocos no Catar - Foto: AFP Javier Soriano/AFP

Longe das tensões geopolíticas, o torcedor argelino Omar Boubaker apoia a seleção do Marrocos, assim como o restante do mundo árabe, que se volta para este país norte-africano, o último que o representa na Copa do Mundo do Catar e que disputará no sábado (10), pela primeira vez em sua história, as quartas de final.

"Marrocos é como Argélia! Espero que cheguem longe", afirma este comerciante de Orã, de 50 anos, que viajou para Doha para assistir à primeira Copa do Mundo de futebol realizada no mundo árabe.

As relações extremamente tensas entre Rabat e Argel não impediram os argelinos, assim como inúmeros torcedores árabes, de celebrarem na última terça-feira (6) a vitória do Marrocos contra a Espanha, o que o levou às quartas de final, um feito nunca alcançado por uma equipe da região. 

"A política é para os políticos", diz Boubaker, que espera ver o Marrocos conquistar a Copa do Mundo. "Tudo é possível!", garante ele, enquanto a imprensa de seu país fala do sucesso da nação vizinha.

Localizado no extremo-oeste do mundo árabe, o Marrocos costuma ser visto como um país à parte na região, com uma cultura particular e um dialeto considerado difícil. Mesmo assim, os Leões do Atlas têm seduzido torcedores do Líbano, Líbia, Síria, Tunísia e países do Golfo.

Com a aproximação das quartas de final contra Portugal, a bandeira vermelha com uma estrela verde tremula por toda Doha, enquanto o Catar não para de se parabenizar por sediar uma Copa do Mundo em nome de todos os árabes.

Sonho árabe
O gol da vitória da equipe de Achraf Hakimi causou comoção de Idleb (Síria) a Sanaa (Iêmen), passando por Beirute (Líbano) e Bagdá (Iraque), em uma região abalada por conflitos sangrentos, estagnação econômica e onde as boas notícias são escassas. 

O estudante marroquino Usama Qablani, que viajou sozinho de Paris para torcer pelos Leões, diz que logo deixou a solidão para trás, graças à "unidade árabe" em torno de sua seleção, com "a impressão de estar em Casablanca, ou Rabat".

"O clima que une os árabes aqui é único e inédito", celebra o jovem de 26 anos, vestindo uma faixa vermelha de sua seleção, enquanto um torcedor jordaniano o aplaude: "Vamos vencer! Vamos vencer!".

No Souq Waqif, um dos locais mais frequentados por torcedores em Doha, bandeiras e lenços marroquinos são vendidos como água, segundo os vendedores. Entre os clientes, Mohi Khaled, vestido com as cores vermelho e verde, tenta comprar ingressos para a próxima partida.

"O Marrocos reflete um lindo sonho árabe que deixa todos nós felizes", afirma uma adolescente egípcia de 16 anos, em frente a uma loja de camisetas e bandeiras. 

"Parece que o mundo inteiro está conosco", comemora Aicha, uma marroquina de 60 anos que não quis revelar seu sobrenome, enquanto janta em um restaurante libanês.

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