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Luto

Na imaginação: o dia em que Pelé "contratou" Maradona para o Santos

Na época, o Rei era ministro dos Esportes no Brasil e a contratação foi tratada quase como uma negociação comercial

Maradona e PeléMaradona e Pelé - Foto:  Ricardo Alfieri/Wikimedia Commons

No acaso de sua carreira, Diego Maradona pensava no que faria após a suspensão que o afastou da Copa do Mundo de 1994. A ajuda quase veio de seu grande rival, Pelé, que o "contratou" para o Santos, clube em que o brasileiro estabeleceu seu reinado.

O Rei aprovou que o único homem que ameaçava derrubá-lo no Planeta Futebol vestisse o uniforme alvinegro com o qual o brasileiro conquistou diversos títulos, incluindo duas Libertadores e duas Copas Intercontinentais, entre 1956 e 1974.
"Será uma promoção muito boa, tanto para Argentina como para o Brasil. Maradona ainda é uma estrela e pode ter um grande rendimento", disse Pelé na ocasião.

Era o mês de maio de 1995 e ainda faltavam quatro meses para que o argentino retornasse aos gramados. A Fifa havia determinado a suspensão por doping no Mundial dos Estados Unidos. Diego, com 34 anos, negou a irregularidade e disse uma de suas frases famosas: "Cortaram as minhas pernas".

O contrato do Santos, administrado então pela empresa Pelé Sports & Marketing, era a salvação. À espera do fim da pena, o Pelusa começou a carreira de técnico, mas teve passagens discretas pelo modesto Deportivo Mandiyú e o Racing de Avellaneda. A imprensa começou a especular que terminaria jogando em ligas menores como a do Japão. 

Na época, Pelé era ministro dos Esportes no Brasil e a contratação foi tratada quase como uma negociação comercial. O Rei chegou a conversar com o então presidente argentino, Carlos Menem, sobre o tema.



"Ele (Menem) acredita que será algo muito bom para a Argentina que Maradona consiga reparar sua imagem pública", afirmou na época ao jornal El País da Espanha. O tricampeão mundial tinha o apoio de empresários brasileiros, segundo a imprensa local.

"Só na imaginação"
O Pelusa estava entusiasmado em jogar no Brasil, mas o sonho não virou realidade. "Maradona se animou com a possibilidade, especialmente pelo fato da articulação contar com a ajuda da Pelé Sports & Marketing", publicou o clube paulista no Twitter na quarta-feira, dia da morte do argentino.

"Porém, o custo elevado da transação impossibilitou a contratação, que certamente abalaria o futebol mundial (...) mas a união entre 'El Pibe de Oro' e a maior camisa 10 da história do futebol, infelizmente, ficaria só na imaginação", completou o clube.

Maradona finalmente retornou a seu clube de coração. O Boca Juniors recebeu o filho pródigo e depois ele ainda teve um reencontro inesperado com o técnico Carlos Bilardo, que comandou a Argentina campeã do mundo no México-1986, que o levou para o Sevilla da Espanha.

El Pelusa jogou a última partida oficial com o uniforme xeneize em 25 de outubro de 1997 na vitória de 2-1 no clássico com o River Plate, no estádio Monumental.  Longe dos gramados, ele começaria uma nova batalha contra seus vícios. O sobrepeso e os escândalos apareceram, assim como os bons e maus momentos com Pelé, o homem com quem disputa o título de melhor jogador do século XX.

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