Ausência de Vinicius Júnior no "Prêmio The Best" é um boicote ao que representa o jogador
Mesmo com números superiores a muitos concorrentes, brasileiro ficou fora da lista de melhor jogador do mundo
Nos dicionários de língua portuguesa, a palavra boicote tem por uma das suas definições: "veto a quaisquer relações com indivíduo ou grupo a que(m) se queira punir ou constranger a algo". Com a divulgação da lista dos 12 jogadores que concorrem ao The Best 2023, nesta quinta-feira (14), a não citação de Vinícius Júnior ressalta o quão as estruturas das entidades que comandam o futebol internacional são racistas e o quanto essa ausência é uma ação de combater uma das principais vozes contra o racismo no esporte atual.
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Nas regras de alocação para construir as listas dos melhores jogadores do mundo, os dois primeiros artigos mostram o quão contraditório soa a ausência de Vini entre os melhores. No artigo de número dois, foi determinado o recorte entre 19 de dezembro de 2022 e 20 de agosto de 2022, para analisar os feitos dos atletas. Ou seja, um dia logo após a final de Copa do Mundo do Catar até os primeiros momentos da atual temporada europeia.
Já no artigo seguinte, a Federação estabeleceu que "os prêmios são concedidos com base no desempenho individual em campo e na conduta geral fora dele, como também o desempenho em campo e do comportamento geral de suas equipes". Baseado nisso, surge a primeira pergunta: quais são as medidas necessárias para compreender o impacto de um jogador dentro de campo?. Se foram considerados os números, surge também a primeira grande "ironia".
Os números não mentem
O novo número sete do Real Madrid tem estatísticas melhores que alguns dos jogadores presentes na disputa. Se comparar Vinicius com outros atacantes listados, - Messi, Julian Álvarez e Kvaratskhelia -, o brasileiro tem marcas melhores que todos eles.
No período definido, Vini marcou 16 gols e anotou 14 assistêcias, 30 participações diretas em gols e mais dribles e jogadas de velocidade que marcaram as memórias dos torcedores. Enquanto isso, Messi participou de 20 gols, Álvarez e Kvaratskhelia 12. Além desses nomes, por mais que sejam atletas de posição diferente, Marcelo Brozovic e Declan Rice ajudaram com apenas sete colaborações diretas para suas equipes. Kylian Mbappé, um dos melhores da atualidade, marcou 24 gols e seis assistências, mesmo número de participações diretas.
Fora de campo, Vinicius Júnior internacionalizou a necessidade de uma luta anti-racista, é uma voz que não se cala diante da violência, que pauta o debate público e que com a postura combativa que tem, incomoda aqueles que desejam continuar com os ciclos de violência e segregação. Vini se tornou um símbolo para as novas gerações, com mais quase 50 milhões de seguidores nas redes sociais, e se utiliza do alcance que tem para influenciar positivamente a sociedade.
Reações nas redes de debate
A redes sociais logo se voltaram para o tema e as nuances da não aparição do nome do atacante brasileiro foram percebidas. Bruno Formiga, jornalista, destacou a falta de confiança que essa medida deu ao prêmio. "A ausência do Vini Jr na lista do The Best 2023, além de injustificável, é um completo escárnio. O regulamento do prêmio foi rasgado. Um tapa na credibilidade", publicou, via redes sociais.
No programa Seleção SporTV, André Rizek trouxe o racismo como única justificativa para a ausência do atleta na lista dos melhores jogadores de futebol do mundo.
"Vinicius Júnior, caso você esteja chateado por ter ficado de fora da lista do FIFA The Best, eu gostaria de te dizer que isso só engrandece a sua luta contra o racismo, porque é somente por causa dela que você está fora dessa lista. Você virou um incômodo para a comunidade do futebol, porque você traz a realidade e joga na cara que o futebol tem um problema, você escancara um problema que o futebol não quer falar. A sua ausência só aumenta o seu tamanho. Você está tão grande que teve que ficar de fora da lista por causa da sua luta", disse o comunicador.
Lista dos jogadores que disputam o Prêmio The Best FIFA
No masculino, disputam o prêmio Julián Álvarez (Argentina/Manchester City), Marcelo Brozovic (Croácia/Inter de Milão e Al-Nassr), De Bruyne (Bélgica/Manchester City), Gündogan (Alemanha/Manchester City e Barcelona), Haaland (Noruega/Manchester City), Rodri (Espanha/Manchester City), Kvaratskhelia (Geórgia/Napoli), Mbappé (França/PSG), Messi (Argentina/PSG e Inter Miami), Osimhen (Nigéria/Napoli), Rice (Inglaterra/West Ham e Arsenal) e Bernardo Silva (Portugal/Manchester City).
A premiação também reconhecerá a melhor jogadora, o melhor goleiro e técnicos do mundo. Já a divulgação dos concorrentes ao Puskas, de gol mais bonito da temporada, só será divulgada no dia 21 de setembro. Para as eleições, o público pode participar atráves do site da Fifa, com os votos sendo computados até seis de outubro.