Narcotraficante que jogava futebol com registro falso da CBF é protegido por milícia brasileira
Procurado pela Interpol, Sebastián Marset usava documento do Brasil com nome falso de Luis Amorim; governo boliviano diz 'grupo paramilitar' faz sua segurança
Um dos homens mais procurados da América do Sul, o narcotraficante uruguaio Sebastian Marset, de 31 anos, foge da polícia com a ajuda de milicianos do Brasil.
Nesta quinta-feira (3) o governo da Bolívia informou que o criminoso conta com um "grupo paramilitar" brasileiro fazendo sua segurança, informou a agência Ansa. É com essa rede de apoio que ele mantém-se fora das garras da da Interpol e da DEA (agência antidrogas dos EUA).
Marset tem pedidos de prisão decretados no Uruguai, seu país natal, Paraguai e Bolívia. Foi neste último país que ele foi encontrado na última segunda-feira (31), mas conseguiu fugir. O criminoso vivia uma vida de luxo em Santa Cruz de La Sierra, onde se disfarçava como jogador de futebol.
Com suas partidas documentadas em transmissões por redes sociais, que exibiam vídeos de suas atuações, Marset jogava profissionalmente com um documento falso da CBF. Ele alegava ser brasileiro e se chamar Luis Amorim.
— Temos certeza que há um grupo paramilitar com armas de guerra encarregado de sua proteção — disse o vice-ministro da Polícia do país, Johnny Aguilera.
Marset é investigado pelo Ministério Público boliviano por pelo menos seis crimes, incluindo tráfico de drogas, revelou nesta quinta-feira o procurador Róger Mariaca.
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— Como Ministério Público, uma vez conhecida a presença de Sebastián Marset em Santa Cruz [...] começamos com todos os atos de investigação para descobrir seu paradeiro — disse o procurador à AFP.
A polícia e o Ministério Público procuram Marset e sua família desde sábado, após informações transmitidas pelo Paraguai e Uruguai à Bolívia sobre seu paradeiro e investigações locais sobre suas atividades, segundo o Ministério do Interior.
Mariaca detalhou que Marset e sua quadrilha estão sendo investigados por crimes como "legitimação de ganhos ilícitos", "tráfico de drogas", "tráfico de armas", "associação criminosa", "privação da liberdade" e "crime organizado".
O Código Penal boliviano estabelece uma pena de até 10 anos para todas as acusações.
As primeiras investigações na Bolívia apuram que Marset exercia diversas atividades econômicas em Santa Cruz, dirigia um time de futebol e era protegida por um grupo de segurança paramilitar, formado principalmente por brasileiros.
A polícia informou que buscas estão sendo realizadas em todo o país para descobrir o paradeiro de Marset, sua esposa e seus três filhos.
O Ministério de Governo destacou que o uruguaio “é um narcotraficante de alto valor” para a região e para o mundo.
O nome de Marset foi associado à morte do promotor paraguaio Marcelo Pecci e sua esposa na Colômbia em 2022, embora o procurador-geral da Colômbia, Francisco Barbosa, tenha indicado que "não há provas materiais".
No Paraguai, ele é indiciado pelo crime de tráfico de drogas e também está na lista vermelha da Interpol.
Ele está foragido desde o final de 2021, quando saiu dos Emirados Árabes Unidos, onde foi detido por usar passaporte paraguaio.