NBA: Entenda cinco aspectos que podem decidir a final entre Celtics e Warriors
Enquanto Golden State aposta em ataque veloz e plural, Celtics têm defesa como principal trunfo; experiência pode ser importante aliada aos Warriors
Na próxima quinta-feira, às 22h, Golden State Warriors e Boston Celtics darão início às finais da NBA. Após sobrarem contra o Dallas Mavericks e vencerem por 4 a 1, Curry, Thompson e companhia acompanharam os confrontos acirrados entre Celtics e Miami Heat, vencido pela franquia de Massachusetts no jogo sete com show do trio formado por Jayson Tatum, Jaylen Brown e Marcus Smart.
Embora a decisão coloque frente a frente duas entidades repletas de títulos e estrelas, a história recente dos elencos de Warriors e Celtics destoa, o que pode ser um diferencial quando as partidas começarem. Por isso, o Globo separou cinco aspectos que podem ser fundamentais nas finais da NBA.
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Os MVPs
As principais forças de cada uma das franquias são seus principais jogadores. De um lado, está Stephen Curry. Com três títulos na NBA e o recorde de mais bolas de três na história da NBA, com mais de 3.000 arremessos certos, o armador chega, junto dos Warriors, a sua sexta final nos últimos oito anos. É o condutor da dinastia do Golden State. Não à toa, foi o MVP das finais de conferência do Oeste. Na pós-temporada, tem média de 25.9 pontos, 4.9 rebotes e 6.2 assistências.
Do outro lado, estará Jayson Tatum. Aos 24 anos, o ala assumiu a responsabilidade de ser o "Franchise Player" (jogador da franquia, em tradução livre) dos Celtics desde a conturbada saída de Kyrie Irving. Em 2020, chegou, com o time de Boston, às finais de conferência, mas perdeu para o Miami Heat. Dessa vez, com média de 25 pontos, 5.5 assistências e 8.2 rebotes nas decisões do Leste, Tatum conquistou, contra os algozes, a vaga para a final da NBA e o prêmio de MVP.
Trios
Tanto os Celtics como os Warriors tem, como base do time, um trio de estrelas. Na franquia de Boston, Tatum, Jaylen Brown e Marcus Smart foram decisivos na classificação para as finais. No domingo, contra Miami, os três se tornaram o primeiro trio a ter pelo menos 20 pontos e cinco assistências em um jogo sete de final de conferência desde os Lakers de 1988 com Magic Johnson, James Worthy e Byron Scott. Além disso, com Smart como o jogador mais experiente e que faz o "trabalho sujo", da marcação, Tatum e Brown finalmente conseguiram chegar ao entrosamento ideal, o que chegou a ser um problema internamente.
Já na California, o trio formado por Curry, Klay Thompson e Draymond Green já tem seu lugar reservado na história da NBA. Desde 2019, quando Thompson se lesionou nas finais contra os Raptors, o Golden State não contava com os três juntos e saudáveis.
— É surreal o que está acontecendo. Nessa mesma época do ano passado eu estava voltando a correr. É um sentimento tão surreal. É difícil colocar em palavras realmente. Eles me diziam que valeria a pena e era difícil ver isso na época, mas agora, para realmente estar aqui, posso sentir que vale a pena — afirmou Thompson, emocionado, após conquistar a conferência Oeste com os Warriors.
Agora, bem condicionados fisicamente e entrosados com o sistema de jogo que os consagrou, com movimentações rápidas, trocas de passes intensa e chutes de três pontos, os três tentam retomar o caminho dos títulos.
— Acho que o sistema ofensivo do GSW é a grande característica do time, onde todos tocam na bola. É muito difícil marcar um time que está constantemente em movimento, com dois chutadores como o Klay Thompson e o Curry. Agora o Jordan Poole, que entrou nesse time de chutadores especialistas. É muito difícil marca-los enquanto se movimentam. Isso pode pegar a defesa do Boston desprevenida — falou Marcelinho Machado, ex-jogador da seleção brasileira e comentarista de basquete no SporTV.
Defesas
Além de ter a melhor defesa da NBA em pontos cedidos na temporada regular e a segunda melhor nos playoffs — eliminou o Miami, que tem a melhor — o Boston Celtics conta com Marcus Smart, eleito defensor do ano, e Robert Williams, presente na lista do segundo melhor time de marcadores da liga.
Por outro lado, o Golden State, que tem o melhor ataque da pós-temporada, teve também a terceira melhor defesa da temporada regular na NBA, o que mostra o equilíbrio da equipe comandada por Steve Kerr e que conta com Draymond Green, exímio marcador e selecionado para o segundo time de defesa da liga.
— Outra característica positiva do GSW, que pode dificultar a participação do Robert Williams na série, é que eles jogam com um quinteto baixo. Poole, Curry, Thompson e Wiggins jogando aberto e Draymond Green de cinco. Então complica a defesa de Boston ter um pivô grande, porque ele vai ficar exposto. E o Green acaba se garantindo na defesa — explicou Marcelinho.
Coadjuvantes
Se o trio de Golden State já é consagrado, outros jogadores como Jordan Poole e Andrew Wiggins fizeram seus nomes nessa temporada da NBA. O primeiro, com um início de pós-temporada arrasadora, chegou a jogar de titular na vaga de Stephen Curry, que voltava de lesão. Já Wiggins, selecionado para o All Star Game, vive playoffs dos sonhos e é constantemente elogiado pelos companheiros de time. Contra o Dallas Mavericks, se saiu bem na missão de marcar Luka Doncic, um dos principais jogadores da liga.
Nos Celtics, o grande coadjuvante é Al Horford. Veterano de 35 anos, o pivô soma 11.9 pontos, 9.6 rebotes (líder do time no quesito) e 3.5 assistências nos playoffs. Na partida decisiva da série, jogou 44 minutos de 48 possíveis e somou 14 rebotes.
— O Al Horford teve momentos incríveis nesses playoffs. O Grant Williams foi muito bem em algumas partidas. o Derrick White apareceu muito bem quando o Smart não jogou. É um time que tem elenco — enfatizou o ex-jogador, antes de falar das características do banco dos Warriors. — O Golden State é o time que mais usa os reservas nos playoffs, mesmo não tendo nomes muito conhecidos, como o Moses Moody, calouro que fechou a série muito bem. Isso de rodar muito é uma característica positiva do time.
Experiência
Embora um time com bastante qualidade há um tempo (Tatum foi draftado em 2017, Brown em 2016 e Smart em 2014) e uma franquia acostumada com decisões — com 17 títulos, estão empatados com os Lakers como maiores campeões da NBA —, os Celtics passaram 12 anos sem chegar as finais da liga. É a primeira dos principais jogadores do elenco e até do veterano Horford.
— Acredito sim que a experiência é um fator importantíssimo numa série final de playoff. Quem já passou por isso tem vantagem. Mas acho que a caminhada do Boston o qualifica. Mesmo sem esse elenco ter jogado final, eles passaram por muitas provas. A caminhada do GSW foi tranquila, a do Boston não. Começaram com um time de Kevin Durant e Irving e tiveram a única varrida dos playoffs. Depois, duas séries chegando ao sétimo jogo. Acho que isso dá força para o time. Ganha peso. Embora não tenham jogado final de NBA, porque bateram na trave, foram testados algumas vezes — disse Marcelinho Machado.
Além disso, o treinador dos Celtics, Ime Udoka, está apenas no primeiro ano da carreira como técnico principal de um time profissional. Enquanto isso, o Golden State tem uma das maiores dinastias da história da NBA. É a sexta final em oito anos. Os três principais jogadores estiveram em todas, assim como o técnico, Steve Kerr, que também esteve presente nos Bulls de Michael Jordan, considerado um dos grandes times de todos os tempos. Mas nada disso impressiona Udoka.
— Estamos aqui para coisas maiores e melhores. Não celebramos título de conferência Leste nesta organização. Seria tudo em vão se formos varridos nas finais, e entendemos isso. Os caras foram rápidos em comemorar, mas rápidos em virar a página e dizer: 'temos mais quatro, não relaxamos ou celebramos campeonatos da conferência Leste na organização. Assim, todos nos alinhamos e apreciamos esse padrão de excelência — falou, após a conquista do título contra o Heat em Miami.
— É lógico que o Steve Kerr é muito mais experimentado, mas acredito que o Ime Udoka chega com muito peso por ter feito campanha brilhante na sua primeira temporada. É incrível o que ele vem fazendo a frente do Boston. Tem, sim, uma pequena vantagem pro Kerr pela experiência, mas a trajetória desse ano também dá muita força ao Udoka — finalizou Marcelinho.