'Neymar arqueiro', D'Almeida vira esperança de medalha no tiro com arco
Brasileiro foi preparado para ser uma das grandes esperanças do país na modalidade
Na primeira vez em que pegou um arco e flechas, Marcus D'Almeida tinha apenas 12 anos. Por isso, teve de pedir a autorização da mãe, que o deixou participar de um teste da Confederação Brasileira de Tiro com Arco (CBTArco) em Maricá (RJ), onde ele foi criado e onde fica o centro de treinamento da entidade.
Ali, e somente ali, D'Almeida não era um apaixonado pelo tiro com arco. Depois, a relação quase simbiótica com o esporte tomou a vida do menino que se tornou o segundo brasileiro a chegar às oitavas de final da modalidade em Olimpíadas -no Rio, em 2016, Ane Marcelle dos Santos alcançou a mesma fase e foi eliminada, algo que voltou a acontecer em Tóquio, após perder para a coreana An San.
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Maduro e de bigode, o brasileiro de 23 anos derrotou o britânico Patrick Huston e o holandês Sjef van den Berg, ambos por 7 a 1. Nesta sexta-feira (30), às 21h30, o adversário será o italiano Mauro Nespoli.
"Cheguei à Vila Olímpica e peguei meu telefone para ver o tanto de mensagem, o tanto de energia boa que eu recebi, o tanto de torcida", escreveu D'Almeida nas redes sociais. "Agora o horário da prova é mais tranquilo para o Brasil, então continuem mandando energia positiva para cá, torcendo por mim."
A trajetória em Tóquio começou na fase de ranqueamento, obrigatória aos 64 arqueiros na competição.
Ali, todos têm direito a 72 tiros, e assim são definidas as posições para a segunda fase, conhecida como "combate" -um mata-mata entre os arqueiros. Distantes 70 m do alvo, cada atleta ganha três flechas por série e precisa fazer mais pontos do que o adversário.
Quem tem notas maiores recebe dois pontos; em caso de empate, ambos ganham um. Avança quem chegar a seis pontos primeiro.
Hoje atleta de destaque, D'Almeida despontou em 2014, quando conquistou a prata nos Jogos Olímpicos da Juventude de Nanquim, na China. Naquele ano, também ganhou três medalhas de ouro nos Jogos Sul-Americanos e uma prata na Copa do Mundo. Pela pouca idade, ganhou o apelido de "Neymar arqueiro".
No ano seguinte, fez parte da equipe que quebrou o jejum de 32 anos sem pódio ao ser bronze na competição por equipes do tiro com arco dos Jogos Pan-Americanos de Toronto-2015.
Mas a prova de fogo foi em 2016, no Rio. D'Almeida disputou uma Olimpíada pela primeira vez e caiu logo na primeira rodada, ao ser eliminado na primeira rodada pelo americano Jake Kaminski. Por equipes, o brasileiro também perdeu logo no primeiro confronto. E aí, no sentimento da derrota, pensou em desistir.
Tinha só 18 anos, e a ideia, como costuma acontecer com adolescentes, dissipou-se. O arqueiro reforçou os treinos e, com a ajuda do Comitê Olímpico Brasileiro (COB), fez intercâmbios na Coreia do Sul. Hoje, é treinado pelo cubano Jorge Carrasco, da seleção brasileira. A classificação para Tóquio-2020 coroa a persistência do brasileiro, preparado para ser uma das grandes esperanças do país na modalidade.