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Novo presidente do COB, Marco La Porta, quer priorizar desenvolvimento de novos talentos

Ele derrotou Paulo Wanderley por 30 a 25 votos e terá Yane Marques como vice-presidente

Yane Marques e Marco La Porta: vencedores da eleição para presidência do Comitê Olímpico do Brasil para o ciclo de Los Angeles-2028 Yane Marques e Marco La Porta: vencedores da eleição para presidência do Comitê Olímpico do Brasil para o ciclo de Los Angeles-2028  - Foto: COB/Divulgação

Marco La Porta foi eleito o novo presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) para o ciclo de Los Angeles-2028, e em sua primeira entrevista após o pleito, ontem, na sede da entidade, disse que seu maior desafio será a renovação de talentos.

Ele era vice-presidente de Paulo Wanderley, candidato derrotado nas urnas por 30 votos a 25. Wanderley não quis dar entrevista.

La Porta assumirá o principal posto da entidade em janeiro e levará consigo Yane Marques, ex-presidente da Comissão de Atletas do COB (CACOB), a primeira mulher na História da entidade a ocupar o cargo de vice-presidente.

O vencedor disse que a falta de novos rostos na elite esportiva foi o calcanhar de Aquiles do Time Brasil nos Jogos Olímpicos de Paris. Foram 20 medalhas conquistadas no total, uma a menos que Tóquio-2020, apenas três ouros e com poucas novas chances de pódio.

Para Los Angeles, ele diz que é preciso focar em investimento assertivo "no pessoal que foi bem em Paris, que bateu na trave, e também em quem ganhou medalha e vai ter mais um ciclo". Além disso, acredita que o COB já precisa programar Brisbane-2032.

—Precisamos investir na área de desenvolvimento, esse será o principal foco da nossa gestão, nosso maior desafio. Estamos preocupados porque não tem grandes talentos aparecendo. São casos pontuais e precisamos dar uma mapeada e trabalhar isso melhor. Os resultados pararam de crescer, e sabemos que este é um problema específico de falta de renovação. É preciso retomar o caminho do crescimento por meio do desenvolvimento — disse La Porta, sinalizando que esta área sofrerá grande mudança no COB.

— Não acho que o resultado de Paris tenha sido de todo ruim. Mas, vínhamos numa curva ascendente e estagnamos. Isso é muito claro. E nos coloca um risco muito grande para Los Angeles. Esse resultado de Paris ainda surfa em uma onda dos investimentos de 2016. O ciclo de Los Angeles já começou, mas temos de trabalhar para Brisbane.

Para ele, a atual gestão errou ao mudar a área de Esportes, em 2020. Classificou como "uma ruptura", uma vez que os comandantes do projeto mudaram.

Ele se refere principalmente a Jorge Bichara, ex-diretor de Esportes, que foi demitido. Mesmo fora do COB, profissionais de várias confederações esportivas procuravam Bichara para aconselhamentos informais. La Porta não disse se o contratará novamente.

— O esporte se faz a longo prazo e era isso que estava sendo feito. Foi desnecessário e, para mim, foi a principal causa para a estagnação — opinou o novo presidente.

Perguntado pelo Glono, sobre outras mudanças na direção do COB, ele disse que além da área de desenvolvimento, que hoje tem Kenji Saito como chefe, ele quer investir em uma nova diretoria, de Jogos e Operações Internacionais, e pretende convidar Joyce Ardies, que hoje é gerente de Jogos e Operações Internacionais, para assumir esta área como diretora. 

Ele promete alçar uma segunda mulher à cargo de direção, mas não citou nomes. Atualmente, a diretoria do COB só tem uma mulher, Isabele Duran (administrativa financeira).

La Porta comentou também que pretende ter uma administração descentralizada, com sub sedes do COB em Brasília e SP.

— A maior parte dos atletas está em São Paulo e não faz sentido o COB não ter um escritório que atenda a área esportiva. Queremos fazer parcerias com o NAR e com o Centro Olímpico, abrindo mais estas estruturas para que os atletas não precisem vir ao Rio. E em Brasília, seria uma subsede mais para relação institucional, para estarmos mais próximos dos deputados, do Ministério dos Esportes e das Forças Armadas.

Comissão de Atletas
A participação da Comissão de Atletas foi essencial para a vitória de La Porta e Yane. Todos os 55 membros com direito a voto estiveram no pleito, sendo 19 votos deste grupo.

Gustavo Freitas Guimarães, atleta do polo aquático, que estava em Cali, na Colômbia, para a disputa do Sul-Americano, pagou sua passagem para chegar ao Rio ontem de manhã e poder votar. Ontem mesmo voltaria à Colômbia para competir.

A ciclista Jaqueline Mourão, que mora no Canadá, também veio ao Brasil apenas para a votação pagando suas despesas (o COB paga as passagens de vôos nacionais).

Ao final da votação, os atletas se reuniram para festejar o resultado e fizeram fotos do grupo para registrar o momento:

— Estou com muito orgulho da nossa comissão, do nosso comprometimento. Porque não é só estar aqui para votar. Foram quatro anos construindo essa união. É também um orgulho muito grande ter uma atleta na gestão da principal entidade olímpica no Brasil. Isso dá o exemplo de que o atleta precisa se envolver mesmo, e que pode e consegue estar na gestão do esporte — comentou Poliana Okimoto, vice-presidente da CACOB.

— Estou muito emocionada. A Yane carrega muitas bandeiras, mulher, ex-atleta, mãe, é muito importante ela ter chegado lá.

Emocionada, Yane falou que quem lhe deu este voto de confiança não irá se arrepender:

—Estou disposta e com energia para colaborar junto com La Porta para fazermos um trabalho bem bacana. Quem nos deu esse voto de confiança não vai se arrepender — comemorou.

—Estamos escrevendo uma paginazinha no livro da História do Esporte do Brasil. Não sou só mulher, eu sou mãe, filha, esposa, nordestina, sertaneja, medalhista olímpica e com muita vontade de aprender e entregar o meu melhor junto com o La Porta. Temos muita sintonia, valores e princípios iguais e vamos colocarem prática neste projeto e vai dar certo.

Ao lado de Yane, La Porta comentou que o pleito foi apertado e que eles fizeram uma "campanha propositiva, de gestão mais moderna, de melhora nos resultados esportivos".

— Foi apertado e justo porque a gestão de Paulo Wanderley foi uma gestão muito boa. Pela primeira vez em 100 a oposição venceu esta eleição do COB. Isso é um sinal da força da nossa dupla. Para mim é um orgulho ter a Yane ao meu lado, temos muita sintonia e vai ser aquilo que a gente se popôs a fazer. De termos um COB unido, atletas e confederações conversando. Para gente não tem diferença, não tem polarização, vamos sentar na mesa e conversar com todo mundo e discutir o que é melhor para cada uma das modalidades. Faremos uma dupla que dará muita alegria ao esporte brasileiro.

Também foram eleitos oito integrantes do Conselho de Administração do COB, sendo sete presidentes de confederações e um independente:

Conselho de Administração
Felipe Tadeu Moreira Lima do Rêgo Barros (Handebol)

Radamés Lattari Filho (Voleibol)

Rafael Girotto (Canoagem)

Jodson Gomes Edington Junior (Tiro Esportivo)

Karl Anders Ivar Pettersson (Desportos na Neve)

Flavio Cabral Neves (Wrestling)

Flavio Padaratz (Surfe)

Daniela Rodriguez de Castro (membro independente)

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