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O silêncio do Canhão do Arruda

Foi sepultado, na última teça-feira (31) à tarde, o ex-jogador Paraíba, um dos feridos no atentado no Aeroporto dos Guararapes, em 1966

Na década de 1980, sendo homenageado no Arruda ao lado do também ídolo Zé do CarmoNa década de 1980, sendo homenageado no Arruda ao lado do também ídolo Zé do Carmo - Foto: Acervo Santa cruz

Sebastião Thomaz de Aquino foi sepultado, ontem, no Cemitério de Santo Amaro. Ele faleceu segunda-feira passada, aos 86 anos. Paraíba foi um centroavan­te rompedor, que chegou a ser empres­tado pelo Santa Cruz ao São Pau­lo e encerrou sua carreira em Por­tugal, quando a importação de jogadores brasileiros para aquele país ainda estava em fase embrionária. Em 1957, oito times disputaram o Campeonato Pernambucano. O certame foi dividido em três turnos, sendo o Santa Cruz campeão do primeiro, o Náutico do segundo e o Sport do terceiro. Pela primeira vez, três clubes decidiam o campeonato estadual, o que foi chama­do pela imprensa, na época, de supercampeonato (em 1915, Flamengo, Santa Cruz e Torre também decidiram o título, porém, como não estava previsto no regulamento a final entre três equipes, não se considera um supercampeonato).

Na disputa entre os três finalistas, o Náutico empatou com o Sport em 1x1, e o Santa Cruz venceu seus dois jogos - 3x1 em cima do Timbu e 3x2 contra o Leão -, sagrando-se o primeiro supercampeão do Estado, feito que se repetiu em 1976 e 1983. Na época, os três times da capital investiram forte em reforços e montaram verdadeiras seleções, tanto que, no dia 5/5/1957, o Diario de Pernambuco estampava nas suas folhas uma crônica de Fausto Neto que citava “a corrida louca e desen­freada dos clubes grandes desnorteou financeira e tecnicamente o futebol local”. Além das estrelas da equipe coral, como o treinador argentino Alfredo Gonzalez e os atletas Lanzoninho, Rudimar, Faustino, Mituca, Aldemar, Sidney e Aníbal, outros jogadores também foram importantes na conquista tricolor. O atacante Paraíba, que marcou nove tentos durante a competição, foi um deles.

No dia 20/1/2008, quando o Santa empatou (0x0) com o Vera Cruz, em Vitória de Santo Antão, Paraíba completou 77 anos e, apesar do momento difícil que o Mais Querido vivia, o ex-atacante comentava: “A queda para a Terceira Divisão foi anunciada desde o final dos anos 80. Culpa do uso da imagem do clube para fins políticos e pessoais, a contratação de jogadores sem nenhuma identificação com o clube e com a Região e, principalmente, a falta de investimento na base, que é a única solução para mudarmos o rumo da nossa história. Estamos precisando dos velhos olheiros. Quem me trouxe para o Santa foi Edésio Leitão, que me viu jogando pelo ABC, no Rio Grande do Norte”.

Sebastião Tomaz de Aquino nasceu em Ingá/PB em 1931. Chegou ao Arruda aos 18 anos de idade e passou cinco temporadas vestindo a camisa tricolor. Logo depois se transferiu para o São Paulo-SP, teve uma passagem pelo Salgueiros-POR, e voltou para o Santa, em 1957, quando conquistou seu primeiro título no clube que aprendeu a amar desde criança. Foi apelidado como o “Canhão do Arruda” pe­lo chute forte que tinha.

Vestindo a camisa coral marcou nada menos que 105 gols e ficou eternizado como um dos maiores nomes da história do clube das três cores.

Atentado

Além das brilhantes passagens pelo São Paulo e pelo Santa Cruz, Paraíba ficou marcado por outro acontecimento em sua história. Em 1966, no dia 25 de julho, quando trabalhava como guarda civil no Aeroporto dos Guararapes, achou uma maleta perdida no saguão e resolveu levar a mesma para a seção de achados e perdidos. Apósapenas dois passos, a maleta explodiu. Morreram o jornalista Edson Régis e o almirante Nelson Gomes Fernan­des. Outras 14 pessoas ficaram feridas, entre as quais o ex-jogador, que teve uma de suas pernas amputadas. Mais tarde se descobriu que a explosão havia sido um atentado terrorista dirigido à comitiva do general Costa e Silva, candidato à substituição do marechal Castelo Branco, na presidência da República.

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