Olimpíadas 2024: Rebeca Andrade vê próximas finais como chances de se tornar maior atleta do Brasil
A ginasta brasileira já tem cinco medalhas olímpicas, e pode aumentar ainda mais o números com mais duas finais em Paris
Todo o gigantismo de Rebeca Andrade foi posto à prova neste sábado (3), na final do salto da ginástica nas Olimpíadas de Paris 2024. O resultado? Medalha de prata, atrás apenas da norte-americana Simone Biles, e o lugar eterno na história do esporte brasileiro como a maior medalhista do país, ao lado de Robert Scheidt e Torben Grael, com cinco medalhas cada.
Em coletiva após o feito histórico - mais um para a sua coleção -, Rebeca Andrade evitou se colocar como a maior atleta olímpica da história do esporte brasileiro. Isso, no entanto, pode mudar logo logo. Classificada para as finais da trave e do solo - que seriam medalhas inéditas para a já gloriosa carreira -, a ginasta volta a competir na segunda-feira (5), e tem a oportunidade de se estabelecer de vez maior de todas.
"Só vou me considerar (a maior atleta olímpica do Brasil) quando o resultado sair, de verdade mesmo. O resultado é uma consequência se eu fizer minha parte e quiser estar no pódio. Vai ter mais um dia intenso, com trave e solo, que são dias difíceis. Trave para a cabeça, e solo para o corpo, pega muito. Espero fazer excelentes provas para que eu seja a maior da história", contou.
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Uma gigante que reconhece outros gigantes
Rebeca aproveitou, também, para reconhecer o papel de outros gigantes do esporte brasileiro na sua vida, seja na ginástica, ou até mesmo na rotina como esportista. A atleta também aproveitou para agradecer à equipe da Ginástica Artística que a acompanhou em Paris, com quem já conquistou o bronze por equipes, além da prata no individual geral.
"Acho que toda minha equipe, Flávia, Lorraine, Jade, Júlia, Daiane dos Santos, Danielle e Diego Hipólito... Vou sempre falar das pessoas que estou mais próxima. O Ayrton Senna também, que os meus irmãos mais velhos acompanharam muito, então falavam muito sobre também. Tem muita gente que eu admiro, mas que também me pegou de surpresa. São pessoas que sou fã. É muita gente", iniciou.
"É muito legal ver tudo que estamos conquistando, cada menina individualmente, mas também como equipe. Se não fosse pela nossa equipe disciplinar, todos treinadores e famílias, que estão sempre apoiando para que possamos conquistar nossas coisas, não estaríamos aqui. Eu não estaria me tornando uma gigante do esporte", completou a atleta.
Rivalidade - ou parceria - com Simone Biles
A grande rival de Rebeca é, sem dúvidas, Simone Biles, ginasta multicampeã olímpica dos Estados Unidos. Neste ano, já venceu três ouros sobre a brasileira, confirmando o favoritismo já esperado para as Olimpíadas de Paris.
Por mais que convivam com essa rivalidade, no entanto, há também uma parceria - e até torcida - entre as duas. Mesmo que, no fim do dia, o objetivo de Rebeca Andrade é chegar em primeiro, ela também consegue reconhecer a grandeza da adversária, ainda mais na competição, que, para ela, é um momento para estar 100% concentrada.
"Mente totalmente concentrada. Hoje foi um dia que eu estava muito concentrada mesmo. Até me perguntaram se estava nervosa, mas foquei ali em fazer os saltos direito. Quanto mais estou concentrada, consigo fazer melhor os aparelhos. Como hoje só tinha um aparelho, tive que me concentrar ainda mais, já que, quando tem outros, você pensa neles também. Assisti menos as meninas também. Via um salto, mas não via o outro. Curti muito estar ali, curti o momento e foi incrível", começou.
"Eu não estava focando muito no outro, porque o meu salto tem um valor e o dela (Biles) tem outro. Se eu ficar pensando no que ela está fazendo, eu já sei que o meu salto não vai ser num grau de dificuldade maior que o dela. Porque eu vou estar focada no salto dela? Eu preciso fazer o meu direito. Quando ela fez, eu vibrei, torci. Ela é muito incrível. É muito legal poder assistir ela competir. Mas eu tinha que pensar em mim, porque eu viria logo em seguida. Não passou algo pela minha cabeça por causa disso. Ela fez o papel dela tudo certinho, mas eu tinha que ficar concentrada no que eu tinha que fazer", completou.
Presente perfeito
A principal conquista do dia para Rebeca, no entanto, não foi a medalha de prata, e sim a oportunidade de abraçar a mãe, Rosa Rodrigues, que pela primeira vez a acompanha em uma competição fora do país. A atleta, por mais que já tivesse medalhado no torneio, ainda não havia conseguido festejar ao lado de quem mais queria, já que a rotina em Paris vem sendo muito pesada.
"O que não podia faltar era o abraço da minha mãe, mas já abracei. É muito maravilhoso. De todos os sonhos que já tive para a minha mãe, nunca tinha sonhado em levar ela para outro país para me assistir. Já imaginei em levá-la pra gente fazer coisa de mãe e filha, mas não para me assistir. Ia tentar levar ela para Tóquio, mas não aconteceu por conta da pandemia. Mas agora deu muito certo. Ter ela aqui, orando por mim. Minha mãe que é a grande campeã, porque ela é demais. A melhor mãe do mundo. Ela estava orando por mim, vibrando, chorando, mandando mensagem dizendo que está orgulhosa de mim. Minha vida é isso, poder orgulhar minha mãe", disse Rebeca.
Já Rosa Rodrigues, em entrevista para a Folha de Pernambuco, descreveu a emoção de, finalmente, poder abraçar a filha em uma das principais conquistas da carreira.
"Emoção muito grande, gente. Me emocionei muito mais quando consegui ver e dar aquele abraço gostoso nela. Descobri que, do coração, pelo menos nem tão cedo eu morro, porque não infartei. Estou muito feliz. É uma emoção muito grande. Ainda tem duas finais pela frente e eu tô muito bem", brincou.
Rebeca volta para a disputa da final da trave, segunda, às 7h38 (horário de Brasília). A brasileira Júlia Soares também está classificada para a decisão. Mais tarde, às 9h23, Andrade disputa a medalha no solo. Não só uma, mas duas chances da ginasta fazer ainda mais história nas Olimpíadas.