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Olimpíadas 2028

O que esperar do Brasil nas Olimpíadas de Los Angeles?

Um dos principais desafios do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e das federações esportivas será manter a evolução do País em esportes que nunca trouxeram medalhas

Rebeca AndradeRebeca Andrade - Foto: Alexandre Loureiro/COB

O Brasil terminou a Olimpíada de Paris com 20 medalhas, o segundo maior número de sua história olímpica, atrás apenas da campanha dos Jogos de Tóquio, em 2021, quando foram alcançados 21 pódios.

A partir de agora, começa um novo ciclo rumo aos Jogos de Los Angeles-2028, para o qual já existem algumas expectativas, embora o caminho seja longo e sujeito a diversas mudanças.

Um dos principais desafios do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e das federações esportivas será manter a evolução do País em esportes que nunca trouxeram medalhas, mas foram apresentados com boas perspectivas na última Olimpíada.

"Você conquistar medalhas em mais esportes, em esportes novos também, te traz a possibilidade de aumentar o número de medalhas", comenta o ex-judoca Rogério Sampaio, diretor-geral do COB e chefe da missão brasileira em Paris. "Nós tivemos algumas modalidades que nunca ganharam medalhas, mas que estiveram bem próximas. Você tem o tiro com arco, o tênis de mesa, a ginástica rítmica - aquela equipe tinha condições de buscar medalha -, a canoagem slalom, com certeza vou esquecer alguma modalidade."



Alguns nomes das modalidades citadas por Sampaio chegaram no auge da carreira a Paris e vão ter a missão de tentar superar os próprios feitos no novo ciclo. Hugo Calderano, por exemplo, foi o primeiro mesa-tenista de um país fora da Ásia e da Europa a chegar a uma semifinal olímpica. Acabou eliminado e perdeu a disputa do bronze, mas o feito foi marcante. Hoje com 28 anos, o carioca terá 32 nos Jogos de Los Angeles.

 

 


Marcos D'Almeida, que caiu nas oitavas de final do tiro com arco para o sul-coreano Kim Woo-jin - mais tarde vencedor do ouro -, tem 26 anos e pode chegar em boa forma, aos 30, na próxima Olimpíada. A modalidade pode, ainda, ganhar novos destaques nos próximos anos, já que tem apostas como Isabelle Estevez, 18, campeã pan-americana júnior.

 

 

 

 


Tanto no tênis de mesa quanto no tiro com arco, entretanto, mais do que a manutenção do alto nível daqueles que já se destacaram, é preciso gerar e desenvolver mais talentos capazes de darem sequência ao legado.

"O trabalho vai continuar, no sentido de ampliar o número de modalidades com capacidade de conquistar medalha para o esporte brasileiro. Eu entendo também que quebrar esse paradigma na sua modalidade, ser o primeiro atleta a conquistar uma medalha em uma modalidade que ainda não obteve este êxito, não é tão simples, não é tão fácil, mas chegamos muito próximo. Quanto mais próximo a gente chega, mais perto a gente está de uma medalha olímpica nessas modalidades", comenta Sampaio.

Na ginástica rítmica, Bárbara Domingos se tornou a primeira brasileira a disputar uma final de individual geral da modalidade em Jogos Olímpicos, também entra na conta de esportes que podem se desenvolver a ponto de trazer medalha para o Brasil, desde que a evolução não seja interrompida.

 

 

 

 

O sexto lugar de Gustavo Bala Loka no BMX freestyle e a quarta colocação de Ana Sátila na canoagem slalom também apontam modalidades em que há potencial a ser explorado.

 

 

 

 


Como ficam os "carros-chefes"?
O Brasil também vai ter de lidar com transições em seus principais esportes que costumam originar medalhas. Na seleção de vôlei feminino, por exemplo, saem de cena nomes como Thaísa, mas há uma nova geração pedindo passagem e cheia de potencial para brigar por medalha em Los Angeles.

Do grupo que foi bronze em Paris, Tainara, de 24 anos, Julian Bergmann, 23, e Ana Cristina, 20, são exemplos de atletas que podem ter protagonismo no atual ciclo olímpico. Há ainda nomes como Júlia Kudiess, 21, que se lesionou durante a Liga das Nações, em junho, e não pôde ir à Olimpíada.

 

 

De qualquer forma, lideranças importantes da seleção atualmente têm boas chances de continuar, como Rosamaria e Gabi Guimarães.

 

 


Na ginástica artística, a tendência é que a grande estrela Rebeca Andrade, 25, agora a maior medalhista olímpica da história do Brasil, vá aos Estados Unidos em busca de ampliar seu recorde, mas ela já vem pensando na necessidade de ter uma sucessora. Júlia Soares, de 18 anos, que ganhou a medalha por equipes e disputou a final da trave, é uma aposta com chance de se tornar um nome maior no futuro.

"Uma hora tem que passar o bastão. Não é que eu espero uma nova Rebeca, espero uma nova pessoa, com a personalidade dela, o jeito dela, porque somos pessoas diferentes. Espero que seja gigante também. Tenho certeza que, quando eu passar o bastão, ela vai merecer", disse Rebeca durante as competições em Paris.

 

 

 

 


Uma das modalidades com mais potencial para continuar rendendo medalhas ao Brasil é o skate, que vai para sua terceira Olimpíada. Depois de três pratas nos Jogos de Tóquio, com Pedro Barros no park e Rayssa Leal e Kelvin Hoefler no street, o País teve dois bronzes em Paris, um deles de Rayssa, 16, e o outro de Augusto Akio, o Japinha, de 22 anos.

 

 

 

 

 

 


A Confederação Brasileira de Skate (CBSk) tem uma seleção júnior para preparar novos talentos e confia que há material humano para que a modalidade continue levando a bandeira brasileira aos pódios olímpicos.

 

 

Existem nomes ainda muitos jovens que estão começando a despontar, como Manu Moretti no street e Helena Laurino no park, ambas de 12 anos, além de atletas que competiram em Paris e têm margem para chegar mais forte a Los Angeles, caso de Raicca Ventura, de 17.

O judô é outro caso de esporte que entra fortalecido no novo ciclo, depois do ouro de Beatriz Souza, 26, a prata de Willian Lima, 24, os bronzes de Larissa Pimenta, 25, e na disputa por equipes. Foi o melhor desempenho do judô nacional em uma Olimpíada. Há 12 anos, o Brasil também teve quatro medalhas com o judô, mas nenhuma prata.

 

 


Também há expectativa em relação à retomada do domínio no vôlei de praia, que teve Duda e Ana Patrícia medalhistas de ouro em Paris após os Jogos de Tóquio terminarem sem medalha brasileira na modalidade. O Brasil é o país com mais pódios no vôlei de praia olímpico, 14 contra 11 dos Estados Unidos, mas os americanos têm mais ouros - sete contra quatro.

 

 

 

 


A forma como o ciclo para Los Angeles-2028 será organizada vai depender bastante dos rumos que serão tomados na administração do COB, que passará por eleições neste ano, com data ainda a ser definida.

 

 

 

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