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Tóquio 2020

Paixão a 17 mil km: pernambucanos se adaptam para acompanhar os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020

Em meio a pandemia da Covid-19, Paulino e Weverton buscam trazer o espírito olímpico para as suas casas

Paulino esteve presente em Londres 2012 e Rio 2016, onde foi um dos condutores da tocha olímpicaPaulino esteve presente em Londres 2012 e Rio 2016, onde foi um dos condutores da tocha olímpica - Foto: Paullo Allmeida/Folha de Pernambuco

Se as Olimpíadas fossem um poema, as suas rimas envolveriam as palavras união, paixão e superação. Os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020 ocorrem em um momento singular da humanidade, em que o distanciamento social virou uma das armas para a sobrevivência. Porém, é neste cenário que as maiores virtudes do evento milenar se tornam mais aparentes.

Em meio às dificuldades impostas pela pandemia da Covid-19, os apaixonados por Olimpíadas se desdobram para  encontrar formas de acompanhar o evento. Em Pernambuco não poderia ser diferente. Paulino Lamenha, engenheiro de formação, e Weverton Silva, administrador, são exemplos de torcedores que possuem uma forte ligação com o evento milenar.

O carinho de Paulino Lamenha pelos Jogos iniciou há 37 anos, quando tinha apenas 11 anos de idade. Entre as recordações que guarda com mais carinho, estão as conquistas dos brasileiros Ricardo Prado, da natação, e Joaquim Cruz, do atletismo, nos Jogos de Los Angeles em 1984.  Em Barcelona 1992, o carinho virou paixão, e o sentimento continuou evoluindo a cada ano até que, em 1996, surgiu a vontade de estar presente no evento.

“As Olimpíadas são muito mais que um campeonato de esportes. Ela tem uma mensagem subliminar de união de povos e integração, é uma forma de a gente aprender sobre as diferentes culturas. Além da questão da superação e amor, abrindo mão de interesses pessoais em prol do seu País, isso aí encanta”, revela Paulino.

Atlanta também foi uma ocasião especial para Weverton, que aos sete anos de idade teve o seu primeiro contato com o maior evento esportivo do planeta. 

“Eu amo Olimpíada, foi paixão à primeira vista, gosto por completo, não só de esportes, mas em relação a tudo que ela significa. União dos povos, paz, harmonia, encontro de raças, etnias, culturas, religiões. O lugar onde as pessoas celebram e se emocionam nos mais variados esportes”.

"Quando começar de verdade, vou trocar o dia pela noite", diz Weverton sobre o início da Olimpíada

Realização do sonho 

Após 16 anos de preparação, o desejo de Paulino viria a se tornar realidade na Olimpíada de Londres 2012. “Me programei bem, acompanhei tudo desde a escolha da sede. Tive todo um trabalho de motivação, todo um planejamento financeiro, como comprar os ingressos na época certa e ver quando as passagens estavam baratas", declarou.

E o sentimento de realização viria a se repetir nos jogos do Rio 2016, ocasião em que foi um dos condutores da tocha olímpica. “Olimpíada é viciante, você vai em uma e quer estar em todas. Vi grandes eventos e realizei todos os meus sonhos, como ver a final olímpica dos 100 metros, vôlei, basquete e futebol”.

Assim como Paulino, Weverton viveu Rio 2016 de perto, realizando o sonho de ser um dos voluntários do evento milenar. O processo começou em 2015, quando participou de um processo seletivo realizado pelo Comitê Olímpico Brasileiro (COB) para trabalhar como voluntário do vôlei no Maracanãzinho. Sua atividade era o controle de acesso a quadra, seja de jogadores, árbitros e repórteres.

“Foi uma experiência fantástica, a realização de um sonho. Eu tenho carinho pela Olimpíada de Atlanta por ter sido a primeira, mas a minha preferida é a do Rio, porque eu estava in loco e fiz parte do evento e da organização”, declarou.

Adaptação

Logo após o encerramento da Rio 2016, começou a preparação de Paulino para Tóquio 2020. O pernambucano chegou a comprar ingressos e passagens para a Terra do Sol Nascente, porém teve o planejamento frustrado devido a pandemia da Covid-19 e a alta do dólar, e teve que adaptar o clima olímpico para a sala de sua casa.

“Eu tive que pedir reembolso de tudo, que ainda está sendo reembolsado. Porém, vamos tentar assistir com outra dinâmica, voltar o prazer de assistir em casa, com tudo decorado. Isso tem as suas vantagens, como assistir vários esportes ao mesmo tempo. O in loco não dava pra acompanhar tudo de uma vez”. 

Paulino decorou sua casa utilizando memórias das suas experências olímpicasPaulino usa recordações dos Jogos para trazer o clima olímpico à sua casa

“A ideia é se transportar”, declara Paulino sobre a forma que encontrou para expressar a sua paixão pelo evento, que vai desde à adaptação do sono a decorar a sua casa com o tema olímpico. A organização terá um controle da quantidade de pessoas no apartamento devido à Covid-19. “Não vai ser fácil, porque os eventos irão começar às sete da noite e acabam ao meio dia do dia seguinte, mas vou ter que, de fato, entrar no fuso horário de lá”, revela. 

As 12 horas de diferença no fuso horário entre Japão e Brasil são o principal empecilho para acompanhar os Jogos Olímpicos. A solução, como comenta Weverton, é a adaptação gradual da programação. “Quando começar de verdade, vou trocar o dia pela noite. Há um tempo eu venho tentando me habituar ao fuso horário de Tóquio mesmo estando aqui", revelou.

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