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Olimpíadas

Paris 2024: as Olimpíadas que encantam o mundo inteiro, menos os parisienses

Mudança radical na rotina não agrada moradores, mas não incomoda turistas que fazem a festa; brasileiros se destacam com samba nos arredores da Torre Eiffel

Torcida brasileira em ParisTorcida brasileira em Paris - Foto: Victor Pereira/Cortesia

De Paris, França – O povo francês é mundialmente conhecido pela educação polida, gastronomia de alto nível e até mesmo a forma elegante de se vestir, mas não é novidade para ninguém que a receptividade está longe de ser uma de suas melhores virtudes. Receber uma edição histórica dos Jogos Olímpicos poderia ser um motivo para orgulho e ânimo para muitos ao redor do globo, só que nem todo parisiense pensa desta forma.

A começar pelo deserto que a região central da capital francesa tem vivenciado, devido aos muitos bloqueios por conta dos processos de montagem de estrutura e planejamento da segurança da cerimônia de abertura que acontece nesta sexta-feira (26). Além, claro, de todos os transtornos que tudo isto causa, como desvio do tráfego de veículos, modificação nas linhas de ônibus, estações de metrô fechadas e barreiras em vários pontos da cidade.

Cenas de policiais portando armamento pesado não é tão incomum em Paris, principalmente depois dos atentados terroristas de 2015. No entanto, a quantidade chega a assustar. Em cada esquina, é possível ver grupos de policiamento fortemente armados.

“Não é em uma avenida ou em um bairro. Mas, em praticamente toda a cidade, o que, apesar de necessário, não é tão agradável assim”, confessou a corretora de imóveis Eméline Poulin de 34 anos, enquanto precisava atravessar a rua transversal ao Museu do Louvre para voltar para casa e teve que fazer um trajeto quatro vezes maior do que o normal. 

A Cidade Luz também nunca foi referência de baixos custos, pelo contrário. É um dos mais altos da Europa, mas ser sede do maior evento esportivo do planeta fez esses números aumentarem bastante. Para se ter uma ideia, o passe mensal do transporte público, chamado de Navigo, até o mês passado era comercializado a 40 euros, o equivalente a aproximadamente 240 reais. Agora, durante os jogos, o valor mais do que dobrou, sendo vendido a 86 euros, ou seja, mais de 500 reais.

Estima-se que mais de 15 milhões de pessoas visitem Paris durante as Olimpíadas, mas apenas 2 milhões de turistas são de fora do país, o que significa que aproximadamente 86% dos visitantes são franceses. O curitibano Vinicius Ercoli, de 32 anos, faz parte dos 14% e visita Paris pela primeira vez na expectativa de viver a magia dos Jogos Olímpicos.

“É uma experiência incrível. Sempre tive muita vontade de conhecer Paris, ver de perto a Torre Eiffel e adoro essa atmosfera que só o esporte consegue proporcionar. Viver tudo isso junto está sendo surreal”, relatou o brasileiro ao deixar a Arena Paris Sul 6, após a vitória da seleção brasileira de handebol diante da Espanha.

Assim como Vinicius, outros muitos brasileiros parecem não se importar com o que incomoda os franceses. Ao caminhar pela Avenida de La Bourdonnais, nos arredores da Torre Eiffel, um som bem brasileiro ecoava. Um grupo de torcedores de São Paulo arriscavam, com um pandeiro e um chacoalho, os sambas dos mais tradicionais.

Nesta sexta-feira, quando a pira olímpica for acesa às margens do Rio Sena e à frente da Torre Eiffel, a chama pode ser o combustível que falta para os parisienses entenderem que, sim, após uma edição complicada em 2021 com a luta contra o Covid-19, o espírito olímpico está de volta em sua plenitude após oito anos.

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