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Poupar-se ou disputar prêmios? Nova regra da NBA cria dilema para craques

Liga exige 65 jogos para elegibilidade a prêmios individuais. Atual MVP, Joel Embiid vive grande temporada, mas pode ficar fora da briga por problemas físicos

Afetado pela nova regra, Embiid tenta atingir os 65 jogos Afetado pela nova regra, Embiid tenta atingir os 65 jogos  - Foto: TIM NWACHUKWU/Getty Images/AFP

Pouco antes do início da nova temporada, a NBA e a associação de jogadores passaram algumas semanas negociando um novo acordo coletivo. Entre os principais esforços da liga estavam medidas para coibir o load management — prática de poupar atletas durante algumas partidas. A principal delas, à época vista com atenção, começa a representar riscos reais de impasses competitivos e financeiros: o mínimo de 65 jogos para elegibilidade a premiações individuais, que ameaça, principalmente, o pivô do Philadelphia Sixers e atual MVP da liga (melhor jogador), Joel Embiid.

Até aqui, o camaronês vive a melhor temporada da carreira. Na vitória contra o Charlotte Hornets, no sábado, fez 33 pontos e se tornou o terceiro atleta da história da liga a emendar 20 jogos seguidos com pelo menos 30 pontos. As médias também são as maiores da carreira, com 35 pontos, 11,4 rebotes e 5,9 assistências por partida. Mas ele está perigosamente perto de ficar fora da corrida para ser novamente o MVP da temporada. Isso porque, até aqui, fez apenas 31 jogos.

Os Sixers, que voltam à quadra hoje, às 21h, contra o San Antonio Spurs, já disputaram 41 duelos da temporada regular. Estão em terceiro na Conferência Leste e dificilmente não se classificarão aos playoffs. Ou seja, restam outras 41 partidas até o mata-mata, e Embiid precisa fazer 34 para garantir a elegibilidade a prêmios como o próprio MVP e outros sob a regra, como Defensor do Ano, Jogador que Mais se Desenvolveu, Time Defensivo do Ano ou Time da Temporada (All-NBA).

No caso de Embiid, trata-se de um tema sensível, já que o pivô de 29 anos convive com problemas físicos ao longo da carreira. Desde o início da temporada, foram sete lesões reportadas pela franquia, envolvendo problemas de quadril, joelho e tornozelo. Ele ficou quatro jogos seguidos sem atuar no fim de dezembro.

Chegar saudável à fase de playoffs tem sido uma dificuldade para o pivô, algo que o incomoda e diminui a competitividade dos Sixers. Na temporada 2022, Embiid atuou com o dedão da mão direita fraturado para não perder o mata-mata.
 

Após a eliminação, passou por cirurgia. Já no ano seguinte, quando foi eleito MVP, conviveu com um problema no joelho direito ao longo do mata-mata e viu os Sixers saírem na semifinal de conferência, diante do Boston Celtics.

— Só quero jogar o maior número possível de jogos. Não dá para controlar isso. Eu sabia que isso iria acontecer, mas disse que, se estivesse saudável, jogaria os 82 jogos. Às vezes, não é possível, acontece algo. Em outras me pedem para descansar — disse Embiid no início do ano. Em outras entrevistas, ele deixou claro que, se tiver que escolher, prioriza chegar bem aos playoffs.

Outros atletas 'correm risco'

Embiid não é o único afetado pela nova regra. Dos dez favoritos ao prêmio de MVP, pelo menos quatro caminham por limiares perigosos no número de jogos: Jayson Tatum (40 partidas disputadas), Kawhi Leonard (37), Luka Doncic (35) e Tyrese Haliburton (34). O último, sensação da temporada aos 23 anos, ainda sofreu uma distensão no tendão da coxa esquerda e perdeu cinco jogos, retornando na última sexta-feira.

Além da honra dos prêmios, ser nomeado a eles vale milhões em bônus contratuais e a possibilidade de conseguir renovações mais gordas. Em reportagem, a ESPN americana verificou que atletas como Bam Adebayo (33 jogos), Jamal Murray (30) e De’Aaron Fox (35), destaques da liga, podem perder a elegibilidade a contratos supermax nesta temporada (acima do teto salarial de seus níveis de experiência) se não forem indicados ao Time do Ano.

Se, em outros esportes, o esquema de poupar atletas é natural, na NBA ele se tornou polêmico na última década, à medida que crescia nas franquias. Na liga, predomina o foco no negócio, e o desejo é ter as estrelas em quadra todas as noites, em especial quando a TV transmite para todo o país.

No dia 11, a NBA divulgou uma pesquisa encomendada que aponta não existir ligação entre poupar atletas e diminuir o risco de lesões. E, no início da temporada, o vice-presidente executivo da liga, Joe Dumars, um ex-atleta, foi direto sobre as políticas para esta edição:

— A cultura deve ser a de que todos os jogadores têm que querer jogar os 82 jogos. Obviamente, nem todos vão jogar. Mas têm que querer.

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