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FUTEBOL

Premier League das Américas? Chegada de Neymar aumenta lista de estrelas do Brasileirão

Com o craque confirmado no Peixe, torneio terá a presença de, pelo menos, 114 atletas 'de seleção' e 94 com bagagem nos grandes campeonatos europeus

Neymar, Oscar, Memphis e Coutinho são algumas das estrelas que disputarão o Brasileirão 2025 Neymar, Oscar, Memphis e Coutinho são algumas das estrelas que disputarão o Brasileirão 2025  - Foto: Reprodução

Doze anos depois de deixar o Santos e o futebol brasileiro, Neymar voltará a atuar no país. Com seu retorno ao Peixe confirmado ontem para um período de, a princípio, seis meses, o atacante da seleção brasileira é mais um nome a sacudir a competitividade de um Brasileirão cada vez mais recheado de estrelas nacionais e internacionais.

Nos últimos anos, desembarcaram no país nomes como Philippe Coutinho, Oscar, Lucas Moura, Alex Sandro, Payet e Memphis Depay, entre outros. O Flamengo já tem acerto encaminhado com Danilo. Todos com bagagens grandes no futebol europeu e em suas seleções, e em geral entrando na reta final de suas carreiras. Um movimento que tem feito o campeonato crescer a patamares até então inimagináveis em termos econômicos e esportivos.

 

Em dezembro, o jornal inglês The Economist se referiu ao Campeonato Brasileiro como “o que parece ser a próxima Premier League”, uma clara referência à capacidade da liga inglesa de, nos últimos anos, reunir a maioria dos principais jogadores do futebol europeu em seus clubes, tornando-se hoje o campeonato de futebol mais assistido e valioso do mundo.

No Brasil, o domínio se explicita na distância em relação aos rivais do continente, como também apontou a publicação. O futebol argentino, por exemplo, vive às voltas com problemas financeiros e organizacionais. Enquanto isso, os clubes brasileiros monopolizam o continente. São seis finais de Libertadores consecutivas com pelo menos um representante brasileiro, sendo cinco decididas por dois clubes do país.

Números impressionam
Levantamento do Globo mostra que os 20 clubes que disputarão a Série A do Campeonato Brasileiro em 2025 contam com 114 jogadores que já disputaram partidas por suas seleções — uma média de quase seis por equipe. Além disso, os times contam com 94 atletas com passagens pelas cinco grandes ligas europeias.

Além da vontade dos atletas de carreiras tão consagradas em atuar no país, a questão financeira é significativa na mesa de negociação.

Um dos responsáveis por assessorar a chegada de boa parte de grandes jogadores ao futebol brasileiro, o advogado desportivo e vice-presidente de administração do Flamengo, Marcos Motta, ressalta a importância de premiações. No ano passado, o Fla faturou R$ 93 milhões com o título da Copa do Brasil, enquanto o Botafogo, campeão da América e do Brasil, somou quase R$ 250 milhões com ambos os torneios.

— A negociação em bloco da Liga Forte União e da Libra deu uma antecipação de receita para os clubes. Também tem o advento das bets, que mudou todo o panorama de receitas e permitiu contratações um pouco mais vultosas. E, obviamente, a criação da SAF, que vem oxigenando o futebol brasileiro, mas sem nenhum controle financeiro. Se você não tem fair play financeiro, não tem sistema de licenciamento, os donos dos clubes conseguem investir o quanto quiserem, sem nenhum controle. Então, essa conjugação desses fatores todos, na minha opinião, faz hoje do futebol brasileiro um polo atrativo — aponta ele.

Salários nivelados com a concorrência
Todas essas condições possibilitaram, também, que os clubes do país pudessem alcançar o patamar do milhão nos salários pagos aos atletas, antes tratados como exceção. Um investimento capaz de nivelar ofertas de clubes menores da Europa e até de mercados alternativos como os da Ásia, do México e dos Estados Unidos, que normalmente eram destinos de estrelas que deixavam o futebol do Velho Continente.

— Podemos dizer que já está “normalizado” o pagamento de R$ 1 milhão mensal para atletas tidos como referência nos elencos brasileiros. Mas a chegada de atletas de outras nacionalidades tem relação também com a profissionalização dos departamentos de análise, não só dos clubes, mas das principais agências de representação de atletas, que os auxiliam a maximizar seus ganhos no curso de carreira, visitando e estudando diferentes mercados, observando tendências e identificando oportunidades. São dois grupos de profissionais que cada vez mais vão contribuir para a internacionalização dos elencos — observa Thiago Freitas, COO da Roc Nation Sports no Brasil, empresa que gerencia a carreira de centenas de atletas.

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