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Futebol

Queda de Mano expõe desafio por estabilidade no Corinthians de Augusto Melo

Há 35 dias no cargo, presidente tenta tocar projeto de futebol que o clube busca avidamente nos últimos anos

Augusto melo, presidente do CorinthiansAugusto melo, presidente do Corinthians - Foto: Divulgação / Corinthains

Empossado como presidente do Corinthians há 35 dias, Augusto Melo abre seu segundo mês de gestão com muita turbulência. Na última segunda (5), um dia depois da derrota por 3 a 1 para o Novorizontino, que deixou o Timão na zona de rebaixamento do Campeonato Paulista, o técnico Mano Menezes acabou demitido, num novo capítulo de uma série de mudanças, sejam elas planejadas ou inesperadas, que o time paulista vem passando neste início de temporada. Um filme repetido para os torcedores.

Mano foi o sétimo técnico da equipe em pouco mais de três anos. Sua contratação, no fim da gestão de Duilio Monteiro Alves, tinha como objetivo encontrar a estabilidade que o Corinthians busca há tanto tempo: um técnico pragmático, que conhecia a casa, em ano em que a equipe chegou a flertar com a briga contra o rebaixamento no Brasileirão. Mas a história termina com 130 dias, um terrível início de estadual — são quatro derrotas seguidas — e um novo recomeço de trabalho poucas semanas depois da pré-temporada.

— Claramente não havia ali uma confiança tão grande, o presidente nunca (falava) “esse cara eu vou bancar, esse é meu orgulho”. Falava “olha, ele está trabalhando, eu tenho que dar uma condição melhor”, mas na primeira oportunidade mandou embora — explica Rodrigo Vessoni, repórter do site “Meu Timão”.

Vessoni descreve a situação do Corinthians como “caos”:

— Trocou tudo, está com presidente novo, diretor de futebol novo, toda a diretoria jurídica, tudo novo. Além de tudo, traz vários profissionais novos para dentro do CT com 12 jogadores saindo e outros sete chegando. Junta tudo isso num caldeirão só, vira o que virou.

Uma das movimentações mais recentes do time paulista foi a chegada de Fabinho Soldado, ex-Flamengo, para o cargo de executivo de futebol. No cargo desde o último dia 26, o dirigente entrou de cabeça em meio à tempestade para auxiliar em tarefas que Rubão, diretor de futebol, vinha tocando.

Ao longo de janeiro, o Corinthians viu o zagueiro Lucas Veríssimo, que seria adquirido do Benfica, aceitar uma oferta do Al-Duhail-CAT — em situação que gerou troca de acusações com exposição de e-mails — e o lateral-direito Matheuzinho, que chegou até a vestir o uniforme de treino corintiano, retornar ao Rio de Janeiro após desalinho na negociação com o Flamengo. Ontem, o Timão voltou a se aproximar de um acerto pelo lateral, pelo qual deve pagar 4 milhões de euros (R$ 21,5 milhões) ao rubro-negro.

— (Fabinho) está sendo muito elogiado não só de fora, mas principalmente dentro do nosso CT — afirmou Melo a jornalistas no dia 1º.

A lista de tarefas do executivo não é curta. A próxima, que envolve toda a cúpula do futebol, é enfim finalizar a novela que virou a regularização do meia Rodrigo Garro. A documentação atrasou por divergências no acordo financeiro entre o Corinthians e o Talleres-ARG, que segurou o envio e obrigou os paulistas a irem à Fifa.

Futebol deve ser certeiro

O Corinthians fez investimentos acima dos R$ 10 milhões em contratações como Garro, o zagueiro Félix Torres, o volante Raniele e o atacante Pedro Raul, um esforço prometido por Melo. Mas as decisões do futebol são delicadas em meio à situação financeira complicada. Na última sexta-feira, por exemplo, o clube foi condenado pela Fifa a pagar R$ 17 milhões ao Argentinos Juniors por Fausto Vera.

— É um clube que está numa situação financeira bastante crítica. Quando se toma a decisão de demitir o Mano Menezes, acrescenta mais uma dívida nessa lista, que já é longa. A multa rescisória normalmente é alta e vira dívida. Na prática, o Corinthians tem que ser certeiro no seu departamento de futebol, na contratação do diretor, do técnico, da comissão, dos jogadores. Não tem outro caminho, precisa ser muito certeiro para recuperar a competitividade. Caso contrário, cada erro que cometer vai custar mais um aumento da dívida — explica o colunista Rodrigo Capelo, especialista em finanças do esporte.

Embora o Timão tenha alta arrecadação, que Capelo estima na casa dos R$ 700 a 800 milhões, o especialista explica que a grande dificuldade deste início de Melo (e de outros mandatários) será trilhar um caminho de recuperação conciliando o curto mandato de três anos e as pressões internas e externas.

—É um clube que tem um gasto muito alto. Tem uma folha salarial alta, porque tentaram fazer um time competitivo, especialmente no ano de eleição, para manter no poder o grupo da gestão anterior. Já vinha de um retrospecto de folha inchada. Não é um Corinthians que consegue chegar às finais das competições, ir bem nas competições de mata-mata, exceto um ano aqui e outro ali.

Em meio a todos esses desafios, o Corinthians tem pela frente um mês com clássicos contra Santos e Palmeiras e a estreia na Copa do Brasil, contra o Cianorte. No momento, busca um novo comandante: Márcio Zanardi, do São Bernardo, que era o favorito, foi descartado pois não poderia dirigir o Timão no Paulista.

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