Racismo no futebol: além de Luighi, relembre casos emblemáticos vividos por jogadores brasileiros
Caso que envolveu atacante de 18 anos não é isolado, e se soma a uma série de episódios que revelam a persistência do racismo no esporte
Alvo de ataques racistas durante uma partida contra o Cerro Porteño na noite desta quinta-feira (6), o jogador Luighi, do elenco Sub-20 do Palmeiras, entra para a lista de atletas brasileiros que já enfrentaram discriminação racial no futebol.
O caso do jovem atacante, que tem apenas 18 anos, não é isolado, e se soma a uma série de episódios que revelam a persistência do racismo no esporte.
Além dele, outros esportistas enfrentam, há anos, situações semelhantes. Relembre, abaixo, casos emblemáticos de racismo contra jogadores de futebol brasileiros nos últimos 14 anos:
Roberto Carlos (Anzhi Makhachkala) — 2011
Durante uma partida contra o Zenit São Petersburgo, na Rússia, Roberto Carlos foi alvo de ataques racistas, incluindo o arremesso de uma banana em sua direção. O incidente gerou grande repercussão e indignação, mas não resultou em punições significativas para a torcida do Zenit.
Na época, Roberto Carlos usou a situação para chamar a atenção sobre o racismo no futebol, mas o caso ficou impune para o clube.
Daniel Alves (Barcelona) — 2014
Em uma partida contra o Villarreal, Daniel Alves foi surpreendido com uma banana atirada em sua direção por torcedores adversários. Em um gesto simbólico, o jogador pegou a fruta e comeu, uma ação que viralizou nas redes sociais.
A resposta de Alves foi amplamente aplaudida, e o episódio gerou, na época, um movimento de apoio contra o racismo no futebol. O Villarreal se desculpou publicamente, mas a ação contra os torcedores envolvidos não teve muita eficácia.
Allano (Cruzeiro) — 2015
Após uma partida entre Cruzeiro e o Atlético-MG, o atacante Allano foi alvo de mensagens racistas em suas redes sociais. A agressão ocorreu em forma de insultos e ofensas que causaram grande repercussão, na época. Em um dos comentários, um usuário escreveu: “Allano não comeu banana. Tá fraco”. O Cruzeiro repudiou o incidente, e a polícia chegou a investigar as ofensas.
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Michel Bastos (São Paulo) — 2015
Durante uma partida contra o Santos, Michel Bastos foi alvo de ofensas racistas, especialmente após fazer um gesto de “silêncio” para a torcida que o vaiava. Ele foi atacado nas redes sociais, com insultos direcionados à sua cor de pele. O jogador publicou nota e fez um desabafo público, pedindo respeito e destacando o impacto emocional do racismo.
Taison (Shakhtar Donetsk) — 2019
Em uma partida contra o Dínamo de Kiev, Taison foi alvo de cânticos racistas e provocações de torcedores do time adversário. Visivelmente irritado, ele respondeu com um gesto de dedo do meio, e o árbitro acabou expulsando-o. A partida chegou a ser interrompida por um breve momento. O caso teve grande repercussão e foi amplamente condenado, mas os responsáveis não sofreram punições severas.
Serginho (Jorge Wilstermann) — 2019
Durante uma partida contra o Blooming, na Bolívia, o jogador brasileiro Serginho sofreu ataques racistas por parte da torcida adversária, incluindo sons de macaco. Em protesto, ele abandonou o campo, e o jogo foi interrompido temporariamente.
Dalbert (Fiorentina) — 2019
No Campeonato Italiano, Dalbert, defensor da Fiorentina, foi alvo de cantos racistas durante uma partida contra o Atalanta. Após a denúncia do jogador, o árbitro interrompeu a partida por alguns minutos e foi iniciada uma investigação. O clube Atalanta se manifestou e pediu "desculpas" ao brasileiro.
Neymar (Paris Saint-Germain) — 2020
Durante uma partida contra o Olympique de Marselha, Neymar acusou o defensor Álvaro González de proferir insultos racistas em sua direção, chamando-o de “macaco”. Neymar fez a denúncia publicamente após o jogo, e o caso gerou um grande debate.
A Ligue 1 investigou o incidente, mas não encontrou provas concretas para punir o jogador do Marselha, e o caso terminou sem grandes consequências.
Alexander (Vasco) — 2020
O goleiro Alexander, do Vasco, foi vítima de ataques racistas durante uma partida da Copa Sul-Americana contra o Oriente Petrolero, da Bolívia. Os torcedores adversários fizeram sons de macaco e direcionaram gritos ofensivos a ele.
O incidente gerou uma investigação por parte da Conmebol, e, embora o Vasco tenha manifestado publicamente repúdio ao caso, não houve punições efetivas para a torcida do clube boliviano.
Vini Jr. (Real Madrid) — 2022–2024
Vinícius Júnior se tornou um dos principais alvos de ataques racistas em estádios espanhóis, especialmente entre 2022 e 2024. Em várias ocasiões, o jogador sofreu insultos de torcedores adversários, incluindo coros e gritos de macaco.
Ele tem sido uma das vozes mais ativas contra o racismo no futebol e tem recebido apoio de outros jogadores e figuras do esporte. Apesar das manifestações públicas de apoio, o racismo no futebol espanhol segue sem punições efetivas para os responsáveis.
Gabigol (Flamengo) — 2022
Durante um clássico contra o Fluminense, Gabigol foi alvo de insultos racistas de torcedores adversários. A acusação foi levada ao tribunal, mas o caso não resultou em punições efetivas para a torcida.
Gabigol usou suas redes sociais para denunciar o racismo e pediu que as autoridades tomassem medidas mais rigorosas contra os agressores.
Everson (Atlético-MG) — 2023
Em uma partida da Copa Libertadores contra o Libertad, o goleiro Everson foi vítima de racismo por parte de torcedores paraguaios. O Atlético-MG denunciou o caso, e a Conmebol chegou a iniciar uma investigação.
Luighi (Palmeiras Sub-20) — 2025
Em uma partida contra o Cerro Porteño Sub-20, no Paraguai, o jogador Luighi foi alvo de gestos racistas por parte da torcida adversária. O caso gerou uma resposta imediata da equipe do Palmeiras, que expressou seu repúdio e pediu providências.
Na imagem do lance, o torcedor, que carregava uma criança no colo gesticulou para o meia Figueiredo, que estava sendo substituído. Depois, foi a vez de Luighi afirmar que também foi vítima, o que rendeu uma reclamação ao árbitro e a paralisação da partida por alguns minutos.
O atacante também foi substituído e chorou bastante no banco de reservas. No fim da partida, Luighi desabafou sobre o incidente e disse que o que fizeram foi um crime.
"Vocês não vão me perguntar sobre o ato de racismo que ocorreu hoje comigo? É sério? Até quando vamos passar por isso? Me fala, até quando? O que fizeram comigo é crime, não vai perguntar sobre isso?", desabafou Luighi.
Até quando o racismo será negligenciado?
— SE Palmeiras (@Palmeiras) March 7, 2025
Você é gigante, Luighi! pic.twitter.com/DyEHhXbk61