Santa Cruz: retorno dos torcedores ao estádio do Arruda expõe problemas estruturais antigos
Banheiros em condições precárias, filas quilométricas, preços abusivos e falhas no sistema de ingressos foram problemas constatados no primeiro confronto do ano
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O Santa Cruz iniciou o ano com o pé esquerdo. Além da eliminação amarga no primeiro duelo do ano, diante do Treze-PB na Pré-Copa do Nordeste, no último sábado (4), o retorno dos torcedores ao estádio do Arruda, após nove meses, trouxe à tona problemas estruturais antigos no clube, com destaque para as condições precárias dos banheiros.
Após a partida, torcedoras relataram nas redes sociais as condições dos banheiros femininos. Integrante do Movimento Coralinas, Priscila Azevedo, de 32 anos, torce para o Santa Cruz e frequenta o Arruda assiduamente, mas não teve uma boa experiência na primeira partida do ano, que marcou o reencontro da Cobra Coral com a torcida após um longo tempo sem jogos.
“Os banheiros estavam muito sujos. O sanitário principal do setor do escudo estava fechado. O outro, que fica bem escondido, estava muito sujo, sem privada, uma situação realmente deplorável. Como o principal estava fechado, existia um vão, e nesse ambiente as mulheres estavam fazendo fila e utilizando ali como banheiro, porque não havia outro local para utilizar, uma situação humilhante”, detalhou Priscila.
Priscila contou que o Movimento Coralinas já participou de reuniões com a Comissão Patrimonial do clube, onde foram apresentados projetos de melhorias estruturais. No entanto, nenhuma intervenção foi realizada.
“Eles pediram diversas orientações de como poderiam fazer melhorias, e nós elencamos diversas sugestões de modificação. Eles demonstraram acatar todas essas orientações, sendo que, na verdade, quando nos deparamos com os banheiros no primeiro jogo, a situação era de total calamidade”, relatou a torcedora.
O coletivo também realizou ações no passado, como a sinalização dos banheiros femininos com adesivos, mas o clube removeu essas indicações.
A situação é ainda pior em outros setores. No “Portão 11”, mulheres precisam utilizar banheiros químicos sem iluminação e com condições de higiene inadequadas.
“Muitas de nós somos mães e levamos crianças ao estádio, expondo-as a essa situação deplorável”, desabafou Priscila.
O relato de Priscila não foi o único. Luana Farias, de 18 anos, também presenciou as condições do estádio no último sábado. Após nove meses de espera para apoiar o Santa Cruz de perto, a torcedora relatou uma experiência marcada por descaso e constrangimento.
“As filas gigantes são um problema antigo, acabamos normalizando mesmo sem querer. Mas a questão do banheiro foi precária. Fui ao banheiro do setor escudo com uma amiga minha e só tinha um buraco no chão para as mulheres usarem. Estavam urinando no chão, e quem estava do lado de fora conseguia ver tudo. Além disso, tinha homens entrando nos banheiros femininos. Eu me senti muito desrespeitada”.
Os problemas estruturais dos banheiros do Arruda não são novidade. Em fevereiro do ano passado, o clube lançou uma campanha de arrecadação para reformar os 52 banheiros do estádio, com a meta de R$ 512 mil.
No entanto, a iniciativa foi interrompida, e os torcedores nunca receberam esclarecimentos sobre o destino dos valores arrecadados.
Procurado pela Folha de Pernambuco, o presidente patrimonial, Adriano Lucena, não respondeu até o fechamento desta matéria. A reportagem será atualizada assim que obtivermos uma posição oficial.
Filas quilométricas e falha no sistema de ingressos
Os problemas do Arruda, porém, não se limitam à estrutura interna. Para muitos torcedores do Santa Cruz, o "aperreio" começou antes mesmo da partida. Minutos antes do início do jogo, a reportagem da Folha de Pernambuco presenciou inúmeros tricolores aguardando do lado de fora do estádio.
Segundo relatos, as longas filas foram provocadas por desorganização e falhas no sistema de ingressos. Alguns bilhetes, mesmo adquiridos na plataforma oficial, não foram bipados no momento da entrada.
Em nota, o Santa Cruz e a empresa responsável pela venda de ingressos, Ingressos S.A, justificaram as falhas. De acordo com o clube, no caso dos sócios, o problema ocorreu devido à falta de check-in prévio no sistema.
Para o público geral, houve tentativas de entrada por portões diferentes dos indicados nos bilhetes. No entanto, o Santa descartou a possibilidade de falsificação.
“Ainda sobre a operação, sugerimos outros pontos de melhorias que deverão ser implementados para que os torcedores de fato tenham maior fluidez, como e exclusão das filas de acesso de torcedores sem ingressos, orientação sobre a possibilidade de acessar por diferentes portões para o mesmo setor, desafogando acessos que tradicionalmente ficam sobrecarregados e que carecem de uma estrutura de vazão. Ações para incentivar o acesso mais cedo também figuram como boas práticas”, afirmou a Ingressos S.A, em nota oficial.
Preços abusivos afetam a experiência do torcedor
Além dos problemas citados, torcedores relataram que a Mix Experience, nova responsável pela comercialização de alimentos e bebidas no estádio, cobrou preços superiores aos divulgados previamente na venda de produtos.
Além disso, alguns gasoseiros utilizaram métodos de pagamento alternativos fora dos bares.
Em nota oficial, a empresa garantiu que adotará medidas para corrigir as falhas e evitar que os problemas se repitam.
Confira a nota da Mix Experience na íntegra.
"Gostaríamos de esclarecer ao torcedor tricolor que no dia de ontem (04) passou por constrangimentos por parte de alguns gasoseiros. Tomamos conhecimento da situação onde os mesmos estavam comercializando produtos fora do valor estabelecido no cardápio e muitos com o valor acima do normal. Estamos tomando as medidas necessárias cabíveis para encerrar tal prática, e estamos trabalhando para que os erros deste primeiro jogo não se repitam. A Mix Experience reafirma seu compromisso com a transparência e a qualidade em todas as suas operações. Agradecemos a confiança de nossos colaboradores e permanecemos disponíveis para esclarecer dúvidas", publicou a Mix Experience.