Superação

Skatista Cego: conheça a trajetória de Fernando Araújo

Resiliente, o carioca superou o preconceito, desafios e se tornou o parasketista conhecido como "Skatista Cego"

Fernando Araújo, conhecido como o "skatista cego'' é inspiração do mundo do skateFernando Araújo, conhecido como o "skatista cego'' é inspiração do mundo do skate - Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

“Muitas pessoas julgam a minha capacidade, mas toda palavra de desmotivação, transformo em incentivo”. Exemplo inspirador de superação, Fernando Araújo, conhecido no universo skateboard como o “Skatista Cego”, transformou sua paixão pelo skate em uma verdadeira lição de vida. 

Deficiente visual desde recém-nascido e, hoje, possuindo apenas 20% da visão de um único olho, Fernando subiu pela primeira vez em um skate aos cinco anos de idade. 

Foi o jogo intitulado “Tony Hawk” que despertou a paixão pelo skate no carioca. Ao ganhar o “brinquedo” do irmão, praticava sentado e, embora conseguisse ficar em pé, não realizava manobras. 

Ainda sem saber que seu futuro seria nas rampas, Nando se aventurou em outros esportes como o judô, natação e futebol. Mas sua paixão estava em deslizar com as rodinhas do skate.

Há cerca de oito anos, Araújo decidiu que o que era hobby, se tornaria profissão. “Desde 2016 quis me tornar profissional. E, no ano seguinte, recebi um patrocínio e me tornei paraskatista”, contou Nando à Folha de Pernambuco.

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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A metodologia de treino do Skatista Cego

Apesar de ter 20% da visão em um dos olhos, Fernando Araújo só enxerga uma distância de cinco centímetros, por isso, ele realiza seus treinos com os olhos vendados. 

Nando anda segurando sua bengala embora, segundo o skatista, não precise dela o tempo todo. É com ela que ele entende os espaços da pista e onde poderá realizar suas manobras. "No bowl (pista que se assemelha a uma piscina sem água) é mais simples. É para o park (pista com obstáculos) que preciso para entender onde eles se encontram", disse.

Ao lado do seu treinador, Leonardo Scott, o carioca faz o reconhecimento de pista para saber onde estão os obstáculos. Assim, Nando entende que sua bengala-guia precisa bater em algum dos objetos antes dele fazer algum salto ou manobra.

Fernando Araújo e  seu treinador, Leonardo Scott Fernando Araújo e  seu treinador, Leonardo Scott | Foto: Walli Fontenele/Folha de Pernambuco

A dupla está passando esse método para outras pessoas. “No Rio, estamos ensinando um menino cegi de 11 anos que mora no Morro do Turano. Em uma só aula ele conseguiu descer a rampa sozinho”, contou Fernando orgulhoso.

A intenção do skatista cego é incentivar pessoas com deficiência - não só os com cegueira -  que o skate é um esporte inclusivo que qualquer um pode praticar.

Vencendo o preconceito 

Acolhido pela comunidade do skate, não é sempre que Fernando é bem recebido por todos e acaba sendo subestimado. Lidando com críticas desde que começou a praticar, ainda na sua infância, o carioca transforma-as em impulso para sempre melhorar no que faz. 

“As pessoas de fora falam que eu não vou conseguir, que que o skate é um esporte impossível, mas eu insisto e faço porque eu amo o skate e é ele que me liberta”, declarou o skatista cego. 

Conquistas

Quando perguntado sobre momentos inesquecíveis na sua jornada, Fernando citou dois. O primeiro, quando ele competiu na pista half pipe, com mais de 30 metros de altura, em seu segundo campeonato. “Sempre assistia no ‘X Games’ e competir nessa pista foi inenarrável”, frisou.

Outro momento inesquecível foi em um evento de Bob Burnsquist, ao encontrar-se com o consagrado skatista. “Estava no evento e falei a um amigo que só faltava o Bob chegar. Em coisa de cinco minutos ele apareceu e deu um rolê na pista com a gente. E, atualmente, eu trabalhar com quem eu admiro é uma coisa muito irada”, reconheceu Araújo.

O skatista cego continua a inspirar novas gerações de skatistas e admiradores. Através do Instagram, Nando compartilha sua rotina profissional e pessoal. Resiliente, encoraja a todos a não desistirem do que desejam. 

“Eu acho que você não pode existir nos seus sonhos, porque vai ter muitos obstáculos, muitas pedras no caminho. Eu consegui conquistar o meu, que foi andar de skate, subir no carrinho e fazer manobras. Então, se eu consegui, vocês também podem. É só se dedicar, esquecer as pessoas à volta e acreditar em você mesmo”, concluiu Fernando.

 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

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