Surfe e skate: o Brasil na "nova onda" do esporte nas Olimpíada
Modalidades estão em expansão no país
Com milhares de quilômetros de praias e suas megalópoles, o Brasil oferece um fabuloso playground para seus surfistas e skatistas, que dominam as duas modalidades que estreiam nos Jogos Olímpicos de Tóquio.
No mar, o Brasil é representado por dois campeões mundiais em Tóquio, Gabriel Medina e Ítalo Ferreira, enquanto na prova street do skate competem a nº 1 do mundo Pâmela Rosa e a nº 2ª Rayssa Leal, de apenas 13 anos.
"É como na maioria dos países, e especialmente naqueles onde há grande pobreza. Quando não há oportunidades de fazer coisas e você é criança sai pra brincar na rua. Ou na praia para nós com este imenso litoral que temos", explicou à AFP Eduardo Musa, presidente da Confederação Brasileira de Skate.
Segundo estudo recente encomendado pela entidade, o Brasil tem 8,5 milhões de skatistas entre 212 milhões de habitantes, relata Musa. "Na faixa etária de 8 a 18 anos, somos o segundo esporte no Brasil".
"O surfe também é muito importante em nosso país, mas é um pouco mais caro do que o skate, onde você só precisa de um skate para se divertir", continua Musa, acrescentando que esses dois esportes estão no centro de um setor econômico em expansão no país.
- Efeito olímpico -
No skate são principalmente as garotas que ocupam a cena, impulsionadas nas áreas para a prática da modalidade que se multiplicam em alta velocidade.
"Quando comecei a andar de skate, não tínhamos o costume de ir ao skatepark", conta à AFP Dora Varella, especialista em park, uma das duas provas olímpicas, e que tem apenas 19 anos.
"Agora há mais skateparks, provavelmente por causa das Olimpíadas. Temos novas estruturas, ótimos lugares para treinar e muito mais coisas para andar de skate", explica a paulistana em Tóquio e que ainda tem dúvidas sobre como ganhar a vida com sua paixão.
O skate está na moda e seus adeptos às vezes têm status de estrela como Letícia Bufoni, profissional do street - a outra prova olímpica. Bufoni (nº 4 do mundo), também nas Olimpíadas, é acompanhada de perto por uma emissora de TV dedicada à aventura, o Canal Off, onde também encontramos a prodígio Rayssa Leal, que cresceu em um bairro pobre de Imperatriz, no Maranhão.
O skate explodiu nos últimos anos, assim como o surfe, que, entretanto, é mais antigo. Mas os brasileiros não conseguiam rivalizar com os reis do esporte, americanos, havaianos e australianos.
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- Anos 2000 -
Em um documentário, o diretor Andy Burgess explica que o Brasil e seus 6.437 km e litoral careciam de um "local de referência importante para atrair os melhores e fazer avançar os locais, impossibilitados de viajar devido à inflação econômica.
Foi somente na década de 2000 e com certa estabilidade econômica que os surfistas brasileiros partiram em busca dos melhores pontos do mundo.
Gabriel Medina acabou com os complexos de seus compatriotas ao se tornar o primeiro brasileiro a vencer o circuito mundial profissional em 2014. No ano seguinte, Adriano de Souza foi o campeão.
Medina, agora em 1º lugar no ranking mundial, conquistou a segunda coroa em 2018. Ítalo Ferreira venceu o título mundial em 2019.
"Depois do meu primeiro título, o Brasil brilhou muito no surfe, todo mundo quis surfar, e mostrar o que os brasileiros sabiam fazer, viram que dava para ganhar. Melhorou muito, estou muito feliz de fazer parte dessa história", disse Medina em uma entrevista à AFP.
Em 2021, sete brasileiros estão entre os 20 primeiros do mundo. Nos Jogos Tóquio-2020, o Brasil poderia bater seu recorde de medalhas olímpicas graças ao skate e ao surfe.