Jogos olímpicos

Surfe em Teahupo'o: Entenda as manifestações contra os Jogos Olímpicos de 2024

A construção de uma nova torre de observação para os jurados da competição de surfe tem provocado protestos contra o Comitê Organizador do evento; manifestantes argumentam que a construção pode provocar a destruição do ecossistema marinho na região

Gabriel Medina em Teahupo'o.Gabriel Medina em Teahupo'o. - Foto: Divulgação/Comitê Olímpico Internacional

A mais de 15.700 quilômetros de distância de Paris, a praia de Teahupo’o, no Taiti, vai sediar a competição de surfe dos Jogos Olímpicos de 2024. Mas essa decisão tem gerado polêmica e provocado manifestações contra o Comitê Organizador do evento e o governo local. O motivo é a construção de uma nova torre de observação para que os jurados possam acompanhar de perto a performance dos atletas.

Nunca antes a sede de uma modalidade esportiva esteve tão distante da cidade-sede dos Jogos Olímpicos. Apesar da distância, o local vai sediar a competição de um dos mais recentes esportes olímpicos por fazer parte do território ultramarino da França. A onda de Teahupo’o fica localizada na ilha do Taiti, parte do arquipélago da Polinésia Francesa, e é uma das mais famosas do mundo, considerada sinônimo de perfeição por muitos surfistas profissionais.

Em novembro de 2023, a pouco mais de oito meses do maior evento esportivo do mundo, a escolha do local para sediar a competição de surfe ainda não havia sido concretizada. Na época, as autoridades da Polinésia Francesa defendiam que a modalidade fosse realizada em outro local. Elas não concordavam com o projeto do Comitê Organizador de instalar uma torre de alumínio de 14 metros de altura no mar para os juízes da competição.

A estrutura, que contaria com banheiros e até ar condicionado, substituiria a atual, de madeira, que existe há 20 anos é utilizada nas competições da WSL, a Liga Mundial de Surfe, e que, segundo os organizadores, não atende às normas dos Jogos Olímpicos.

A proposta não foi bem recebida pelos moradores e pela comunidade do surfe e provocou protestos. Liderados pelo surfista local Matahi Drollet, os manifestantes argumentavam que a estrutura pode destruir os corais e ameaçar a vida marinha local, além de prejudicar a própria formação da famosa onda a longo prazo.

Em suas redes sociais, o primeiro vídeo publicado pelo atleta protestando contra a empreitada já soma quase 11 milhões de visualizações. Entre as manifestações de apoio, há comentários de atletas como Kelly Slater, considerado o maior surfista de todos os tempos, e o brasileiro Filipe Toledo, atual bicampeão mundial. Um abaixo-assinado divulgado por Drollet conta com mais de 250 mil assinaturas.

Diante da repercussão negativa, o Comitê decidiu mudar as configurações da torre, diminuindo a estrutura do projeto. A área da construção foi alterada para um espaço com menos corais e reduzida em 50 metros quadrados, assim como o peso da estrutura, que foi de 14 para 6 toneladas. Além disso, a quantidade e a profundidade de buracos para a fundação também foram reduzidas e a instalação de canos para água e saneamento vindos da ilha foi cancelada. Segundo os organizadores, reformar a estrutura atual de madeira não era uma opção viável por “não ser possível garantir a segurança das pessoas presentes na torre” e porque a iniciativa provocaria um impacto ainda maior.

Em dezembro, um barco que seria usado na instalação da nova torre de alumínio, que custou 4 milhões de euros, o equivalente a 21 milhões de reais, danificou corais no local da construção. O vídeo do incidente viralizou e o governo da Polinésia Francesa decidiu interromper os preparativos para reavaliar a situação. A Associação Internacional de Surfe declarou estar “triste e surpresa” com o ocorrido, e ressaltou que organiza a competição, mas que a infraestrutura é responsabilidade do Comitê Organizador de Paris 2024 e do governo local.

Duas semanas depois, após a realização de mais alguns testes pelas autoridades, a associação publicou uma nota afirmando não apoiar a construção e propôs aos organizadores que não fosse construída uma nova estrutura, mas que a competição fosse julgada remotamente, por meio de imagens captadas da praia, de barcos e de drones.

Em resposta, o Comitê Organizador afirmou que a proposta de avaliação remota já havia sido estudada e descartada. E ressaltou que a nova proposta de torre, menor e menos pesada, “parece ser a única opção que oferece garantias suficientes para o bom andamento da competição e a segurança de todos os envolvidos” e pediu que a comunidade internacional do surfe respeite a escolha das autoridades envolvidas. De acordo com o comunicado mais recente, a construção da estrutura deve terminar em maio.

Mas apesar da confirmação, as redes sociais de Paris 2024 seguem repletas de manifestações contra a empreitada e em defesa da vida marinha na região. Entre os argumentos, internautas destacam que um evento de apenas quatro dias não vale o custo dos possíveis danos ambientais provocados pela construção. Alguns sugerem até o boicote do evento. Em um dos comentários, uma fã defende:

“DEIXEM O TAITI EM PAZ. As Olimpíadas são sobre esporte, não deveriam ser destrutivas. As olimpíadas são de curto prazo, o meio ambiente é para sempre. Não destruam o meio ambiente”.

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