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Tenho sido muito melhor não falando de F-1, diz Barrichello

Atualmente piloto de Stock Car, Barrichello evita dar entrevistas quando sabe que o tema será a principal categoria do automobilismo

Rubens Barrichello foi piloto da Fórmula 1Rubens Barrichello foi piloto da Fórmula 1 - Foto: AFP

Rubens Barrichello, 47, não gosta de falar sobre Michael Schumacher, 50. Principalmente se for para relembrar os cinco anos em que os dois foram companheiros na Ferrari. "Tenho sido muito melhor não falando de F-1", diz à reportagem.

Atualmente piloto de Stock Car, Barrichello evita dar entrevistas quando sabe que o tema será a principal categoria do automobilismo. "A F-1 gera polêmica", reclama.
A que mais o irrita é sobre o GP da Áustria, de 2002, quando recebeu e cumpriu a ordem da Ferrari para ceder a vitória a Schumacher na última volta.

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Para ele, o episódio serviu para que a F-1 se tornasse uma categoria melhor, sem o chamado jogo de equipe. Recordista em número de grandes prêmios disputados, com 326 provas em 19 anos, foi duas vezes vice-campeão mundial, em 2002 e 2004.

Pergunta - Qual a sensação que você tem hoje quando vai a um GP de F-1?

Rubens Barrichello - Sinto saudade de guiar o carro. Estive no México [há duas semanas] com meu filho e é contagiante ver o movimento dos pilotos e saber que fiz parte disso por 19 anos.

Os seus dois filhos, Eduardo, 14, e Fernando, 18, também correm. Há potencial para se tornarem pilotos?

RB - O Eduardo tem mais talento que eu. O Fernando falou que agora quer dar um tempo no kart e vai jogar bola.

Em que sentido o Eduardo tem mais talento que você?

RB - As pessoas falam assim 'Schumacher ou Senna', 'Hamilton ou Schumacher' e não tem um medidor, não tem como saber. Eu sou brasileiro e vou ser Senna. O fato de o Eduardo ter mais talento que eu não quer dizer que fará mais sucesso ou menos.

Antes de você ir para Ferrari [em 2000], o Jackie Stewart pediu para você ficar na equipe dele e disse que montaria um time vitorioso. Sua carreira poderia ter sido diferente sem a Ferrari?

RB - O que muda? Se as coisas aconteceram na vida, o que vale a pena voltar e falar do que teria acontecido? Todo movimento foi acertado, porque o erro me ensinou. Então nem pergunta sobre a polêmica, porque não tenho nada para falar.

Qual polêmica?

RB - Nem quero falar da minha carreira de F-1, porque normalmente vocês vão querer falar da Áustria. Para mim não muda nada. Tenho sido muito melhor não falando de F-1. Aceitei fazer a entrevista porque estou num momento tão gostoso da minha vida. A F-1 gera polêmica, os caras vão falar que eu falei, e eu não falei. Estou bem na Stock Car. Sinto falta só de guiar um F-1 pela velocidade.

Você cansou do dia a dia da F-1?

RB - Qualquer ambiente de esporte de elite é vaidoso.

Acredita que polêmicas como a do GP da Áustria contribuíram para fazer a F-1 melhor atualmente?

RB - Todos os fatos que aconteceram comigo fizeram com que os rádios [das equipes] fossem abertos.

Hamilton vai superar o número de títulos do Schumacher?

RB - Eu acredito que o Hamilton vai conquistar mais títulos do que o Schumacher. Mas não tem como a gente comparar. Mesmo se ele ganhar sete ou oito, a gente nunca vai saber se ele é melhor. É impossível.

Você e o Schumacher mantiveram contato depois dos anos de parceria na Ferrari?

RB - Não, a gente se via nas pistas. Mas ligar na casa para conversar, saber um do outro, não.

Você tem buscado informações sobre o estado de saúde dele [Schumacher sofreu grave acidente enquanto esquiava na França, em dezembro de 2013. A família não revela o estado de saúde do ex-piloto]?

RB - Não, e mesmo que soubesse, não contaria.

Como você lida com os memes que fazem referências à sua carreira na F-1?

RB - O Brasil é um dos campeões de memes. Todos nós temos alguma coisa para o bullying chegar até a gente. Eu sou muito brincalhão. Mas fiz o comercial da Vivo para encerrar o assunto [Na peça, o brasileiro é interrompido nas respostas por um ator que mostra ser mais rápido que o piloto].

Você acompanha as redes sociais?

RB - Só o meu Instagram. Não leio mais nada de esporte, mais nada de jornal. Chegou a um ponto que falei 'não é possível que o cara tenha traduzido isso' [referindo-se à entrevistas concedidas no exterior, publicadas no Brasil].

Houve uma situação específica que fez você parar de acompanhar?

RB - Por sempre sair alguma polêmica quando falo sobre alguma coisa, não dou mais entrevista sobre F-1. Hoje sou mais tranquilo. Vocês vieram aqui e ficaram batendo na polêmica em vez de pegar o lado bom. 'Bicho pobre, andou de pneu slick na chuva, o pai era dono de loja de material de construção'. Minha história é mais bonita do que as perguntas sobre Schumacher.

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