Tenista chinesa Peng Shuai se reúne com presidente do COI e nega agressão sexual
Peng desmentiu na entrevista que tenha denunciado uma "agressão sexual"
A tenista chinesa Peng Shuai se reuniu com o presidente do Comitê Olímpico Internacional (COI), Thomas Bach, no sábado (5) durante os Jogos Olímpicos de Inverno de Pequim-2022, informou a atleta em uma entrevista o jornal esportivo L'Equipe, na qual negou ter sofrido uma agressão sexual.
Em um "jantar" no "sábado, pudemos conversar de forma agradável", disse a tenista na entrevista publicada nesta segunda-feira.
"Ele perguntou se eu pensava em voltar a competir, quais eram meus projetos, o que prevejo, etc.", explicou Peng na entrevista a dois jornalistas do L'Equipe em um hotel dentro da bolha olímpica de Pequim.
Peng Shuai, de 36 anos, "parecia em boa forma", segundo os jornalistas que conduziram a entrevista, a primeira da atleta a um meio de comunicação internacional independente desde novembro.
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Ela disse que "nunca desapareceu", depois que passou várias semanas sem aparecer em público após denunciar, em novembro do ano passado em uma rede social, que teve uma relação sexual forçada durante anos com um dirigente do regime chinês.
"Simplesmente muitas pessoas, como meus amigos e pessoas do COI, me enviaram mensagens e foi impossível responder tantas mensagens. Mas com meus amigos próximos ainda estou em contato, falei com eles, respondi suas mensagens, e também com a WTA", acrescentou.
A Associação de Tênis Feminino (WTA) mantém uma postura firme de exigir explicações da China sobre a situação de Peng após a denúncia.
A denúncia de Peng foi apagada da rede social chinesa Weibo, e a tenista desapareceu dos olhos do público por semanas, o que provocou temores sobre sua situação, até que ela apareceu em uma conversa por videoconferência com Thomas Bach em 21 de novembro.
Na quinta-feira, dois dias antes do encontro de Bach e Peng, o COI afirmou que "apoiaria" a tenista se ela decidisse exigir a abertura de uma investigação sobre a denúncia de uma relação sexual forçada.
"Se ela quer uma investigação (sobre as acusações), certamente a apoiaremos, mas a decisão deve ser dela, é a vida dela, são as acusações dela", declarou Bach em uma entrevista coletiva na véspera da cerimônia de abertura dos Jogos de Pequim.
Peng desmentiu na entrevista que tenha denunciado uma "agressão sexual".
"Agressão sexual? Eu nunca disse que alguém me fez sofrer qualquer agressão sexual", insistiu.
Ao ser questionada sobre o motivo de a mensagem de denúncia ter sido apagada, ela respondeu apenas "porque eu quis assim".
"Nada especial"
"Minha vida tem sido como deveria ser: nada de especial", comentou a tenista ao ser perguntada sobre sua vida desde novembro.
"Primeiro eu gostaria que as pessoas realmente entendessem quem eu sou: sou uma garota normal, uma tenista perfeitamente comum. Às vezes estou calma, às vezes feliz, às vezes triste. Posso ficar muito estressada ou sob muita pressão (...) Todos os sentimentos e reações que as mulheres têm, eu também sinto", disse.
O COI confirmou em um comunicado que Bach e a ex-nadadora Kirsty Coventry, integrante do COI, se reuniram com Peng, e destacaram que a tenista compareceria a vários eventos dos Jogos de Pequim.
"Os três concordaram que qualquer comunicação sobre o conteúdo da reunião ficaria a critério (de Peng)", segundo o comunicado.
A entidade olímpica informou que o COI reiterou o convite para que ela visite a sede olímpica na Suíça.
Na entrevista, a tenista anunciou o fim de sua carreira profissional, exceto, talvez, "em uma equipe de veteranas", afirmou com um sorriso.
"O tênis mudou completamente minha vida, me deu alegrias, desafios e muito mais (...) Mesmo que não participe mais em competições profissionais, eu sempre serei uma jogadora de tênis".
Após a denúncia, a atleta apareceu apenas em alguns vídeos nos quais assistia eventos esportivos, o que não foi suficiente para dissipar os temores sobre sua total liberdade de movimentos.