Thiem bate Zverev em batalha no US Open e conquista inédito Grand Slam
Tenista levou a melhor sobre o rival de 23 anos por 3 sets a 2 (2/6, 4/6, 6/4, 6/3 e 7/6), em quatro horas de uma partida marcada mais pelo drama do que pelas grandes performances dos dois lados
O primeiro tenista vencedor de um torneio masculino de simples do Grand Slam nascido nos anos 1990 é o austríaco Dominic Thiem, 27. Neste domingo (13), ele superou de virada o alemão Alexander Zverev, na final do US Open, realizado sem a presença de público em Nova York. Thiem levou a melhor sobre o rival de 23 anos por 3 sets a 2 (2/6, 4/6, 6/4, 6/3 e 7/6), em quatro horas de uma partida marcada mais pelo drama do que pelas grandes performances dos dois lados.
Na era profissional do esporte, nunca um tenista havia conseguido virar uma final de US Open saindo dois sets atrás -Pancho Gonzales o fez em 1949. Num circuito dominado principalmente por jogadores nascidos nos anos 1980, como Roger Federer, 39, Rafael Nadal, 34, e Novak Djokovic, 33, demorou para que um dos atletas da chamada "nova geração" alcançasse a glória nos quatro maiores torneios do esporte. Tanto que Thiem, aos 27, já nem é mais tão novo quanto a expressão faz parecer.
Os outros jogadores que conseguiram furar essa hegemonia nesta década também já integram o time dos trinta e tantos anos: Andy Murray, 33, e Stan Wawrinka, 35, donos de três Slams cada um, e Marin Cilic, 31, vencedor do US Open em 2014. O croata era até este domingo o último a ter obtido um troféu inédito de Slam no circuito masculino. Zverev entrou na final muito menos cotado do que Thiem. Tanto pelo histórico de nunca antes ter chegado a uma decisão de um evento desse nível quanto pelo desempenho errático que apresentou nas duas rodadas anteriores do US Open, quando saiu atrás dos adversários.
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Nas semis, inclusive largou com duas parciais de desvantagem para o espanhol Pablo Carreño Busta. Na mesma fase, o austríaco dominou o russo Daniil Medvedev, vice-campeão do US Open em 2019, por 3 sets a 0. Neste domingo, porém, o cenário se inverteu. Zverev começou o jogo prevalecendo, enquanto Thiem errava demais e não parecia ter forças para reagir. O alemão abriu 2 sets a 0, mas a melhora apresentada pelo austríaco já ao final da segunda parcial o ajudou a crescer no jogo e empatá-lo em 2 a 2.
A partida, então, foi para o quinto e decisivo set -pela quarta vez consecutiva numa final de Grand Slam, sequência que nunca havia ocorrido até então. A parcial derradeira resumiu bem o que foi o jogo, com muitos erros dos dois lados causados por nervosismo seguidos de pontos bem construídos (no total da partida, eles somaram 23 duplas faltas e 23 aces, além de 119 erros não forçados e 95 bolas vencedoras). Liderar sempre era o maior problema para ambos. A cada game parecia que o duelo estava escapando das mãos de alguém, mas essa sensação se invertia rapidamente.
Zverev chegou a quebrar o saque de Thiem e servir para o jogo com vantagem de 5 a 3, porém o austríaco devolveu a quebra na sequência e empatou. Depois, os papéis se inverteram. Thiem sacou em 6 a 5, mas foi quebrado (enquanto mancava e aparentava sentir dores na perna). A partida que os dois tinham dificuldade de fechar precisou ser decidida no tiebreak, quando Thiem levou a melhor por 8 a 6, não sem antes perder dois match-points.
O austríaco enfim alcançou o título que buscava desde 2018, quando perdeu sua primeira final de Slam, em Roland Garros, contra Rafael Nadal. O revés para o espanhol se repetiu no ano seguinte, e em janeiro de 2020 ele foi derrotado por Novak Djokovic na decisão do Australian Open. O histórico de 0-3 em finais, ainda que frustante, era visto como natural, diante dos adversários que precisou encarar justamente nos torneios em que eles são dominantes.
Já neste domingo, uma derrota ficaria marcada como um grande chance perdida. Além de ser mais velho e experiente nas grandes decisões que Zverev, possui histórico favorável, agora de 8 a 2, em duelos contra o alemão. Apesar de todas as dificuldades enfrentadas na decisão, ele aproveitou a oportunidade, surgida principalmente após a desclassificação do favorito Djokovic do torneio (nas oitavas de final, quando o sérvio acertou acidentalmente e fora de um ponto uma bolada na garganta da juíza de linha).
Federer, que se recupera de cirurgias no joelho, e Nadal, que preferiu não viajar para os EUA durante a pandemia, também não disputaram o campeonato. O principal título da carreira de Zverev continua sendo o do ATP Finals de 2018, quando bateu Federer e Djokovic em sequência. Mas se lhe faltava a consistência necessária para passar duas semanas vencendo jogos consecutivos em melhor de cinco sets num Grand Slam –mesmo que isso não signifique jogar bem em todos–, ele provou nesta semana que está cada vez mais próximo de conseguir fazer isso.
Ao chegar à semifinal no Australian Open, em janeiro, o alemão já havia dado o primeiro sinal de que a maré poderia estar perto de virar. Na ocasião, perdeu também para Thiem. Nesta retomada do circuito, após cinco meses de paralisação por conta da pandemia, ele confirmou a impressão de que está num novo patamar no tênis. Mas quem deu o grande salto e marcou para sempre seu nome na história dos Grand Slams foi mesmo Dominic Thiem.