Tonico Araújo nega defender adiamento das eleições por tempo maior para formalizar chapa
Vice-presidente do Santa Cruz se coloca como unanimidade entre os nomes cotados para liderar a chapa da situação na eleição coral
As eleições para decidir os mandatários do Conselho Deliberativo do Santa Cruz estão cada vez mais próximas de acontecer. E sobre o pleito, as duas únicas definições que existem dizem respeito a chapa de oposição, liderada por André Frutuoso e Joaquim Bezerra como candidato ao executivo e vice, e o formato da votação, até aqui decidido no conselho que será integralmente presencial. Por outro lado, a situação já tem os nomes que devem formalizar a chapa, mas ainda não divulgou oficialmente quem são os candidatos.
Do grupo de colaboradores, o empresário Jairo Rocha e o atual vice-presidente do clube, Tonico Araújo, são os mais cotados para encabeçar a chapa. Fora do grupo, o atual presidente do Conselho de Administração, Antônio Luiz Neto, aparece como alternativa caso os dois primeiros colaboradores, na ordem para tentar a presidência, não aceitem concorrer ao cargo.
Partindo para a data do pleito, a definição é que a votação para escolher os mandatários para o próximo triênio coral acontecerá no dia 14 de dezembro, mas sob iminente possibilidade de ser oficialmente adiada para o dia 10 de fevereiro após votação favorável à postergação na reunião da última quinta no Conselho Deliberativo. Dito por ele mesmo como unanimidade no grupo de empresários para concorrer ao executivo do clube, Tonico Araújo novamente se mostrou favorável ao adiamento do pleito, mas negou que seu posicionamento se justifique como plataforma para dar mais tempo a chapa da situação de formalizar os nomes que vão se candidatar.
“Não é por conta disso. O adiamento da eleição é por uma questão, na minha opinião, de interferência no futebol. Eu defendo que haja o adiamento por conta do futebol, mas não por conta de formar a chapa, a situação tem nomes de grandes valores para formar. O grande objetivo nosso é tirar o clube da Série C”, explicou. O dirigente também disse acreditar que as eleições em dezembro podem atrapalhar o desempenho do time dentro das quatro linhas. “Eu não tenho menor dúvida que sim, pela experiência que eu tenho no futebol”.
Nos bastidores e em campo: o que foi mostrado até aqui?
Desde o início da pandemia, em março, o Santa Cruz apresenta ainda mais dificuldades para cumprir com os compromissos salariais - de carteira e imagem - de atletas e comissão técnica. Em ano de eleição, os bastidores políticos do Arruda, desta vez mais expostos, continuaram em ebulição dentro de um processo de turbulência que vem se intensificando, visto a proximidade do pleito.
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Ainda assim, o time correspondeu de forma adversa nos gramados. Sob o comando de Itamar Schulle, o Tricolor construiu uma identidade e consolidou a melhor campanha na primeira fase do Campeonato Pernambucano 2020, no final sendo derrotado nos pênaltis para o Salgueiro após 90 minutos de muita polêmica. Na Copa do Brasil, a equipe se sustentou até a segunda fase, quando se despediu da competição após perder nos pênaltis para o Atlético/GO. Em compensação, embolsou cerca de R$ 1,1 milhão no limiar das duas fases disputadas.
Na Copa do Nordeste, o Tricolor avançou de fase ocupando a quarta colocação do Grupo B, e caiu para o Confiança nas quartas de final, também nos pênaltis. Campanha, no entanto, que rendeu aos cofres do Arruda um montante de R$ 2 milhões. Até o início da Série C, principal objetivo do ano do clube, o Santa Cruz se mostrou operante dentro de campo, mesmo com as limitações impostas de posições improvisadas em boa parte da temporada. Para além dos resultados, isso foi ratificado com as quantias recebidas pelo clube, fruto do desempenho satisfatório diante dos contratempos.
Sem bilheteria, queda expressiva no quadro de sócios e baixa na venda de produtos e arrecadação, a crise foi intensificada no José do Rego Maciel. Em contraponto, mais uma vez o time contrariou as expectativas nas quatro linhas, encabeçando a chave A como o grande favorito a conseguir a classificação ao quadrangular do acesso. Nos cinco primeiros jogos com Schulle, foram três vitórias, um empate e uma derrota, um aproveitamento de 66,6%. A chegada de Marcelo Martelotte deu continuidade ao bom desempenho deixado pelo catarinense.
Mesmo com o clima de disputa eleitoral, os bons resultados foram mantidos na competição e, consequentemente, na temporada. Em 11 partidas com Martelotte, a Cobra Coral colheu dois empates, oito triunfos e uma derrota, um expressivo rendimento de 78,7%. Como já sinalizado em entrevista pelo comandante da beirada de campo tricolor, a blindagem do elenco à tensão interna foi estabelecida - de forma natural ou não - e, assim como no início de 2020, se faz cumprir na prática, ainda que futebol e política estejam diretamente ligados no dia a dia.