UFC e WWE, os bastidores por trás do negócio bilionário que vai unir luta livre e entretenimento
Os dois principais executivos de cada empresa, Ari Emanuel e Vince McMahon, fecharam detalhes durante apresentação do WrestleMania, em Los Angeles
Os milhares de fãs que lotaram o estádio de SoFi, em Los Angeles, para ver o WrestleMania - maior evento de luta livre do mundo -, no fim de semana passado, não imaginavam que, ao mesmo tempo, banqueiros e executivos participavam de conferências no próprio estádio para discutir os detalhes finais de um novo capítulo da trajetória do World Wrestling Entertainment (WWE).
O WWE se uniu ao Ultimate Fighting Championship (UFC), do grupo Endeavor, liderado por Ari Emanuel, um influente empresário em Hollywood. Notícias do acordo, que vai criar uma nova empresa avaliada em mais de US$ 21 bilhões, começaram a pipocar no domingo, antes da segunda noite do WrestleMania.
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Emanuel e Vince McMahon, presidente executivo do WWE, estavam na plateia. Semanas antes os dois haviam se encontrado na sede do WWE, em Stamford, no estado de Connecticut. Também estiveram no escritório do banco de investimentos Raine Group, em Nova York.
Nesta segunda-feira, as duas empresas anunciaram o acordo e disseram que a nova companhia, ainda sem nome e cujas ações serão negociadas sob o símbolo TKO na Bolsa americana, será um peso-pesado do entretenimento ao vivo e esportes de combate.
Aposta nas transmissões ao vivo
O acordo deve ser concluído até o fim do ano e está sujeito a aprovações de órgãos reguladores. A Endeavour terá 51% do negócio e a WWE terá 49%.
"Programas de TV do tipo que você tem que assistir são uma raridade hoje", disse Mark Shapiro, presidente e chefe de operações da Endeavour, que terá os mesmos cargos na nova empresa.
Ao unir UFC e WWE, Emanuel e McMahon estão apostando que TVs tradicionais e gigantes de streaming vão continuar a pagar pelos direitos de transmissão dos eventos ao vivo.
A Liga Nacional de Futebol dos EUA, a NFL, fechou um acordo em dezembro com o YouTube que avalia o pacote de transmissão aos domingos em US$ 2,5 bilhões anuais, um aumento de US$ 1 bilhão em relação ao parceiro anterior, a Direct TV.
Atuais contratos vencem em pouco tempo
Já a NBA, tradicional liga de basquete no país, espera que seus ganhos saltem depois que o atual acordo para a temporada 2024/2025 terminar. A competição acirrada entre TV a cabo e empresas de tecnologia está por trás dos preços nas alturas.
À medida que os espectadores abandonam a TV tradicional, eventos ao vivo como os jogos da NFL e as lutas do WWE continuam a atrair audiência, ajudando a viabilizar o negócio da TV a cabo. E empresas de tecnologia, como Amazon e Alphabet (dona da Google), têm usado a transmissão de eventos esportivos para ampliar o número de inscritos, criando uma verdadeira guerra pelos direitos de transmissão.
Os executivos querem usar a união da UFC com a WWE para tirar proveito da demanda. O contrato da UFC com o ESPN, que é controlado pela Walt Disney, termina em alguns anos. E o do WWE com a NBCUniversal e com a Fox (dois canais de TV americanos) expira em 2024.
Acusação de assédio sexual
A fusão com a WWE é o último de uma série de acordos audaciosos fechados por Emanuel, o agente de Hollywood conhecido por ser workalcoholic. Ele será o CEO da nova empresa e manterá seu cargo de CEO na Endeavour, que seguirá com outros negócios, incluindo a agência de talentos William Morris e a Professional Bull Riding league.
O acordo também põe fim a um tumultuado capítulo da carreira de McMahon. Ele voltou a ser presidente-executivo do WWE em janeiro, após ter renunciado ao cargo. A renúncia havia sido motivada por alegações de assédio sexual.
Ele será presidente executivo na nova empresa, integrando o Conselho de Administração, que será formado por 11 pessoas. Serão seis da Endeavour e cinco do WWE.
Segundo o jornal americano Wall Street Journal, McMahon concordou em pagar US$ 3 milhões a uma funcionária com quem teria tido um caso amoroso para encerrar uma investigação interna.