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EMPRESAS

Ele começou vendendo internet via rádio e construiu a Brisanet

A história de um empresário que desenvolveu uma solução para vender internet via rádio e construiu uma das maiores operadoras de telecom do País, a Brisanet

José Roberto Nogueira desenvolveu uma solução que permitiu a recém-criada Brisanet oferecer internet sem precisar de uma linha telefônica. Foto: Alex Ferreira/Divulgação BrisanetJosé Roberto Nogueira desenvolveu uma solução que permitiu a recém-criada Brisanet oferecer internet sem precisar de uma linha telefônica. Foto: Alex Ferreira/Divulgação Brisanet - Foto: Alex Ferreira/Divulgação Brisanet

Em 1997, ele decidiu vender internet para as residências na cidade de Pereiro, cidade onde nasceu no interior do Ceará. Mas a área urbana da cidade possuía poucas linhas telefônicas. “Na época, não tinha como levar internet se a casa não tivesse uma linha telefônica. Adaptamos uma solução desenvolvida para um fim e usamos em outro (fim). Este foi o grande feito da Brisanet: levar a internet até uma casa sem precisar de uma linha telefônica”, recorda o CEO e fundador da Brisanet, José Roberto Nogueira. A empresa está entre as quatro maiores operadoras de telecomunicação do País e vai ser uma das companhias a oferecer a tecnologia 5G em todo o Nordeste. 

A adaptação desenvolvida por José Roberto permitiu vender internet, via rádio, nos sertões do Nordeste, o que a recém-criada empresa começou a fazer em 1998. Segundo o executivo,  a inspiração veio de uma solução desenvolvida no começo da década de 90 nos Estados Unidos, que era uma rede wi-fi sem fio que permitia a transmissão da internet entre duas placas instaladas, cada uma em um computador, a uma distância de 30 metros. 

“Peguei um produto  que funcionava para 30 metros. Adaptei estas placas, usando grandes antenas para chegar a uma distância de 90 quilômetros. Este cenário de dificuldade foi o que impulsionou a criação da Brisanet, que resolveu um problema gerando um negócio”, resume José Roberto.  A solução vendida pela empresa também acabou com um problema de milhares de nordestinos: a falta de acesso à internet. Hoje, a empresa tem 1,3 milhão de clientes na região.

Ao ser questionado sobre a sua formação, José Roberto Nogueira responde “tenho 16 anos de energia elétrica, mas comecei a estudar eletrônica, rádio e TV aos 15 anos, por correspondência, numa casa sem energia elétrica. Minha formação foi pelo Instituto Universal Brasileiro. Estudei sozinho dos 15 aos 21 anos, quando fui embora pra São Paulo”. Aos 13 anos, outro fato marcou a vida do executivo: o pai dele comprou um rádio.

Em São Paulo, o executivo trabalhou numa empresa de ponta, a Embraer. Nos anos 90, começou a desenvolver negócios na cidade de Pereiro e redondezas, como uma expansão do curso de informática, distribuir antena parabólica, entre outros. Há 25 anos, se dedica à Brisanet, empresa que José Roberto diz ter passado por três momentos importantes. O primeiro foi o início da venda da internet, via  rádio, a partir da cidade de Pereiro para outros municípios do interior e sertão do Nordeste. 

“Fizemos a primeira operação da internet via rádio no Brasil.  Depois de três a quatro anos, os outros provedores começaram a fazer também. Este movimento trouxe ao Brasil o fato dele ser um dos mais conectados na área urbana. Nos Estados Unidos, 70% da conectividade é banda larga fixa em cabo metálico e 30% em fibra ótica. No Brasil, 100% das cidades têm rede de fibra ótica, com exceção de 100 cidades da Amazônia” , comenta José Roberto. 

O segundo momento importante da Brisanet, de acordo com José Roberto Nogueira, aconteceu entre 2010 e 2011, quando “fizemos a primeira cidade do Brasil com fibra ótica, que foi Pau dos Ferros, no Rio Grande do Norte”. Pau dos Ferros fica a 40 km da sede da Brisanet, a cidade de Pereiro. “A partir de 2015/2016, outros pequenos provedores começaram a fazer fibra ótica. Por isso, qualquer cidade dos Estados do Nordeste está com fibra e há competidores", conta o executivo, acrescentando que isso também trouxe uma conectividade significativa com um custo baixo.

Com o 5G, a Brisanet entra na telefonia móvel

O terceiro momento da Brisanet é a entrada da empresa no mundo móvel via 5G. "Ficamos 25 anos na banda larga fixa e agora estamos indo para o mundo móvel. Além das três operadoras conhecidas, as pessoas vão colocar o chip da Brisanet no seu celular. Já cobrimos 80% da população urbana do Ceará", afirma o executivo, acrescentando que a empresa sempre começa a oferecer o serviço do interior para a capital porque "está no seu DNA".

No ano passado, a empresa transmitiu ao vivo o eclipse solar utilizando a rede 5G, implantada na cidade de Pereiro. O serviço de 5G da empresa foi inaugurado em Fortaleza no último dia 25 de julho. Também está implantando a rede 5G da companhia em cidades da Paraíba, Rio Grande do Norte e Pernambuco.

A Brisanet venceu o leilão para o 5G em 2021. Hoje, emprega 9 mil funcionários diretos. O serviço de 5G a ser implantado pela empresa vai demandar um investimento superior a R$ 1 bilhão entre este ano e o próximo. "Agora, vamos seguir a trilha da fibra ótica com o 5G. Com um mercado grande a ser explorado, o mais óbvio é levar o 5G nas mesmas cidades onde estão as redes de fibra ótica", argumenta José Roberto Nogueira.

A internet de banda larga da companhia é um das mais rápidas do Brasil, está presente em 158 cidades do Nordeste e tem 77.086 km de cabos de fibra ótica instalados, contando também com 288 mini data centers próprios. A Brisanet está listada na Bolsa de Valores desde 2021, quando foi avaliada em R$ 6,5 bilhões.

No atual contexto do País, um dos maiores desafios é fazer a transformação digital chegar as pessoas e às pequenas empresas, na opinião do executivo. "Nos próximos seis a sete anos, as mudanças serão muito grandes. As pessoas e muitos negócios não estão preparados. O setor público é responsável pela preparação da mão de obra e tem que fazer que as tecnologias que são lançadas online sejam acompanhadas pelas pessoas. A competitividade do futuro vai depender das pessoas e empresas estarem preparadas para a transformação digital, que é essencial. Estamos falando de Inteligência Artificial (IA), mas na maioria das prefeituras os médicos escrevem em blocos e não usam um software que foi desenvolvido há 50 anos", conclui José Roberto Nogueira.

*A repórter viajou a Fortaleza a convite da Brisanet

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