Ovo sim ou ovo não?

Alimento está novamente na berlinda da saúde

Ovo. - Divulgação

As causas mais frequentes de morte na população adulta são as doenças decorrentes da arterioesclerose - AVC, acidente vascular cerebral. A primeira é a campeão da mortalidade no nosso País, apesar de que a sua liderança está ameaçada pelo aumento cada vez maior dos casos de câncer.

A arteriosclerose é a deposição de placas de gordura e outras substâncias nas paredes das artérias. Geralmente ela é maior nas pessoas de mais idade, porém a velocidade do seu surgimento e evolução não são os mesmos para todas as pessoas. Existem alguns em que ela surge mais precocemente, causando, inclusive, repercussões patológicas em indivíduos jovens.

Desde há muito se sabe que algumas condições são muito importantes para que isto ocorra. São os chamados fatores de risco para a arteriosclerose: hipertensão arterial, diabetes melittus, tabagismo, sedentariedade, obesidade, estresses emocionais prolongados, níveis de colesterol sanquíneos aumentados, história de casos em jovens nos antecedentes familiares, etc.

Por conta disso, a Medicina e a sociedade tem feito esforços no sentido de tentar diminuir a prevalência desses fatores. Melhor tratamento para os diabéticos e hipertensos. Já se conseguiu redução importante do tabagismo.

Mais pessoas praticam exercícios físicos regulares muitos tentam reduzir o seu excesso de peso, etc. Porém, um sucesso destas medidas é apenas parcial. Ainda muitos hipertensos e diabéticos não conseguem controlar suas doenças ao nível desejável.

O tabagismo ainda persiste, apesar dos muitos malefícios que causa à saúde. Enquanto alguns praticam exercícios físicos, a maioria da população continua sedentária. Estamos falhando no tratamento do excesso de peso. A obesidade é cada vez mais prevalente. Apesar de termos conseguido apenas um sucesso parcial, estas medidas contra os fatores de risco trouxe benefícios.

Nos últimos anos, houve redução importante do número de casos de infarto e AVC. Um outro fator já conhecido há muito conhecido para o seu surgimento e evolução é o nível aumentado do colesterol da membrana das nossas células. É também matéria prima obrigatória para a síntese por hormônios sexuais e dos das adrenais. De que depende da existência do nível elevado do colesterol sanguíneo?

Em seu primeiro lugar, o seu componente hereditário. São frequentes as suas existências em vários membros de uma mesma família. O outro fator é o tipo de dieta. A ingestão de alguns tipos de gordura, a saturadas, contribuem para elevação sanguínea do colesterol.

Durante muito tempo se achou uma medida seria muito importante no tratamento dos pacientes com colesterol elevado era proibir a ingesta na dieta de alimentos ricos nessa gordura.

Eram terminantemente proibidos a gema do ovo, entre outros. Porém, muitas pesquisas mostraram que o colesterol da dieta não influenciava nos seus níveis de colesterol sanguíneo.

Um outro fator nesta direção é que a biles fabricada no fígado e é lançada na na zona de absorção do intestino. E ela tem o equivalente ao colesterol de dezenas de gemas de ovos. Uma a mais não faria a menor diferença. Assim, ficou liberado o consumo de ovos para os casos de colesterol sanguíneo elevado.

Este é o pensamento atual, no entanto, recentemente, neste mês de março, foi publicado uma pesquisa no Jama sobre este assunto. O Jama é uma das revistas médicas mais importantes no mundo, Nesta pesquisa, foi analisada a evolução de quase 30 mil pacientes por mais de 17 anos.

Foi feita uma comparação entre a ingestão de colesterol, gema de ovo principalmente, e os seus níveis de colesterol sanguíneo.

Os resultados apresentados mostraram que a gordura no sangue era tanto maior quanto maior foi o consumo de ovos. O colesterol sanguíneo elevado, além disso, levava a uma maior prevalência de doença coronária e mortalidade.

Ou seja, contra o entendimento científico atual. Como devemos agir diante dessa discordância? Aguarde novos capítulos.

*É médico e escreve neste espaço sobre saúde