Paulinho da Viola enaltece o samba no Teatro Guararapes

Show 'Na Madrugada' traz de volta a Pernambuco o sambista carioca, na noite desta sexta-feira (14)

Paulinho da Viola leva o seu 'Na Madrugada' nesta sexta (14), para o Teatro Guararapes - Divulgação

Quem dera tivéssemos meia-dúzia de "Paulinhos da Viola" envoltos em sambas e chorinhos tais quais os que são feitos pelo cantor e compositor há pelo menos cinco décadas. Não há como vislumbrar que poderia ser diferente uma trajetória construída a partir da infância compartilhada com nomes como Pixinguinha e Jacob do Bandolim, protagonistas de encontros promovidos por seu pai, o violonista César Farias (1919-2007), que terá o centenário celebrado pelo sambista carioca durante o show "Na Madrugada", nesta sexta-feira (14), no Teatro Guararapes, em Olinda.

"Ele não apenas integrava o conjunto 'Época de Ouro' mas realizava reuniões lá em casa. Tive o privilégio de ver esses músicos tocando e foram experiências essenciais para meu interesse pela música", ressaltou ele, em entrevista à Folha de Pernambuco.

Mas os ares refinados das letras e canções da discografia irretocável de Paulinho da Viola não advém apenas das influências dos sambistas e chorões daquela época. O gosto pelos gêneros e a estética linear desde sempre apresentados em sua obra e levados com a mesma elegância para os palcos demonstra uma essência que sempre passou longe de apelos e invencionices.

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"Na música brasileira passaram várias modas que marcaram apenas determinada época, o que é normal. Aquilo que as pessoas carregam no coração, como 'Asa Branca', de Luiz Gonzaga, não some. Como eu sempre fiz o que senti e o que queria dizer, independente do que estava na moda, acho que não me considero um músico de modismos". E, de fato, não é. Tampouco demonstra preocupação em agradar gerações ou falar (cantar) com direcionamentos esporádicos. "Eu busco o que gosto nas canções que ainda dizem algo para mim. Pode ser uma boa surpresa atual ou uma gravação de Orlando Silva", complementa.

Aos 76 anos, dono do seu próprio tempo e sem afobação ou pressa de estar à frente de coisa alguma, o atemporal Paulo César Batista de Faria ouve LPs em casa e CDs no carro. "Ainda sou desses", brada, quando questionado sobre como lida com o universo virtual da música. Mas sendo atemporal como poucos e com a maestria que lhe é peculiar em fazer sambas que cabem bem em qualquer passado ou presente, quem precisa de "modernices" quando se tem à disposição cancioneiros que trazem, entre tantos outros, sambas como "Foi um Rio que Passou em Minha Vida" (1970), "Coração Leviano" (1977) ou "Eu Canto Samba" (1987), essenciais (e eternos) em qualquer roda de samba.

Assim como "Dança da Solidão" (1972) e "Perdoa" (1976), algumas que integram o repertório da noite de amanhã, apresentado por Paulinho da Viola e sua banda, composta por João Rabello (violão), Adriano Souza (piano), Dininho Silva (baixo), Ricardo Costa (bateria), Celsinho Silva (percussão), Hércules Nunes (percussão) e Mário Séve (sopros).

Mas afinal, como faz para condensar a obra de artistas do tamanho de um mestre do samba?
-"Eu canto samba, porque sou assim eu me sinto contente. Eu vou ao samba, porque longe dele eu não posso viver”. Seria ousadia, Paulinho, resumir teu caminhar com o trecho de uma de suas composições?" ("Eu Canto Samba", 1987)
-"Resumir não diria, mas esse verso tem um fundo de verdade. Assim como 'Faça como o velho marinheiro/ que durante o nevoeiro/ leva o barco devagar'' (Argumento, 1975).

Serviço
Paulinho da Viola com o show “Na Madrugada”

Sexta (13), 21h30, no Teatro Guararapes
Ingressos a partir de R$ 72 (meia-entrada/balão), à venda na bilheteria do teatro, nas losas Ticketfolia dos shoppings da cidade e no site Eventim
Av. Prof. Andrade Bezerra, s/n, Olinda
Informações: 3182.8020