DJ Dolores celebra 30 anos de carreira com turnê europeia e novo disco

Músico e produtor realiza shows em Portugal, Espanha e Bélgica, onde apresenta o álbum 'Recife 19', lançado por selo inglês

DJ Dolores é sergipano, mas vive no Recife desde os 18 anos - Hannah Carvalho/Rec-Beat/Divulgação

Lá se vão três décadas desde que Helder Aragão, mais conhecido como DJ Dolores, começou a discotecar nas noites recifenses. Ao longo de todos esses anos, o músico e produtor construiu uma trajetória plural, acumulando álbuns autorais e trilhas sonoras de sucesso. Em turnê pela Europa, ele lança em terras estrangeiras o seu disco "Recife 19", ainda sem data de lançamento no Brasil.

O registro fonográfico chega ao público através do selo inglês Sterns Music, que vem trabalhando com artistas brasileiros como Luedji Luna, Emicida e Criolo. A divulgação do trabalho teve início ontem, com um show em Lisboa, Portugal. As apresentações seguem amanhã e domingo, nas cidades de Porto, em Portugal, e Barcelona, na Espanha. O encerramento será no dia 11, em Bruxelas, na Bélgica.

O artista não nega que o reconhecimento em território europeu é maior do que em seu próprio País. "Costumo lançar meus discos primeiramente no exterior, porque eu sempre tive contrato com gravadoras de fora. No Brasil, é difícil ter esse tipo de apoio. Sinto que as pessoas daqui não entendem direito o que eu faço, porque é algo muito híbrido", assume.

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DJ Dolores segue em turnê acompanhado por uma banda formada por jovens músicos da cena recifense, batizada com o mesmo nome do álbum. Participam do grupo os músicos Erica Natuza (vocal), Rogério Samico (guitarra), Lucas dos Prazeres (percussão) e Guga Fonseca (synths).

"Cada disco que eu faço tem uma banda diferente. Para 'Contraditório' (2000) montei a Orchestra Santa Massa, já em 'Aparelhagem' (2004), eu batizei a banda com o nome do CD. Às vezes, alguns membros permanecem; às vezes, mudam. A ideia é levar ao palco o que foi gravado em estúdio", explica.

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Como em outros trabalhos do produtor, "Recife 19" mistura diferentes gêneros: house, cúmbia, rock, hip hop, jazz, maracatu e frevo. As músicas tentam desvendar o Brasil contemporâneo através de um olhar nordestino. De acordo com o artista, esse foi o seu disco que demandou mais tempo para ficar pronto. "Levei quase um ano para concluir", revela. O resultado é um trabalho que ele classifica como o mais pessoal de sua história. Entre as participações, estão o rapper paulista Edgar e o cantor carioca Jards Macalé.

"A temática tem muito a ver com o que tenho vivido ultimamente e com o Recife. Há pelo menos duas músicas que falam diretamente da cidade. Um é 'Otília’s Place', que trata de um bordel no Recife Antigo, onde começou a tocar como DJ. Há outra canção muito suave sobre colonialismo, que vejo como um grande mal que afeta a nossa cultura. 'A casta' faz um contraponto entre essa enorme casta que domina o país e o lado da resistência de pensamento", detalha.