Cebolinha vira xodó do título, e ataque se divide sem Neymar

Atacante do Grêmio foi o artilheiro da Copa América com três gols e vem atraindo olhares de clubes do exterior

Atacante foi o melhor jogador da final da Copa América. - MAURO PIMENTEL / AFP

Entre os 23 jogadores convocados para a Copa América, Everton era um dos que tinham menos chances de encontrar espaço na seleção. Ele era o reserva do principal jogador do time, Neymar, mas a caminhada do Brasil rumo ao título continental teve vários capítulos improváveis até que a taça fosse erguida, neste domingo (7), no Maracanã.

Neymar, ainda na preparação, foi acusado de estupro, em um processo que misturou o noticiário esportivo com o policial. No auge do turbilhão, no primeiro amistoso preparatório para o torneio, ele sofreu uma lesão no tornozelo direito e acabou sendo cortado.

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Ninguém na seleção admite publicamente, mas a presença do craque naquele momento havia se tornado um peso. A CBF se vira obrigada a deixar um advogado de plantão com o grupo e a negociar os horários em que o jogador daria seus depoimentos nos dois casos em que é investigado -em São Paulo, pelo suposto estupro, e no Rio de Janeiro, pela possibilidade de ter cometido crime de informática ao divulgar imagens íntimas da mulher que o acusa.

Com o corte por lesão, Tite e os jogadores puderam finalmente conceder entrevistas em que o assunto era futebol. Ainda que todos tenham reiterado a falta que fazia à equipe seu maior talento, "top 3 do mundo", como costuma dizer o treinador, a ausência abriu espaço para aquele que se tornaria o xodó da torcida brasileira na Copa América.

Everton substituiu Neymar já no jogo da contusão, contra o Qatar, mas não foi bem. David Neres teve desempenho melhor no amistoso seguinte, contra Honduras, e começou a competição como titular. O atacante do Grêmio, porém, entrou bem nas duas primeiras partidas do torneio, ganhou a posição e não a perdeu mais.

Cebolinha -como é chamado pelo cabelo semelhante ao do personagem dos quadrinhos- conquistou os torcedores com seus dribles na ponta esquerda e com os gols bonitos marcados contra Bolívia e Peru. Diante dos peruanos, na vitória por 5 a 0 da primeira fase, levou ampla vantagem sobre a marcação e teve o apelido gritado no estádio de Itaquera, em São Paulo, cidade que costuma ser bastante exigente com os jogadores da seleção.

"É um momento especial da minha carreira", disse o jovem de 23 anos, tão valorizado no último mês que tornou improvável sua reapresentação ao Grêmio. "Pela ascensão, pelo destaque, é natural que você acabe atraindo a atenção dos clubes europeus, mas eu procuro ficar tranquilo em relação a isso", acrescentou o único atleta que atua no futebol local a entrar em campo pelo Brasil na Copa América.