Bolsonaro não descarta privatização da Petrobras, diz Guedes

Paulo Guedes compareceu ao encerramento do 19º seminário sobre gás natural, ocorrido no centro de convenções Sul América, no Rio de Janeiro

Paulo Guedes, ministro da Economia - José Cruz/Agência Brasil

O ministro da Economia Paulo Guedes mandou um alerta ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco, nesta quinta-feira (15), em evento no Rio de Janeiro. Em discurso, Guedes brincou e apontou que a privatização da Petrobras não está descartada pelo presidente Jair Bolsonaro.

"Vamos privatizar Correios, Eletrobras, e não duvido que vamos privatizar coisas maiores, viu, Castello?", disse Guedes, se dirigindo ao presidente da Petrobras, Roberto Castello Branco.

"As privatizações vão se acelerar", continuou o ministro. "Lá na frente, você, Castello Branco, pode fazer algo surpreendente", acrescentou o ministro, em fala novamente direcionada ao presidente da petroleira.

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Após a palestra, o ministro comentou a declaração sobre privatização da Petrobras apontando que o presidente Jair Bolsonaro está cada vez mais querendo privatizar as estatais.

"O presidente (Jair Bolsonaro) está cada vez mais ligado nessa agenda de privatizações. Dois dias atrás, fez uma brincadeira com o Salim Mattar (Secretário especial de Desestatização), na minha frente, e falou que ele estava dormindo, que tinha que vender uma por semana, perguntou o que ele estava fazendo no governo. 'Por que não fechou a Valec? E o Correios, quando vai vender? Vamos correr, vamos privatizar'", explicou Guedes.

Perguntado se então de fato a Petrobras seria privatizada, o ministro respondeu: "Eu (Guedes), durante a campanha, sempre disse que queria privatizar tudo. Minha obrigação é recompor as finanças da União. E eu estou convencido de que as empresas estatais esgotaram seu ciclo de financiamento. Elas foram perdendo a capacidade de investimento e foram ficando para trás", disse Guedes.

"No caso da Petrobras, ela quase quebrou. A Eletrobras quase quebrou. Elas foram destruídas pelos governos anteriores. A Petrobras, sua recuperação, frente aos US$ 600, 700 bilhões de exploração no pré-sal, ela não tem essa capacidade de investimento. Para crescer, nós precisamos de investimento privado muito forte, o que não é compatível com esses monopólios que o Estado tinha", acrescentou o ministro.

Porém, em seguida, ao ser questionado se privatizaria uma parte da Petrobras ou ela por completo, Paulo Guedes apontou que estava apenas especulando. "Isso por enquanto é uma brincadeira, uma especulação. Falei (para o Castello Branco) fica alerta, pois na velocidade que o presidente (Jair Bolsonaro) está indo, pela prensa que está dando no Salim, acho que já, já chega na Petrobras", explicou o ministro.

Paulo Guedes compareceu ao encerramento do 19º seminário sobre gás natural, ocorrido no centro de convenções Sul América, na Cidade Nova, Rio de Janeiro. Ele discursou por cerca de 50 minuto.

Em 24 de julho, a Petrobras arrecadou R$ 8,6 bilhões com venda de ações da BR Distribuidora. Com isso, a subsidiária de postos de combustível passou a ter mais capital privado do que estatal.

A venda foi mais um capítulo dos desinvestimentos da Petrobras. O governo Jair Bolsonaro, com Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia, vem acelerando esse processo de venda de ativos.

No começo dessa semana, Wilson Ferreira Junior, presidente da Eletrobras, confirmou que a privatização da elétrica foi acertada com o presidente Jair Bolsonaro no início de agosto. O político do PSL deu sinal positivo para que a União deixe o controle da companhia.

A expectativa é de que o processo de privatização seja realizado até fevereiro, segundo o presidente da Eletrobras. O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, fez o comunicado à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) na semana passada.

No começo de agosto, Jair Bolsonaro, em evento em São Paulo, disse que "vamos privatizar os Correios". O presidente participava de um congresso da Fenabrave (entidade que representa concessionárias de veículo). Em abril, o presidente já havia dito ter autorizado estudos para privatização da estatal.