Raul Seixas: 30 anos sem o ídolo cravado na memória do Brasil

A obra do Maluco Beleza, falecido em 21 de agosto de 1989, segue resistindo ao tempo e perpassando gerações. Nesta data, o artista será reverenciado por todo o País

Raul Seixas faleceu aos 44 anos - Divulgação

Há exatos 30 anos, mais especificamente no dia 21 de agosto de 1989, partia o "pai do rock nacional". Raul Seixas morreu aos 44 anos, vítima de uma parada cardíaca causada pelo alcoolismo e agravada pelo fato de ser diabético e não ter tomado insulina na noite anterior. Os gritos de "toca Raul!", ouvidos em festas e shows Brasil afora, são uma evidência de que o cantor e compositor baiano permanece bem vivo na memória do público. Tanto é que, em função do aniversário de morte, o artista vem recebendo diversas homenagens em formato de shows, livros, filme, musical e disco.

O cantor, compositor e produtor musical Marcos Santtana é um fã de longa data do Maluco Beleza. Nos anos 1990, chegou a manter uma banda exclusivamente dedicada ao repertório do músico, chamada Sociedade Banda Alternativa. Depois de anos trabalhando com produção musical e cantando músicas de frevo e forró, ele voltou a reverenciar a obra do roqueiro com uma série de shows tributo. A apresentação, que já passou por Caruaru e pelo Recife, chega a João Pessoa, na Paraíba, amanhã.

Apesar de buscar inspiração nos trejeitos e figurinos do homenageado, Marcos deixa claro que não é um cover. "Não tenho nada contra, mas é que nem me sinto competente para fazer esse tipo de coisa. É claro que a influência aparece naturalmente, mas como a obra de Raul Seixas sempre foi muito libertária e anarquista, não fico muito naquela cobrança de parecer com ele e cantar como ele", declara.

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Ao lado da banda, Marcos costuma ensaiar cerca de 30 canções para os shows, mas diz que público sempre faz seus pedidos. "Os fãs conhecem tudo que ele fez. Quando a gente manda a introdução de uma música, as pessoas automaticamente começam a cantar. Inclusive, há muitas crianças com os pais, porque passa de geração para geração. É muito forte esse legado que Raul deixou", diz. Mesmo preferindo o "lado b" do eterno Raulzito, o cantor não consegue deixar os hits de fora do seu repertório. "Sempre querem ouvir 'Eu nasci há 10 mil anos atrás', 'Gita', 'Ouro de tolo' e 'Maluco beleza'. São clássicos da música brasileira”, aponta.

Marcos Santtana faz tributo a Raul Seixas - Crédito: Alfeu Tavares/Folha de Pernambuco



A atemporalidade da obra de Raul é, para Marcos, uma das explicações para essa admiração ter sobrevivido ao longo dos anos. "Se você analisar uma canção domo ‘Aluga-se’, lançada em 1980, parece que ela foi escrita ontem. Tem tudo a ver com o que a gente vive no País hoje em dia. Nada mudou", comenta.

Um maluco prestigiado

O que não faltam são homenagens a Raul Seixas neste mês de agosto. Em Ceará-Mirim, município do Rio Grande do Norte, é realizado todos os anos um festival inteiramente dedicado ao roqueiro. O Maluquez Revisitada completou 30 edições no último final de semana, com shows e exposição. Recentemente, o espetáculo musical carioca "Merlin e Arthur ao som de Raul Seixas: Um sonho de liberdade" encerrou temporada em São Paulo. Com Paulinho Moska no elenco, a peça utiliza as músicas do artista baiano para ajudar a contar a história dos Cavaleiros da Távola Redonda.

Estão previstos dois livros sobre o icônico cantor: "Raul Seixas - Por trás das canções" (Editora BestSeller), de Carlos Minuano, e "Raul Seixas: Não diga que a canção está perdida" (Todavia), de Jotabê Medeiros. Já a produtora O2 Filmes prepara uma cinebiografia, ainda sem data para o início das filmagens, dirigida por Paulo Morelli. Também será lançada uma nova edição, em LP duplo, do álbum raro "Eu não sou hippie", gravação do show realizado pelo cantor na cidade mineira de Patrocínio em 1974.