Após sobrevoos, Salles diz que incêndios em Mato Grosso são criminosos

Salles participou de dois sobrevoos de vistoria às consequências dos incêndios no estado ao lado do governador Mauro Mendes (DEM)

Ministro Ricardo Salles - Tânia Rêgo/Agência Brasil

Após ter feito sobrevoos nesta quarta-feira (21) em áreas atingidas por queimadas em Mato Grosso, o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, afirmou que os incêndios foram criminosos. O ministro negou ainda que tenha havido corte no orçamento direcionado para as ações de controle de incêndios florestais.

Salles participou de dois sobrevoos de vistoria às consequências dos incêndios no estado ao lado do governador Mauro Mendes (DEM).

A comitiva visitou o eixo das cidades de Sinop e Sorriso e depois sobrevoou o entorno do parque nacional de Chapada dos Guimarães, que recentemente enfrentou um incêndio que comprometeu 13% de sua área.

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O governador e o ministro defenderam a tese de que os incêndios foram desencadeados intencionalmente. "Existem atividades criminosas que precisam ser duramente punidas. Aqui próximo da cidade [Cuiabá] muitos focos eram claramente propositais", afirmou Salles.

Para o ministro, os incêndios na Amazônia seriam decorrentes de ações criminosas somadas a questões climáticas. "É um clima que está mais seco, mais quente e com mais vento, o que ajuda na propagação do fogo", disse.

Mato Grosso lidera as queimadas na Amazônia com 13.682 focos de calor acumulados em todo o ano. O período proibitivo das queimadas no estado, de 15 de julho a 15 de setembro, pode ser prorrogado se não houver chuvas.

"As queimadas não são nada que não tenham acontecido dezenas e dezenas de vezes em vários anos que estou aqui em Mato Grosso", disse o governador.

De acordo com dados do WWF-Brasil, a área de prevenção e controle de incêndios florestais nas áreas federais prioritárias teria sofrido corte de 38% do orçamento total, o que o ministro refuta.

"Não houve corte na destinação final de recursos para o combate a incêndios. Estamos com o mesmo número de brigadistas atuando da mesma forma. Aqui em Mato Grosso estamos com quatro aeronaves de apoio que atuaram no incêndio do parque nacional de Chapada dos Guimarães", disse.

Para o governador, além de uma ação criminosa, a proximidade dos focos de incêndio com as áreas urbanas teria causado grande parte dos incêndios. "Percebemos focos de incêndio. No caminho para Chapada vemos fogo em invasões e áreas urbanas. Isso prova que é uma ação não ligada ao setor produtivo", disse. "Temos que fazer inquéritos. Os incêndios podem ter sido causados por alguém que passou na estrada e jogou uma bituca de cigarro e provocou um incêndio gigantesco. A maior parte dos incêndios aqui em Mato Grosso aconteceram próximos de rodovias", afirmou Mendes.

Segundo o ministro, ainda não há uma sinalização clara de que os contratos do Fundo Amazônia de 2019 não serão cumpridos.

O que ainda existe de recursos devem ir para o controle do desmatamento e das queimadas. "As regras do fundo estão em negociação e houve uma demanda dos estados para que os recursos sejam destinados a ações concretas de combates ao fogo", disse.

Segundo o Corpo de Bombeiros de Mato Grosso grande parte da verba para enfrentamento dos incêndios no estado vieram do Fundo Amazônia -R$ 12,5 milhões dos R$ 16,7 milhões recebidos.

Mesmo sem o fundo, o governador mato-grossense acredita que os países europeus comprometidos no enfrentamento da crise do clima devem continuar com o apoio aos estados da Amazônia na redução do desmatamento. "São compromissos de anos assumidos em muitas reuniões internacionais. Estamos dialogando diretamente para que esse auxílio perdure", disse.

Em 2019, além de recursos do próprio estado também foram utilizadas verbas do Programa REM Mato Grosso para locação de 14 veículos que dão apoio às operações –um aporte direto do governo alemão.

A secretária de Meio Ambiente de Mato Grosso não acredita que o haverá algum tipo de retaliação do governo federal aos estados que continuarem dialogando diretamente com Noruega e Alemanha. "Essa é uma conversa muito mais antiga que a atual situação do presidente Bolsonaro. Não acredito que seremos afetados", disse Mauren Lazzaretti, titular da pasta.